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Sócrates “nunca teria sido PM sem ter ganho as eleições”

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José Goulão / Flickr

José Sócrates, durante as gravações da mensagem de Natal de 2008

Numa entrevista à rádio pública, o ex-primeiro-ministro lançou críticas a António Costa, apesar de apoiar o Governo, e algumas farpas a Marcelo Rebelo de Sousa.

Na entrevista emitida esta quinta-feira pela Antena 1, José Sócrates abordou não só o Governo de esquerda, a atuação do novo primeiro-ministro e até o papel do Presidente da República.

O ex-primeiro-ministro diz ser um “apoiante deste Governo” mas revela que “nunca teria sido primeiro-ministro sem ter ganho as eleições”.

“Eu nunca teria sido primeiro-ministro sem ter ganho as eleições, mas esse é um problema meu, agora reconheço toda a legitimidade a este Governo e a António Costa“, afirmou, na entrevista conduzida por Maria Flor Pedroso.

Aliás, o socialista lembra o facto de  “este Governo ter começado como provisório” mas “que agora já não o é”.

Relativamente ao BPI, o ex-governante considera que foi um “erro político” do Governo, e até do Presidente da República, ter-se envolvido no caso, assim como a legislação feita à medida do banco.

“Foi um erro e uma precipitação, mas o Governo fez isso com boa intenção para resolver um problema”, justifica.

Outra das críticas deixadas ao próprio PS foi o silêncio e a falta de solidariedade por parte do partido durante o processo judicial em que se encontra envolvido e durante os meses na prisão.

“Ao fim de três meses, seis meses, agora ao fim de um ano, um ano e meio? Sabe, é que eu estava na prisão quando deputados do Partido Socialista e a direção fizeram uma crítica, que me pareceu muito razoável, ao Estado de Timor Leste pelo facto de haver um cidadão português preso preventivamente há seis meses sem acusação. Eu estava preso há mais de seis meses sem acusação”.

Marcelo é “um alvoroço”

Ainda na mesma entrevista, o antigo líder socialista afirma que nunca se candidataria à Presidência, até porque se considera um “homem mais virado para a ação e menos para a representação”.

Sócrates considera que há “um ganho” com Marcelo Rebelo de Sousa, uma vez que é mais simpático e espirituoso que Cavaco, mas não resiste em criticar o seu modo de atuação.

Não o posso acompanhar neste alvoroço. O alvoroço em que ele transforma a Presidência da República. Acho que o Presidente da República deve ser mais reservado e não aparecer na televisão todos os dias a comentar os mais diversos assuntos”, acusou.

Ainda no capítulo das Presidenciais deixa críticas ao PS, considerando que os socialistas entregaram “a eleição a Marcelo” e que “mesmo quando se sabe que se vai perder não se pode desistir”.

À Antena 1 falou também sobre o escândalo Panama Papers, retificando que o seu nome “não está lá” e que “quem anda aos papéis é o Ministério Público”.

Se não for deduzida acusação, o socialista reafirma que vai processar o Estado porque “não pode ser produzida prova sobre uma coisa que não aconteceu”.

A entrevista teve ainda tempo para falar da situação nos Estados Unidos e a escolha do ex-PM é clara: votaria em Bernie Sanders.

ZAP

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