O cantor britânico Sting evocou este sábado as vítimas do ataque à sala de concertos Bataclan, em Paris, com um minuto de silêncio, e sublinhou a necessidade de celebração da vida com a música, naquele “lugar histórico”.
Um ano após os atentados de 13 de novembro de 2015, a música regressou à sala de espetáculos onde 90 espetadores foram mortos por um grupo de terroristas do Estado Islâmico, com um concerto de homenagem às vítimas.
“Esta noite temos duas tarefas a conciliar: primeiro, recordar os que perderam a vida no ataque, e, depois, celebrar a vida, a música, neste lugar histórico”, disse o cantor britânico Sting, em francês, antes de fazer um minuto de silêncio.
Acompanhado por Ibrahim Maalouf, trompetista franco-libanês, o cantor interpretou a primeira parte da canção “Fragile”, seguida de “Message in a Bottle”, uma das mais conhecidas do grupo Police, banda na qual foi o principal compositor, cantor e baixista, antes de seguir carreira a solo.
Na sala com cerca de 1.500 lugares, muitos dos sobreviventes e familiares das vítimas, entidades oficiais e fãs de Sting escutaram o cantor, comovidos, alguns em lágrimas.
As receitas do concerto, com duração aproximada de uma hora, serão entregues a duas associações de vítimas, e o espetáculo foi filmado e será difundido por vários canais franceses e pela TV5 Monde para todos os continentes na segunda-feira à noite.
O antigo líder dos Police é o primeiro artista a entrar neste palco desde o ataque realizado em pleno decurso do concerto do grupo de rock norte-americano Eagles of Death Metal.
“É a primeira vez que vou a um local público desde há um ano. Nunca mais fui ao cinema ou a um concerto, recebia as compras em casa, onde fiquei o tempo todo”, confessou um dos sobreviventes.
“Esta noite retomo a minha vida como era antes“, acrescentou.
Membros dos Eagles of Death Metal proibidos de entrar
Dois membros do grupo Eagles of Death Metal não foram autorizados a entrar no concerto de Sting, devido a declarações polémicas, indicou à agência noticiosa France Presse o codiretor do espaço, Jules Frutos.
“Eles vieram e eu mandei-os embora, porque há coisas que não se perdoam“, disse Jules Frutos após o concerto, pelo facto de o cantor do grupo norte-americano, Jesse Hughes, ter avançado a hipótese de o atentado ter sido preparado do interior da sala de concertos.
O Bataclan, localizado no centro da capital francesa, foi um dos alvos dos atentados da noite de 13 de novembro do ano passado, que causaram um total de 130 mortos.
Resistência no programa
O Bataclan reabriu com uma programação que incluirá, em janeiro, um concerto da banda portuguesa Resistência.
Tim, Fernando Cunha, Miguel Ângelo, Olavo Bilac, Fernando Júdice, Pedro Jóia, Mário Delgado, Alexandre Frazão e José Salgueiro são os Resistência que vão tocar em Paris, disse à agência Lusa um dos músicos.
A banda portuguesa vai atuar no dia 29 de janeiro, no âmbito das celebrações dos 25 anos da associação de jovens lusodescendentes Cap Magellan, como disse à Lusa uma das suas dirigentes.
“Quando soubemos que a sala ia reabrir em finais de 2016, fizemos o necessário para o concerto ser no Bataclan”, disse Luciana Gouveia, delegada-geral da associação.
“Um grupo que se chama Resistência dar um concerto no Bataclan, com toda a história recente e o simbolismo da sala, pareceu-nos uma escolha natural”, explicou.
O projeto Resistência surgiu no início da década de 1990, reunindo vários músicos, provenientes de diversas bandas, com um repertório assente em novos arranjos musicais de canções existentes.
/Lusa