O sismo registado hoje pelas 07:44 em Sobral de Monte Agraço, Lisboa, não provocou danos pessoais ou materiais, e foi “sentido com intensidade máxima III na escala de Mercalli modificada”, adiantou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera – IPMA.
“Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido com intensidade máxima III, na escala de Mercalli modificada, na região de Vila Franca de Xira e na cidade de Lisboa”, refere um comunicado do IPMA divulgado esta quinta-feira.
O tremor de terra, registado às 07:44, teve uma magnitude de 4.3 na escala de Richter, com epicentro a quatro quilómetros este-nordeste de Sobral de Monte Agraço, próximo de Torres Vedras, na zona Oeste do distrito de Lisboa.
A escala de Mercalli, por sua vez, tem 12 níveis, entre o impercetível e danos quase totais. O nível III corresponde a um sismo fraco. Segundo o IPMA, um abalo na escala III de Mercalli implica que seja sentido dentro de casa e que os objetos pendentes baloicem.
“A vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados. É possível estimar a duração mas não pode ser reconhecido como um sismo”, explica o IPMA. Os bombeiros voluntários de Sobral de Monte Agraço disseram à Lusa que apesar de “muito sentido”, o tremor não originou pedidos de ajuda.
“Foi um pouco assustador. Os vidros à volta tremeram todos, até achei que fossem partir”, disse Daniela Cardoso, bombeira voluntária daquela corporação, que acrescentou que o abalo foi sentido entre cinco a dez segundos.
A Lusa recebeu informação de várias pessoas que afirmam ter sentido o sismo na região de Lisboa. Também o post do IPMA no Twitter a reportar o sismo recebeu diversos comentários de pessoas da região de Lisboa a confirmar que tinham sentido o sismo.
“Tava na ronha na cama e foi o que me fez levantar 🙂 (sentido em Algés)“, diz Diogo Rodrigues. “Senti em Odivelas, durou apenas 1 segundo mas foi violento como se alguma coisa tivesse embatido na minha casa. Assustador“, comenta Notty. “A minha gata parece que o sentiu em Almada! Acordou-me completamente louca!“, conta João Tiago.
Lisboa “em cima de um barril de pólvora” sísmico
Se houver um sismo semelhante ao de 1755, um terço da cidade de Lisboa ficará completamente destruída. Quem o prevê é Mário Lopes, um especialista do Instituto Superior Técnico que critica a inércia do poder político na prevenção de sismos.
Segundo o especialista, “o problema sísmico não se resolve a nível técnico, mas político”, uma vez que “os sismos não se podem evitar“, mas as suas consequências sim.
Numa intervenção em janeiro deste ano perante os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa, Mário Lopes defende ser “fundamental que o Estado dê o exemplo, senão na cabeça do cidadão o problema não existe e ninguém faz nada” para evitar os danos provocados por um abalo.
Em Novembro de 2016, a engenheira civil Cristina Oliveira, do Instituto Politécnico de Setúbal, alertou também que um sismo semelhante ao de Amatrice, em Itália, que se verificou no Verão do ano passado, com uma magnitude de 6.2, arrasaria Lisboa.
“Portugal é um país do primeiro mundo no conhecimento, mas muitas vezes é do terceiro mundo ao nível da aplicação técnica” das medidas, aponta Mário Lopes.
“Melhoram-se as condições de habitabilidade e o aspecto dos prédios e pronto”, considera, afirmando que fica de fora o reforço do edificado e notando que “60% dos edifícios em Lisboa não foram feitos para resistir a sismos”.
“Estamos em cima de um barril de pólvora com o rastilho a arder e não sabemos quando vai rebentar”, alerta Mário Lopes, criticando o facto de muitos prédios na baixa de Lisboa terem pilares cortados no piso térreo.
No seu entender, “isto é a receita para o desastre” – haveria entre 17 e 27 mil vítimas no país, caso se repetisse o abalo de 1755, “30 a 50% dessas vítimas na cidade de Lisboa”, vaticina.
ZAP // Lusa
Caro Zap, este não foi (nem de perto, nem de longe) o sismo mais forte dos últimos 45 anos em Lisboa. Falando apenas da história recente, em 2009 houve um sismo de 6.0 na escala de Richter, e em 2005 houve um de 5.1, que apesar de terem um epicentro mais afastado, sentiram-se bastante mais do que o sismo de hoje. Obrigado.
Caro Nuno,
Obrigado nós pelo esclarecimento.
Correcção, o sismo de 5.1 foi em 2006. Cumprimentos.
Diz-se que em 2017 vai ocorrer em Portugal o maior sismo e tsunami que haverá memória? Alguém tem mais informações sobre este facto que deverá ocorrer em breve?
Caro Lucas, o conhecimento científico actual ainda não permite fazer previsões sobre e quando é que determinado sismo e/ou tsunami poderá ocorrer. Com base em sismos passados e na localização das falhas tectónicas pode-se apenas estimar probabilidades da ocorrência de sismos à escala geológica (milhares de anos). No caso de Lisboa, é muito provável que ocorra um grande sismo (devido a sismos passados e à proximidade das falhas), mas tanto pode acontecer amanhã como daqui a 5000 anos. Ou seja, o melhor é não stressar muito com isso. Cumprimentos.
Obrigado, moro na França mas tou preocupado com quem ainda vive aí.
Estes fenómenos são estudados, mas não conseguimos prever quando irão acontecer. Estabelece-se comparações, analisam-se variáveis, no sentido de se criar um padrão, que nos permita conhecer melhor estes fenómenos. Todavia, estamos longe de podermos evitar ou prevenir que os mesmos aconteçam. Neste momento o que temos são recursos que nos ajudam a detectar possíveis acontecimentos, emitindo alertas que por sua vez nos podem ajudar a minimizar as consequências dos mesmos.
No caso específico de Portugal, há muito a fazer, principalmente no que à consciencialização da gravidade de um sismo de grande magnitude pode provocar, e no que à aplicação efectiva de medidas de prevenção diz respeito.
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