Numa carta aberta a Rui Rio, Pinto Luz exigiu que o novo líder do PSD ganhasse as legislativas, não viabilizasse o próximo Orçamento de Estado e não reeditasse o bloco central.
Na carta aberta escrita a Rui Rio por Miguel Pinto Luz, ex-líder da distrital de Lisboa do PSD que foi lançado por Miguel Relvas como um possível candidato à liderança do partido, o ex-presidente da distrital de Lisboa critica a postura de “messias” de Rui Rio.
Segundo o Observador, Miguel Pinto Luz, que não chegou a avançar para uma candidatura à liderança dos sociais-democratas, não terá gostado do que viu na campanha. “Sou um dos muitos cidadãos que consideraram que a campanha interna no PSD ficou muito aquém do esperado. Esperava mais. Quando se candidatou esperava mais”.
“Ao contrário do que alguns têm tentado afirmar publicamente, o mandato agora conquistado não lhe permite não vencer as próximas eleições legislativas. Pelo contrário, tem o dever de conduzir o partido à terceira vitória consecutiva nas eleições legislativas”, refere Pinto Luz, na carta a que a Lusa teve acesso, com data de sexta-feira.
No texto, Miguel Pinto Luz aponta omissões à moção que Rui Rio apresentou em Dezembro e que será votada no Congresso: “E essas omissões falam. Colocam-nos limites ao que podemos e não podemos fazer”.
Como exemplos, o ex-líder da distrital de Lisboa do PSD considera que o mandato de Rio “não lhe permite viabilizar o orçamento do próximo ano“, que vai ser aprovado em vésperas de eleições, tal como “não lhe permite estabelecer contactos ou encontros informais e discretos com a liderança do PS com o propósito de abordar a reedição do Bloco Central”, considerando que tal seria interpretado pelos militantes “como deslealdade”.
“O mandato agora conquistado também não permite que o processo de descentralização seja aproveitado para fazer uma regionalização administrativa e opaca“, defendeu.
Finalmente, Pinto Luz considera que Rio não tem igualmente mandato para “abalar os pilares da política externa portuguesa construída com o determinante contributo do PSD”.
“Bem sabemos que algumas vezes manifestou publicamente reservas à atuação de algumas instituições comunitárias. Contudo, essas mesmas manifestações pessoais não podem ser confundidas com o posicionamento estrutural do PSD em relação à Europa”, alerta, considerando que “ao zig zag do PS sobre a Europa, o PSD só pode responder com confiança e sentido de pertença” à União Europeia.
Salientando que as eleições europeias serão precisamente “o primeiro teste” do partido sob a sua liderança, Pinto Luz defendeu que “a escolha de um candidato vencedor só pode corresponder a um perfil europeísta que represente o legado de valores do PSD”.
Assim, o antigo líder da distrital de Lisboa e atual vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais desafia Rui Rio, “se tiver outra leitura” sobre estas matérias, a apresentá-la inequivocamente no Congresso.
“Independentemente de outras considerações ou juízos, a moção apresentada na campanha merece uma revisão. Exige essa revisão. Rever a moção só enriquecerá o Congresso e a própria liderança”, apela.
ZAP // Lusa