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27 menores identificados por fogo posto nos últimos 2 anos

A Polícia Judiciária já identificou, desde 2013, 27 menores suspeitos de atearem incêndios em todo o país, segundo a notícia publicada esta quarta feira pelo jornal Público.

De acordo com os dados fornecidos pelo Gabinete Permanente de Acompanhamento e Apoio da PJ de Coimbra ao Público, os 27 suspeitos são todos menores, do sexo masculino e dizem apenas respeito à atividade da Judiciária.

Segundo o diário, em 2013 foram identificados identificados doze, em 2014 cinco e neste ano já foram dez. Estes números poderão, no entanto, ser superiores, já que a GNR e a PSP podem também identificar suspeitos.

Em causa estão menores de 16 anos, que representam 11% no total de suspeitos de fogos florestais, o que significa que não podem ser responsabilizados criminalmente.

“Os casos são comunicados ao Ministério Público para a instauração de um processo tutelar educativo em Tribunais de Família e Menores que pode acabar com o internamento dos jovens em centros educativos”.

Embora a maioria dos suspeitos identificados sejam maiores de idade, o perfil e as motivações não diferem entre adultos e menores.

“O fascínio pelo fogo é partilhado por todas as faixas etárias e as motivações são as mesmas porque há um processo contínuo na análise e os adultos já foram menores. As motivações já existiam na maior parte das vezes”, explicou ao Público Cristina Soeiro, coordenadora do Gabinete de Psicologia da Escola de Polícia Judiciária.

Segundo a psicóloga, 55% dos casos, tanto de adultos como de menores, estão relacionados com problemas de saúde mental, nomeadamente limitações cognitivas.

“Muitos fazem-no para manifestar a sua existência em contextos de isolamento social e de limitações na sua inserção social. A maioria dos casos é da autoria de uma só pessoa. Os comportamentos de grupo são a minoria e ocorrem mais vezes associados a vandalismo. Há também os que têm fascínio pelos bombeiros e também há casos de autismo”, acrescenta.

Relativamente ao modo de atuação, Cristina Soeiro diz que o método é simples.

“Costumo brincar um pouco chamando a atenção de forma simples e pedindo para que as pessoas guardem os isqueiros BIC e os fósforos”, defende a coordenadora.

Na semana passada, um rapaz de 11 anos terá ateado um fogo na localidade de Silvares, Fundão, exatamente por ter recorrido a um isqueiro.

Segundo o Público, citando a PJ, o menor “terá uma pequena deficiência cognitiva” e “terá sido movido pela curiosidade”.

Também em 2014, um dos casos mais conhecidos foi o de um rapaz com apenas 13 anos que terá ateado sete incêndios no Verão, sendo que num deles morreu um bombeiro cercado pelas chamas.

As possíveis causas que o levaram a agir desta forma são várias. Para além da revolta provocada pelo falecimento do pai, o jovem também “terá querido vingar alegadas ameaças feitas por proprietários rurais aos seus familiares”, diz o jornal.

A PJ possui uma base de dados que lhe permite traçar o perfil de que “o típico incendiário português é homem, de meia-idade, tem pouca escolaridade e problemas psiquiátricos”, afirma Rui Almeida, diretor da PJ de Coimbra.

Esta ferramenta permitiu ainda desmistificar a crença de que a maior parte dos incêndios resultam de fogo posto. “Apenas 20% o são”, acrescenta o diretor.

ZAP

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