Da esquerda à direita evangélica com polémicas de nudez pelo meio. Para onde vai Joana Amaral Dias?

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Mário Cruz / Lusa

A psicóloga e comentadora Joana Amaral Dias.

Joana Amaral Dias apresentou, nesta quinta-feira, a sua candidatura às eleições europeias como cabeça-de-lista pelo ADN. É uma escolha surpreendente no currículo da psicóloga que se diz “activista política” e que já esteve ligada ao Bloco de Esquerda.

Na apresentação da candidatura do Alternativa Democrática Nacional (ADN) às eleições europeias, a cabeça de lista do partido, Joana Amaral Dias, assume como objectivo conseguir pelo menos um mandato no Parlamento Europeu.

A “activista política”, como se define, já foi a votos por vários partidos, da esfera da esquerda à direita.

Entrou para a política como deputada do Bloco de Esquerda (BE) entre 2002 e 2005, mas acabou por se desfiliar do partido em 2014. Pelo meio, foi mandatária da candidatura do socialista Mário Soares às eleições presidenciais de 2006.

Depois de sair do Bloco, chegou a discursar numa convenção do PS.

Em 2020, foi um dos rostos do Mais e, em 2015, foi cabeça de lista da coligação Agir (Partido Trabalhista Português e Movimento Alternativa Socialista) nas eleições legislativas.

Dois anos depois, em 2017, candidatou-se pelo Nós Cidadãos nas eleições autárquicas para a Câmara de Lisboa. Nessa altura, deu que falar por ter proposto a criação de lugares só para mulheres nos transportes públicos. “Não queremos ser apalpadas”, argumentou.

Agora, é candidata do ADN, partido liderado por Bruno Fialho que tem uma forte ligação à Igreja Evangélica. De resto, nas últimas legislativas, apresentou três cabeças de lista associados a igrejas evangélicas.

Durante a campanha, o ADN recebeu o apoio público do porta-voz de Jair Bolsonaro, Marco Feliciano.

Joana Amaral Dias ainda “piscou” o olho ao Partido dos Reformados

Antes de se ter associado ao ADN, Joana Amaral Dias terá efectuado movimentações para ser candidata às europeias pelo Partido Unido dos Reformados e Pensionistas (PURP) que, entretanto, mudou de nome para (A)TUA.

Esta alegação é feita pelo fundador do PURP, Fernando Loureiro, que acusa a psicóloga e também comentadora de televisão de “traição”, em declarações ao Notícias ao Minuto.

“Indignado” e a dizer-se vítima de um “complô”, Fernando Loureiro alega que o PURP se transformou, assumindo a designação (A)TUA, com “a promessa” de que Joana Amaral Dias seria sua candidata nas eleições europeias.

Fernando Loureiro demitiu-se da Comissão Política do partido no seguimento desta mudança. “Dei-lhes um partido de bandeja porque a Joana Amaral Dias queria concorrer às Europeias“, atira no Notícias ao Minuto.

O ex-dirigente do PURP refere que foi contactado por pessoas “em nome de Joana Amaral Dias” com a garantia de que a ex-deputada do BE ia ajudar a “engrandecer o PURP” e com a promessa de “dinheiro” e “pessoas qualificadas”.

“A senhora – a senhora e os seus comparsas – fez com que o partido acabasse”, acusa, notando que “só queria concorrer às eleições Europeias”. “Era um grande fã dela e traiu-me”, lamenta ainda.

ADN é o partido que mais se adequa aos seus ideais

Na apresentação da candidatura do ADN às eleições europeias, Joana Amaral Dias garante que o ADN é o partido que mais se adequa aos ideais que defende.

Joana Amaral Dias admite que não concorda com o ADN em todas as matérias. Já disse, por exemplo, que é contra o serviço militar obrigatório, ao contrário do ADN.

Também é favorável à legalização do aborto e o ADN propôs o fim das interrupções voluntária de gravidez pagas no Serviço Nacional de Saúde.

No vídeo de apresentação da sua candidatura pelo ADN às eleições europeias, Joana Amaral Dias aponta o dedo ao Chega, sem se referir ao nome do partido, falando dos que “se divertem com palhaçadas no Parlamento” e criticando os que “dizem que não querem tachos, mas acabam a chorar por lugares no Governo“.

A candidata do ADN promete ser “a voz” dos “portugueses que estão a ficar para trás”, dos portadores de deficiência, dos filhos e dos avós, e “daqueles que não conseguem comprar comida”.

Eu não me calo, eu não me vendo por um cargo, não tenho medo do poder instalado”, sublinha ainda.

Nas últimas legislativas, o ADN multiplicou por dez o seu resultado de 2022, conseguindo mais de 100 mil votos nas eleições legislativas de 10 de Março passado. Isso garantiu ao partido uma subvenção partidária de cerca de 340 mil euros.

Houve eleitores que revelaram ter confundido os símbolos do ADN e da AD (Aliança Democrática) que ganhou as eleições. Mas Joana Amaral Dias acredita que “aqui não há enganos, nem votos enganados”.

“Os votos no ADN não foram nenhum acaso, pertencem a cada vez mais portugueses que percebem que foram defraudados, abandonados pela democracia“, defende.

Muitas polémicas (com nudez pelo meio)

A polémica é uma palavra que muito se tem associado a Joana Amaral Dias desde que se tornou uma figura pública.

Em 2022, durante a pandemia de covid-19, filmou-se a desrespeitar as regras de combate à covid-19 num restaurante depois de ter feito várias intervenções, nos comentários televisivos e nas redes sociais, contra as medidas tomadas para defender a saúde pública.

O líder do ADN também é um negacionista da covid-19.

Antes disso, o nome de Joana Amaral Dias andou nas bocas do país por ter posado nua, em plena campanha para as eleições legislativas de 2015, quando era candidata pelo Agir,.

Nessa altura, estava grávida e surgiu nua na capa da revista Vidas do Correio da Manhã com a seguinte inscrição na barriga: “É menina! Oxalá seja mulher com liberdade”.

“Para defender a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) as mulheres podem mostrar o peito, as barrigas, usar o corpo como instrumento político. Mas para defender a gravidez não podem? Isso não posso aceitar”, sublinhou na altura, em resposta às críticas.

Problemas com bikinis e conflitos familiares

Joana Amaral Dias também foi alvo de críticas – e de elogios – pela partilha de várias fotografias onde aparece sensual em bikinis bastante cavados.

“Abunda por aí malta que não se impressiona de ver Marcelo em tronco nu ou Costa em calções à beira mar, mas acha chocante, em pleno seculo XXI, ver uma mulher de fato de banho”, atirava em 2020 em resposta às críticas, realçando em particular aqueles que falavam do facto de se verem as “costuras das cesarianas” e até “os furos da laparoscopia” que fez devido a uma gravidez ectópica.

A nível familiar, a activista política acusou a madrasta de ter intoxicado o pai, o psiquiatra Carlos Amaral Dias, já falecido. O processo chegou a tribunal, mas Joana Amaral Dias perdeu.

Recentemente, e enquanto psicóloga, criticou a lei contra as chamadas terapias de conversão de homossexuais, bissexuais e transgénero. “Não cabe ao Estado interferir” na relação entre pacientes e terapeutas, afirmou.

E também deu muito que falar por ter dito que “um homem ganhou o concurso Miss Portugal” após a competição ter sigo ganha, pela primeira vez, por uma mulher transgénero. “Um homem disfarçado de mulher, ou mascarado, ou operado”, “nunca, mas nunca, será uma mulher”, sublinhou, merecendo a crítica de várias figuras públicas.

Susana Valente, ZAP // Lusa

5 Comments

  1. O ZAP parece estar mal informado. O partido ADN não é a favor do serviço militar obrigatório, a proposta do ADN é “serviço militar OU, em alternativa, serviço cívico obrigatório”. E em nenhum momento defendeu o fim do direito ao aborto, apenas o fim do seu pagamento pelo SNS quando é feito a pedido, fora dos casos referidos pela Lei.

  2. Esta senhora sofre de grave desequilíbrio de personalidade.
    É altamente, prepotente, sobranceira e, contudo, muito insegura. Sente alto défice de realização e afirmação pessoal.
    Não para enquanto não encontrar um grupo que a entronize e venere.

  3. É completamente desmiolada esta mulher.
    Qualquer partido lhe serve desde que lhe possa proporcionar alguma visibilidade e protagonismo!
    A verdade é que lá vai arranjando alguém que a ature.
    Haja paciência .

  4. Eu acrescento a Senhora Joana Amaral Dias quer quem lhe pague ! Pois o rendimento das consultas de foro mental não é suficiente. Que credibilidade tem esta mulher quando diz que a suas ideias se identificam com o partido ADN se este pertence à ala Direita e ela é de esquerda ? Pelo amor da Santa deixem de lhe dar palco !

  5. “Agora, é candidata do ADN, partido liderado por Bruno Fialho que tem uma forte ligação à Igreja Evangélica. De resto, nas últimas legislativas, apresentou três cabeças de lista associados a igrejas evangélicas”!
    Por curiosidade arrisco e vou pedir encarecidamente, um nome de só uma Igreja evangélica, que apoia esta senhora. Eu não acredito no que está escrito na notícia a esse respeito! Igreja Evangélica jamais se prende com polítiquices desta envergadura! Tem um outro fim mais digno!

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