Charlie Gard, o bebé britânico de 11 meses que sofria de uma doença rara, morreu nesta sexta-feira, anunciaram os seus pais. As máquinas que o mantinham vivo foram desligadas após uma longa e mediática batalha judicial.
O bebé sofria de um problema de escassez de ADN mitocondrial, uma doença rara que retira ao corpo a capacidade de dar energia aos músculos, já que afecta as células responsáveis pela produção de energia e respiração.
A poucos dias de completar um ano de vida, as máquinas que o mantinham vivo foram desligadas, após uma batalha legal de cinco meses. Os pais da criança queriam levá-la para os EUA para a submeter a um tratamento experimental, mas as autoridades britânicas não autorizaram a transferência.
Depois de o estado de saúde do bebé se ter deteriorado, os pais tentaram levá-lo para casa, para morrer junto da família. Mas, como explica o The Guardian, não conseguiram encontrar uma equipa de cuidados intensivos disponível 24 horas por dia para o manter vivo e assim, também não cumpriram este “último desejo”, nas palavras da mãe.
Charlie acabou por ser transferido para um hospício pediátrico, onde morreu nesta sexta-feira. “O nosso bonito menino partiu. Estamos tão orgulhosos de ti, Charlie”, referiu a mãe do bebé, Connie Yates, num comunicado citado pela imprensa britânica.
Até o Papa e Donald Trump intercederam por Charlie
A luta judicial começou em Abril quando o hospital Great Ormond Street, em Londres, decidiu desligar a máquina de ventilação artificial do bebé. Os pais recorreram à justiça, mas o Tribunal Superior de Londres deu razão aos médicos.
Seguiram-se vários recursos, mas os pais perderam todos os casos, com o tribunal de recurso, o Supremo britânico e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a confirmarem a decisão dos médicos.
Mas após os apelos internacionais, nomeadamente de várias organizações cristãs, do próprio Papa Francisco e do Presidente norte-americano, Donald Trump, no sentido de lutar pela vida de Charlie Gard, o hospital pediu uma nova audiência no Tribunal Superior, admitindo então a possibilidade de realizar “um tratamento experimental” nos EUA ou em Itália.
Todavia, nesta segunda-feira, os pais anunciaram a renúncia à batalha judicial, alegando que é “demasiado tarde”. “Ficou demasiado tempo à espera no hospital”, lamentou o pai, Chris Gard, à saída do tribunal, acrescentando que se o seu filho tivesse feito o tratamento experimental nos EUA “poderia sobreviver”.
A mãe sublinhou que a decisão de desligar as máquinas foi “a coisa mais difícil” que tiveram de fazer. “Os últimos onze meses foram os melhores e os piores das nossas vidas. Só queríamos dar-lhe uma oportunidade de viver”, referiu ainda Connie Yate.
Todas as esperanças se desvaneceram nesta sexta-feira, com Charlie Gard a dar o último suspiro a sete dias de completar um ano de vida.
ZAP // Lusa