43% dos restaurantes pondera avançar para insolvência

Cerca de 43% das empresas de restauração e bebidas e de 17% do alojamento turístico ponderam avançar para insolvência, informa o mais recente inquérito mensal da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).

“No setor da restauração e bebidas, 43% das empresas pondera avançar para insolvência dado que a esmagadora maioria refere que não irá conseguir suportar os encargos habituais, como pessoal, rendas, energia, fornecedores e outros, a partir do mês de agosto”, lê-se no comunicado emitido pela entidade.

No inquérito mensal anterior, publicado pela AHRESP no início de julho, o número de empresas do ramo que tencionava avançar para insolvência era de 38%.

A AHRESP realçou que ainda 75% das empresas de bebidas e restauração inquiridas registaram “perdas acima dos 40%” na faturação durante o mês de julho.

Mais de 16% das empresas do ramo não pagou os salários de julho e 14% “só pagou parcialmente”, refere ainda o comunicado.

A AHRESP informou ainda que mais de 30% das empresas assumiu não “conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano” e que 16% delas já despediram trabalhadores desde o início do estado de emergência, a 17 de março.

17% do alojamento turístico pondera insolvência

No ramo do alojamento turístico, cerca de 17% das empresas inquiridas assumiram “avançar para insolvência”, caso “não consigam suportar todos os encargos”, depois de, no mês de julho, 47% dessas empresas ter apresentado taxas de ocupação até 10%.

“Durante todo o mês de julho, 27% das empresas não registou qualquer ocupação e 20% indicou uma ocupação máxima de 10%”, indica o comunicado.

No boletim mensal anterior, a percentagem de empresas que admitiu avançar para insolvência foi de 18%.

Durante o mês de agosto, 19% das empresas “não espera uma taxa de ocupação acima dos 10%” e mais de 24% perspetiva “uma ocupação entre 10% e 30%”.

A AHRESP informou também que “mais de 22% das empresas não conseguiu efetuar o pagamento dos salários em julho e 9% só o fez parcialmente”.

Cerca de 15% das empresas de alojamento turístico assumiu, no inquérito, que não vai “conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do ano”, enquanto a percentagem que “não sabe se vai conseguir manter a totalidade dos seus trabalhadores” ascende a 61%.

O inquérito mensal da AHRESP às empresas decorreu entre 31 de julho e 3 de agosto, tendo contabilizado 1377 respostas válidas.

60% a 80% dos clubes noturnos “vai desaparecer”

Em declarações ao semanário Expresso, José Gouveia, da Associação Nacional de Discotecas, afirmou que, “se persistir a ausência do apoio do Governo, até ao final do ano desaparecem 60% a 80% dos estabelecimentos de diversão noturna”.

Nas contas deste responsável, se mais nada for feito pelo Estado, sobrevivem 600 dos três mil clubes noturnos que existem atualmente no país.

Sobre a recente medida do Governo, que permite que os bares e discotecas possam funcionar como pastelarias e cafés, José Gouveia diz que é “ofensiva” para o setor e lembra que para fazer essa transformação “teria de haver algum investimento”, o que é impossível neste momento visto que “os empresários da noite estão descapitalizados, pois têm as casas fechadas desde março”.

Também contactado pelo semanário, António Fonseca, presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, conta que são vários os bares que, há algumas semanas, estão a ‘furar’ as normas impostas pela Direção-Geral da Saúde, mantendo-se abertos até depois do horário permitido por lei.

Sobre a recente solução encontrada pelo Governo, de transformar bares e discotecas em cafés e pastelarias, o responsável garante que, no Porto, não existe qualquer caso. “As discotecas estão 100% encerradas e recusam-se a abrir nestes novos moldes.”

ZAP // Lusa

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