Parece o cliché de qualquer filme de ação que se preze, mas como se costuma dizer: a realidade ultrapassa sempre a ficção.
A PJ iniciou um processo de compra de um sistema que permite recolher dados e comunicações de dispositivos móveis como smartphones ou tablets à distância. Este serviço irá custar cerca de 2,95 milhões de euros, distribuídos ao longo de três anos.
Esta compra, 30% da qual será financiada pela União Europeia, procura “dotar a Polícia Judiciária dos meios técnicos adequados à promoção e reforço da prevenção e da repressão da criminalidade transnacional grave e organizada”, assim como fomentar “a cooperação, quer com os restantes Estados-membros, quer com Países Terceiros” segundo a Portaria n.º 4/2018 do Diário da República.
No mundo atual, no qual o público transporta no bolso (e maioritariamente online) essencialmente todos os registos da sua vida, o potencial desta ferramenta no que toca à invasão de segurança e privacidade digitais é obviamente vasto e potencialmente alarmante.
Exatamente por isso, foi assegurado ao Jornal de Negócios que o seu uso será feito de acordo com os procedimentos legais, ou seja, será necessária a autorização de um juiz sempre que se quiser extrair informação, e que este pedido terá de ser devidamente justificado.
Como seria de esperar, pouco ou nada se sabe sobre o funcionamento da tecnologia, mas é seguro assumir que passará pelo acesso a informação como a que já é recolhida pelas várias operadoras nacionais, algo denunciado como inconstitucional pela Associação da Defesa dos Direitos Digitais (D3).