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Enquanto 820 milhões passam fome, desperdício alimentar contribui para as alterações climáticas

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Mais de 820 milhões de pessoas no mundo passam fome ou insegurança alimentar, enquanto o desperdício de alimentos resulta em custos ambientais de 700 mil milhões de dólares e despesas sociais de 900 mil milhões, garante a WWF num relatório divulgado hoje.

“Reduzir o desperdício de alimentos representa uma oportunidade crucial para aliviar a pressão ambiental no nosso planeta”, defende a organização de conservação da natureza no relatório Planeta Vivo 2020.

A WWF (World Wide Fund for Nature) alerta que a perda e o desperdício de alimentos também contribuem para as alterações climáticas, com uma responsabilidade estimada em “pelo menos 6% do total de gases com efeito de estufa”, três vezes mais do que as emissões globais da aviação.

“Quase um quarto – 24% – de todas as emissões do setor alimentar vem de alimentos que são perdidos nas cadeias de abastecimento ou desperdiçados pelos consumidores”, lê-se no relatório.

De acordo com a WWF, as mudanças na utilização dos solos são atualmente o mais importante vetor na perda de biodiversidade, seguindo-se as alterações climáticas, a sobre-exploração de recursos, a poluição e as espécies invasoras, “não muito atrás”.

“Até um quinto das espécies selvagens estão em risco de extinção neste século devido apenas às alterações climáticas”, explica a organização.

A Associação Natureza Portugal (ANP) e a WWF preconizam um Novo Acordo para a Natureza e as Pessoas, destinado a proteger e restaurar a natureza até 2030, como suporte aos objetivos de Desenvolvimento Sustentável. As três metas deste novo acordo são “zero perda de habitat”, “zero extinção de espécies” e “reduzir para metade a pegada ecológica da produção e do consumo”.

Catarina Grilo, diretora de conservação da ANP/WWF, explica que “melhorámos a nossa qualidade de vida nos últimos 50 anos, mas assistimos a um crescimento das ameaças contra a natureza e consequente perda de espécies e de habitats”, disse ao Expresso.

O Relatório Planeta Vivo é divulgado de dois em dois anos. O mais recente, e agora conhecido, aponta para um aumento da perda da biodiversidade, com um declínio de 68% das populações globais de mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e peixes entre 1970 e 2016, relata o Público.

Os documentos foram apresentados numa sessão online em que participaram, entre outros, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos.

Maria do Céu Antunes, anunciou que, na próxima sexta-feira, vai ser apresentada a Agenda da Agricultura para a próxima década, lembrando que “o desafio lançado pela estratégia europeia “Do Prado ao Prato” é para já e não para daqui a 10 anos”, sublinhando que é de “evitar a perda de solo e o desperdício alimentar”, afirmando que o ministério “quer reforçar o contributo para proteger a biodiversidade”.

O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, elogiou “o trabalho válido da WWF” e, numa mensagem vídeo, confiou que “com boa governação e o apoio da sociedade é possível a recuperação da população de mamíferos marinhos”.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Um sistema onde exista uma gestão de recursos considerada sustentável – que consiga atender a estas necessidades – é contrária ao lucro que é base do sistema capitalista e das suas supostas “liberdades”. A opção é simples de entender mas difícil de implementar: Ou escolhemos um, ou escolhemos o outro mas só um é a solução.

    No meu ver, a Humanidade continua em negação. Pensando que isto pode continuar como está. Indefinidamente ou mudando aos pouquinhos, aqui e ali, seguindo conceitos como a “vontade do consumidor” ou a “oferta” em vez de “necessidades” e “sustentabilidade de sistemas e recursos”. Acho que já nem há tempo para esse paleio mas a maioria discorda e continua a creditar que faz trodo o sentido e para não se preocuparem que vai ficar tudo bem… Só quando derem cabo disto tudo é que vão querer mudar alguma coisa. Aí, já vão tarde e nem vale a pena chorar ou penitenciar.

    • Mais um idiota contra “o sistema capitalista” mas porque é que estes gajos não vão para a venezuela ou pra china ou para o raio que os parta? Gostava de os ver lá mas eles não vão não!

      • Ai Paquito, Paquito…. então ele é “contra o sistema capitalista” e tu dizes-lhe para ir para a China – o país mais capitalista do mundo??
        Tu é que estavas bem lá…

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