O Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que, se países como Moçambique e Angola decidirem não ratificar o Acordo Ortográfico, isso será uma oportunidade para repensar a matéria.
O chefe de Estado português assumiu esta posição em declarações à RTP África, durante a sua visita de Estado a Moçambique, revelando que, enquanto cidadão, não seguia o novo Acordo Ortográfico.
“Nós estamos à espera que Moçambique decida sim ou não ao Acordo Ortográfico. Se decidir que não, mais Angola, é uma oportunidade para repensar essa matéria”, disse.
O chefe de Estado referiu que “o Presidente da República, nos documentos oficiais, tem de seguir o Acordo Ortográfico”.
“Mas o cidadão Marcelo Rebelo de Sousa escrevia tal como escrevem os moçambicanos, que não é de acordo com o Acordo Ortográfico”, acrescentou.
O Presidente da República de Portugal iniciou na terça-feira uma visita de quatro dias a Moçambique.
O programa desta visita de Estado termina na sexta-feira e Marcelo Rebelo de Sousa viaja para Lisboa no sábado de manhã.
O Acordo Ortográfico de 1990 tem sido adoptado em ritmos diferentes nos Estados que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, estando à frente desse processo Portugal e Brasil.
O acordo já foi ratificado pelos parlamentos nacionais do Brasil, Portugal, Timor-Leste, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, num total de 215 milhões de falantes de português a usar a nova grafia.
Em Moçambique, a norma aguarda ratificação pelo parlamento e em Angola não foi regulamentado a nível governamental.
O acordo já tem o processo de adopção finalizado em Portugal, onde entrou em vigor a 13 de maio de 2015, apesar da oposição de alguns grupos da sociedade civil.
Santos Silva rejeita serenamente repensar o assunto
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou que Portugal “aguarda serenamente” a conclusão da ratificação do acordo ortográfico pelos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que ainda não o fizeram.
“Portugal aguarda serenamente a conclusão do processo de ratificação do acordo por parte dos países que o adoptaram e ainda não ratificaram”, disse hoje o chefe da diplomacia portuguesa, quando questionado sobre a possibilidade de se reabrir o debate sobre o acordo ortográfico.
Augusto Santos Silva lembrou que o acordo ortográfico “é uma convenção internacional adotapda pelos países da CPLP”, que “já foi ratificada e encontra-se em vigor em Portugal e em mais três países”.
“Como ministro dos Negócios Estrangeiros, não preciso de acrescentar mais nada nem devo”, disse apenas.
ZAP / Lusa