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“Este 10 de junho é o momento para acordar”. Numa cerimónia minimalista, Marcelo alertou para os “tempos ingratos” que se avizinham

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Este ano, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas foi assinalado com um programa minimalista e simbólico no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde estiveram apenas os dois oradores e seis convidados.

Nos claustros do Mosteiros dos Jerónimos, em Lisboa, marcaram presença, além do Presidente da República, do primeiro-ministro e do presidente da Assembleia da República, o presidente das comemorações deste ano, o cardeal D. Tolentino de Mendonça, o presidente do Tribunal Constitucional, Manuel Costa Andrade, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, António Piçarra, o presidente do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, e a presidente do supremo Tribunal Administrativo, Dulce Neto.

O cardeal D. Tolentino de Mendonça, convidado por Marcelo para presidir às cerimónias este ano, abriu a cerimónia. O cardeal, que também é presidente da Comissão Organizadora do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, dedicou as suas palavras “aos portugueses que estão a fazer a sua parte, e ao fazê-lo, fazem o todo”.

Para D. Tolentino de Mendonça, o 10 de junho é para comemorar Camões, porque nos ofereceu o “mais extraordinário mapa mental do Portugal do seu tempo” e porque iniciou um inteiro povo, “nessa inultrapassável de navegação interior que é a poesia”. Isso explica, segundo o poeta madeirense, “que os Lusíadas nos leva de mar até à Índia e por terra até longe. Conduz-nos a nós próprios. “Camões desconfinou Portugal”.

“Nao há super países, como não há super-homens. Podemos amar um país como algo que, precisamente por estar colocado dentro da história está sujeito aos seus solavancos, fica exposto a todos os riscos”, continuou.

Tolentino de Mendonça disse ainda que a pandemia obriga a “refletir sobre a situação dos idosos”. “A vida é um valor sem variações. O pior que nos poderia acontecer era arrumar a sociedade por faixas etárias”, afirmou.

“Jovens adultos com menos de 35 anos são uma das gerações mais vulneráveis. Jovens adultos com uma alta qualificação escolar remetidos para empregos precários, impedidos de seguir o sonho de construir família e ter filhos”, disse ainda.

O cardeal terminou o discurso com um aviso: “Precisamos de construir uma ecologia do mundo. Precisamos de ser cuidadores sensatos, nos tratados internacionais e nas expressões do nosso quotidiano”.

“Portugal é uma viagem que fazemos juntos há quase nove séculos“, rematou.

“Este 10 de junho é o momento exato para acordar”

O Chefe de Estado começou o seu discurso a dizer que ““devíamos estar no Funchal”. A pandemia alterou os planos de comemorar o 10 de junho entre a Madeira e a África do Sul.

Para Marcelo, estes são “tempos ingratos e decisivos” que nos interpela para “o que está a mudar”.

O Presidente questionou se “percebemos mesmo o que se passou e passa ou se preferimos voltar ao passado no que ele já não serve e é insuficiente? Ou achamos que tudo foi um equívoco, excesso, exagero político e mediático?”.

José Sena Goulão / Lusa

Depois, Marcelo mencionou os números de mortos, infetados, desempregados, empresas em crise devido à pandemia de covid-19. “Todas as vidas contas, todas as vidas importam”, avisou Marcelo.

“Percebemos mesmo que termos chegado onde chegado foi porque o povo português soube gerir a contenção e está a saber convertê-la em reabertura? Os portugueses uniram-se no essencial”, disse.

“Percebemos mesmo aquilo que falhou?”, continuou a questionar. “Temos nos meses próximos uma oportunidade única para mudar o que temos de mudar”.

“Portugal não pode fingir que não existiu ou não existe pandemia, como não pode fingir que não existe crise financeira”. “Este 10 de junho de 2020 é o momento para acordarmos todos para essa realidade”, insistiu.

Marcelo anunciou que vai condecorar os profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que trataram o primeiro doente. Além disso, o Presidente falou de uma “cerimónia ecuménica” para homenagear mortos nesta pandemia.

“Há cem anos desperdiçámos uma oportunidade única para fazer uma democracia moderna, justa e inclusiva. Desperdiçámos a lição da pneumónia. 100 anos depois, não cometeremos o mesmo erro”.

Rio destaca “espírito empreendedor brutal”

O presidente do PSD destacou esta quarta-feira o “espírito empreendedor brutal” dos portugueses da diáspora, que devem merecer uma homenagem particular no Dia de Camões porque ajudam muito a afirmar a imagem de Portugal no mundo.

Numa mensagem de vídeo divulgada nas contas do PSD nas redes sociais, a propósito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Rui Rio deixou uma mensagem especial para os 2,5 milhões de portugueses que vivem fora do território nacional e para os cinco milhões de lusodescendentes.

10 de Junho: Rui Rio presta homenagem a “todos os portugueses”

10 de junho:Rui Rio elogia “a coragem, o espírito empreendedor, a força” de todos aqueles que partiram em busca de melhores condições de vida.

Publicado por Partido Social Democrata em Quarta-feira, 10 de junho de 2020

“No dia de hoje, devemos homenagear os portugueses todos, mas devemos acima de tudo homenagear a língua portuguesa e a diáspora portuguesa, ou seja, todos os portugueses que, não estando em território nacional, estão, naturalmente, a divulgar Portugal, a ajudar Portugal e a afirmar cada vez mais Portugal no mundo”, assinalou.

O líder social-democrata sublinhou o “espírito empreendedor brutal” dos portugueses não residentes, considerando que “é preciso ter coragem e força para sair da sua terra e lutar por uma vida melhor lá fora”.

E é isso que acontece com estas “pessoas com características muito próprias”, das que “mais ajudam a divulgar Portugal e a caracterizar Portugal no mundo”.

Para o presidente do PSD, é “muito importante” que a divulgação da cultura e da língua portuguesa possa ser feita através desta diáspora portuguesa no mundo. Rio destacou, por outro lado, que a língua portuguesa é “um ativo brutal” do país, a mais falada no hemisfério Sul e uma das mais faladas no mundo, usada por quase 300 milhões de pessoas.

“Nós temos de estar sempre com a preocupação de promover a língua portuguesa”, defendeu, considerando que isso deve ser feito nas escolas também com recurso aos portugueses espalhados pelo mundo, sejam portugueses ou lusodescendentes.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Ouvir D. Tolentino primeiro e ouvir Marcelo depois mostra-nos as razões porque com políticos assim Portugal nunca sairá dos arredores do precipício

  2. O sr. Presidente devia ter estado acordado desde o inicio do mandato e não ter estado à espera deste 10 de Junho para o fazer!

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