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Marcha atrás em Lisboa. 15 freguesias continuam em estado de calamidade e vem aí restrições mais apertadas

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Rodrigo Antunes / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta segunda-feira que o Governo decidiu manter 15 freguesias da região da grande Lisboa em estado de calamidade devido à propagação da covid-19 na região. 

“Foi uma reunião de trabalho muito útil, permitiu localizar com grande rigor o núcleo do problema que se situa em 15 freguesias destes concelhos e nalgumas é possível localizar as áreas residenciais onde há uma incidência particular”, declara o primeiro-ministro em conferência de imprensa depois de uma reunião de cinco horas para avaliar a situação da pandemia em cinco concelhos da região de Lisboa.

De acordo com o semanário Expresso, Amadora e Odivelas serão duas das zonas incluídas no estado de calamidade, mas a lista final só será conhecida esta tarde.

Em causa estarão as seis freguesias da Amadora e as quatro de Odivelas, assim como mais duas em Loures (na União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação e também na União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho). As outras três ainda não são conhecidas.

“Temos de pensar se vale a pena adotar uma restrição para a freguesia, tendo em conta que se deve a um surto localizado”, disse o primeiro-ministro em declarações aos jornalistas, afastado a possibilidade de serem criadas cercas sanitárias, tal como sugeriu o presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro.

É possível “controlar os riscos” e “obter resultados, sem as limitações da cerca“.

Na mesma intervenção, António Costa anunciou medidas mais apertadas para a região de Lisboa que é, neste momento, o epicentro da doença em Portugal.

O limite de ajuntamentos volta a descer: podem estar agora reunidas dez pessoas e não vinte, como foi permitindo durante as fases de desconfinamento, e o horário de funcionamentos dos estabelecimentos comerciais voltou a ser reduzido – as lojas e cafés passam a fechar às 20 horas, escreve o jornal Público.

Só os restaurantes têm autorização para continuar a funcionar, mas apenas para vender refeições e não bebidas após este horário. “Será também proibida a venda de bebidas nas áreas de serviço e reforçada a proibição de consumo de bebidas na via pública”, disse.

António Costa disse ainda que serão colocados nas ruas mais elementos das forças de segurança, que serão destacados não só para intervenções “pedagógicas” mas também para passar multas em “caso de necessidade”.

Quanto aos centros comerciais, não foram definidas novas restrições mas o primeiro-ministro deixou claro que a fiscalização será mais apertada.

As medidas mais restritivas entram em vigor já à meia noite desta segunda-feira e aplicam-se não só as freguesias que continuarão em estado de calamidade, mas também a toda a Área Metropolitana de Lisboa, sublinha o jornal Observador.

Para controlar a expansão da pandemia nas 15 freguesias identificadas na Área Metropolitana de Lisboa, o Governo vai desenvolver um programa designado Bairros Saudáveis, que “visa desenvolver projetos comunitários de reforço da prevenção nas áreas residências que têm sido mais afetadas”.

Neste encontro, que juntou os autarcas dos municípios de Lisboa, Sintra, Amadora, Odivelas e Loures, estiveram também presentes a ministra da Saúde, Marta Temido, e o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.

ZAP //

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9 Comments

  1. Quando as pessoas não sabem cumprir acabam por ser afectados e afectar os outros. Mesmo a ter cautela estamos sujeitos a qualquer percalço, quanto mais armarem-se em chico espertos na ideia que o mal só acontece aos outros. Perde o país e perdemos todos com as aventuras de gente irresponsável que merecem ser punidos assim que sejam apanhados a infringir.

    • Acha que o melhor era vergastá-los a todos e depois empalá-los no Terreiro do Paço ou queimá-los como na Inquisição?!
      Olhe, pessoalmente até acho positivo que vão aparecendo aqui e ali alguns contaminados desde que o número não pressione os serviços de saúde, em especial, os cuidados intensivos. Penso que é positivo que possa haver alguma evolução controlada da pandemia de modo a que no posso outono / inverno alguma parte da população já tenha algum tipo de resistências.

  2. Resumindo,vamos voltar à estaca zero três meses depois,nada mau.depois digam que há países que não querem lá os Tugas.

  3. Medidas que não impedirão que mais festas e ajuntamentos ilegais venham a ter lugar. Se não compram bebidas alcoólicas nas áreas de serviço, compram-nas nos supermercados. Quanto às contraordenações, os presentes nesta reunião, distraídos, não se lembraram de que os organizadores e participantes de festas e ajuntamentos ilegais, estarão sempre protegidos pela cassette dos partidos políticos e das associações do costume que, imediatamente, acusarão as forças de segurança de brutalidade, xenofobia e racismo.
    Curiosamente, sobre a falta de condições nos transportes públicos dos concelhos onde se manterá o estado de calamidade, nos quais os utentes viajam amontoados, nem palavras nem decisões.

    • A grande maioria dos infectados da AML terão sido infectados em encontros pessoais com pessoas assintomáticas. Algo que acontece em todo o país… assim que surge alguém com alguma complicação, é fácil de encontrarem 30-40 pessoas infectadas nos contactos daquela pessoa. A região norte foi muito atingida porque é mais idosa e as complicações levaram a 75% dos testes efectuados. Lisboa e Setúbal são 2 dos 3 maiores distritos do país, com mais de um terço da população portuguesa. Estatisticamente era impossível não serem dos mais atingidos pela pandemia.
      É isso que se tem estado a notar (na área do distrito de Lisboa). Mesmo assim, Setúbal está com menos casos que muitos dos concelhos do norte do país (1325 actuais), quando tem 37 vezes mais população.

  4. A educação portuguesa tem muito de familiar (ou tinha??) e pouco de comunitário. As restrições na ação educativa praticamente desapareceram, fruto, talvez, de uma tendência da psicologia moderna que não “deixa” que atuações mais repressivas dos pais possam ser colocadas em prática, o que se reflete na lei – ou não seja a ciência a nova religião oficial do estado! Para conseguir viver em comunidade temos que aprender a viver com restrições de comportamento.

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