António Guterres bateu tudo e todos, derrotando até as pressões de Angela Merkel e as movimentações secretas da União Europeia, e vai ser o líder da ONU graças às suas qualidades pessoais que o tornam no “Ponto G das relações internacionais”, como diz um jornalista.
A eleição de António Guterres como secretário-geral da ONU, já aprovada pelo Conselho de Segurança, vai ser oficialmente concretizada na próxima quinta-feira, 13 de Outubro.
O ex-primeiro-ministro português derrotou toda a concorrência e surge como uma escolha quase óbvia, aos olhos de muitos, apesar das movimentações políticas que se fizeram nos bastidores.
A União Europeia terá dado “instruções secretas a favor de Georgieva”, avança o Expresso, referindo-se à vice-presidente da Comissão Europeia que entrou na corrida à última da hora, depois de pressões de Angela Merkel.
A chanceler alemã não sai nada bem na fotografia neste processo, não só por ter perdido a “batalha” que visava a nomeação de uma candidata mulher e da Europa de Leste, mas também porque terá “prometido neutralidade a Portugal” no processo, de acordo com o mesmo semanário.
A “facadinha nas costas” a Portugal, com as pressões exercidas para que o governo búlgaro retirasse o apoio a Irina Bolkova e apoiasse antes Kristalina Georgieva, como veio a suceder, acabou por não ter os efeitos desejados.
A Alemanha procura, desde há muito, aumentar a sua capacidade de influência no seio da ONU.
O país não está entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – China, EUA, França, Rússia e Reino Unido – e tem lutado, nos bastidores, pela ampliação deste leque.
Além destes cinco países com lugar garantido, o órgão da ONU é ainda composto por dez membros não permanentes, que são eleitos de dois em dois anos pela Assembleia Geral da organização.
Em 2004, a Alemanha estabeleceu com Brasil, Índia e Japão o chamado Grupo dos Quatro, que defende a ampliação tanto dos elementos permanentes como não permanentes.
A divisão europeia
Este processo eleitoral na ONU acaba também por evidenciar as “fractura” que existem no seio da (UE) em termos de política internacional.
É que, se por um lado Merkel e a base de liderança da UE, representada por Jean-Claude Juncker, apoiavam Georgieva, França esteve sempre do lado de Guterres.
Esta divisão europeia é bem patente nas palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslováquia, Miroslav Lajcak, e um dos candidatos à liderança da ONU.
“[Georgieva] foi apresentada em alguns locais como a candidata oficial da União Europeia. Causou alguma confusão entre alguns membros do Conselho de Segurança, mas acabou por se virar contra Georgieva”, assumiu Lajcak, citado pela Sputnik.
Certo é que a Europa de Leste é agora a única região do mundo que ainda não teve qualquer representante à frente da ONU.
“O pontapé no traseiro” de que a ONU precisa
A nomeação de Guterres está a suscitar uma grande expectativa e há a ideia de que poderá imprimir uma verdadeira “revolução” na ONU, dando à organização “o tipo de pontapé no traseiro” de que precisa, conforme defendeu o especialista Richard Gowan, do Conselho Europeu para as Relações Internacionais, citado pela BBC.
Para o jornalista Timothy Bancroft-Hinchey, editor e director da versão portuguesa do site russo Pravda.ru, é evidente que Guterres “representa tudo aquilo que a comunidade internacional precisa neste delicado momento”.
Falando de Guterres como “a pessoa do povo”, o jornalista, visto como apoiante do governo da Rússia, destaca que o ex-primeiro-ministro tem trunfos como “diálogo, debate e discussão” que o tornam no “Ponto G das relações internacionais”.
Timothy Bancroft-Hinchey elogia Guterres como um “líder atencioso e pensativo” que “sente as questões sociais” e que favorece uma “sociedade inclusiva e igualitária”, realçando também que é “um homem de princípios, de valores, de acção e de coragem” e que “se levanta contra os lobbies“.
“Não é um português suave, representa uma das nações mais antigas do mundo“, “a super potência dos 1500’s”, constata também o jornalista, vaticinando que Guterres pode, realmente, enformar a ONU no lema “nós os povos” que expressa no documento com a sua visão para a organização.
SV, ZAP
Estávamos perante mais um golpe à António Costa mas a bem da verdade e da justiça este falhou!
Merkel sem dúvida que personifica na perfeição o nazismo!