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14 altos dirigentes do governo catalão detidos por desvio de fundos para o referendo

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francesc_2000 / Flickr

Bandeiras espanhola e catalã no edifício da Generalitat de Catalunya

A imprensa espanhola avança que a Guardia Civil está a realizar uma inspeção em vários edifícios do Governo regional catalão, no âmbito da qual foram detidos 14 membros do governo, numa altura em que faltam 11 dias para o referendo independentista.

A Guardia Civil espanhola montou uma operação para revistar vários edifícios do Governo regional à procura de documentos relacionados com o referendo de 1 de outubro considerado ilegal por Madrid, por suspeitas de uso indevido de fundos públicos nos preparativos do referendo.

Fontes ligadas à investigação disseram à EFE que o número de detenções pode ainda vir a ascender a 17.

Fontes judiciais ligadas à investigação disseram à EFE que entre os detidos se encontram o secretário-geral da economia catalão, Josep Maria Jové Lladó, o secretário das Finanças, Josep Lluís Salvadó, Josué Sallent Rivas, responsável pelo Centro de Telecomunicações e Tecnologias de Informação (CCTI) e Xavir Puig Farré, do Gabinete dos Assuntos Sociais.

Outros detidos são Paul Furriol e Mercedes Martínez (ambos relacionados com o aluguer de um armazém onde supostamente se encontra material eleitoral), David Franco Martos (CCTI), David Palancad Serrano, do Gabinete de Assuntos Externos e Juan Manuel Gómez, do gabinete do Departamento de Economia e Finanças.

As buscas, ordenadas pelo Tribunal de Instrução nº 13 de Barcelona, realizaram-se, segundo a imprensa espanhola, citada pela TSF, nos departamentos (ministérios regionais) de Negócios Estrangeiros, Economia, Trabalho e Assuntos Sociais e na sede da vice-presidência.

As buscas já provocaram concentrações de protesto de cidadãos e de trabalhadores, em Barcelona, frente aos locais que estão a ser alvo das operações policiais, sobretudo junto aos departamentos de Economia e Trabalho.

O objetivo da Guardia Civil seria o de desativar o núcleo duro da organização do referendo à independência da Catalunha.

O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, convocou para esta quarta-feira de manhã uma reunião dos membros do governo autónomo para a preparação de uma resposta às atuações da Guardia Civil. Os movimentos independentistas suspenderam os atos políticos que estavam agendados para esta quarta-feira.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, cerca de 7,5 milhões de habitantes, um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.

Em 2014, os independentistas organizaram uma “consulta simbólica” sob a forma de referendo não vinculativo na Catalunha, em que participaram 2,3 milhões de pessoas, 80% das quais pronunciaram-se pela independência.

ZAP //

3 Comments

  1. Do meu ponto de vista, os catalães perdem mais em separar-se do que ganham. Ainda assim têm o direito a decidir. Contudo, uma decisão com o alcance dessa não pode ser tomada de ânimo leve por uma escassa maioria conjuntural, tem que corresponder a um sentimento generalizado da população. Se Espanha tivesse bom senso, em vez de pôr a Guardia Civil a prender pessoas, teria legislado no sentido de permitir às autonomias tornar-se independentes sem necessidade de aprovação por toda a Espanha, mas com necessidade de maioria qualificada de 2/3 (ou 3/4) dos habitantes dessa autonomia, de modo a assegurar que não é por uma questão conjuntural que isso aconteceria. Por outro lado, uma maioria qualificada é muito difícil de obter, e mais ainda havendo muitos não-catalães a residir na Catalunha, pelo que muito dificilmente aconteceria (a menos que uma realmente esmagadora maioria dos catalães quisesse realmente a independência, caso em que seria justo dar-lha). Ficam todos mal na fotografia.
    Concordo com o “Tudo ao molho” que isto vai acabar mal. Quando se polarizam assim as posições, normalmente ou acaba em independência, ou em guerra civil, ou em terrorismo…
    Já agora, note-se que não está em jogo apenas a independência, mas também a vontade dos catalães em viverem numa república, que isto de reis e princesas é nos contos de fadas, e eles não estão para andar a alimentar o conto.

    • Só para completar, em 2014 houve uma maioria qualificada, mas apenas estavam motivados a “votar” os que queriam a independência (como demonstração de força), pois os restantes sabiam que era “a brincar”.

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