Negacionismo foi rei no debate dos “pequenos” e falou-se sobre o elefante (de peluche) na sala

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RTP

Debate entre os candadatos dos partidos sem assento parlamentar às eleições.

Debate entre os candadatos dos partidos sem assento parlamentar às eleições.

Os representantes dos onze partidos sem assento parlamentar protagonizaram um debate peculiar esta terça-feira, marcado por negacionismo e um corte de energia.

Um problema com a energia interrompeu durante minutos o debate, quando cerca de metade dos participantes tinha apresentado os seus argumentos para chegarem à Assembleia da República. “Querem-nos calar!”, ouviu-se no estúdio antes do moderador anunciar o intervalo.

Élvio Sousa, do Juntos Pelo Povo (JPP), falava do quanto é fundamental estar presente na Assembleia da República, alegando que “os preços estão naturalmente a subir, não só a inflação, mas do também imposto sombra que caiu sobre os portugueses, e sobre as famílias, e sobretudo sobre os que menos ganham”, quando a quebra de energia interrompeu o debate, entretanto retomado.

“As empresas deparam-se com os preços da energia, mas estamos em janeiro e tivemos os preços acrescidos, não só da energia, mas dos combustíveis, na alimentação e no acesso à saúde”, disse.

Antes do “corte”, neste que é o último debate televisivo que opõe os candidatos às eleições legislativas de 30 de janeiro, desta vez com os 11 partidos sem assento parlamentar, Jorge Nuno Sá (Aliança, ex-PSD e antigo líder da JSD), assumiu-se como o “coração da direita” e garantiu que o seu partido “veio para ficar”.

Para Maria Cidália Guerreiro, do PCTP/MRPP, que obteve 35 mil votos nas legislativas de 2019, o Parlamento “eclodiu-se” e “precisa de se reconfigurar”.

Sobre novas alianças, lembrou os partidos que “criaram a ilusão de que podiam resolver o problema”, numa referência ao PCP e ao BE, que “apoiaram o Governo, votaram os orçamentos e, ao fim de seis anos, perceberam que a geringonça se desfez”.

Vitorino Silva (Reagir Incluir Reciclar – RIR), que obteve 35 mil votos em 2019, começou por afirmar que, em Portugal, “não há partidos grandes”, pois caso contrário não existiria uma abstenção de 50%.

E sobre as sondagens menos simpáticas para o RIR, afirmou que no dia 30, dia das eleições, estas “vão ter de pedir desculpas”.

José Pinto Coelho, do partido Ergue-te, que em 2019 obteve 17.000 votos, referiu que o seu é “o único partido contra a fraude do sistema”.

Por seu lado, Pedro Soares Pimenta (Partido da Terra – MPT), assumiu-se como o único com uma “agenda política verdadeiramente ecologista para Portugal”.

“Não somos apêndices de ninguém. Não somos radicalistas”, disse, alegando que “a ecologia não pode ser de modas”.

Da parte do Nós, Cidadãos!, Joaquim Rocha Afonso afirmou que “há quatro blocos à volta dos quais giram os 18,2 mil milhões que fogem por ano — cerca de sete vezes mais que o orçamento da saúde”.

“Temos o governo, os chefes das empresas oligárquicas que mandam no nosso país, as grandes sociedades de advogados e os senhores deputados”, disse.

“Se nós conseguirmos eleger deputados que sejam independentes, que não estejam com qualquer ligação partidária, vamos conseguir quebrar este elo”, defendeu.

Bruno Fialho, da Alternativa Democrática Nacional (ADN), apresentou-se no debate por via online, por se ter recusado a fazer o teste à covid-19.

“Não preciso de fazer testes para entrar nos transportes públicos, mas para ir ao estúdio da RTP”, disse.

“Há um elefante na sala”, disse Bruno Fialho, acusando os maiores partidos políticos de não falarem da pandemia no debate eleitoral. O presidente do ADN até pôs um elefante de peluche em cima da mesa e disse que ia continuar lá até ao final do debate, para garantir que o tema seria abordado.

E assim foi. Fialho chegou mesmo a alegar que a pandemia só causou a morte a 152 pessoas em Portugal. Um pensamento na mesma linha de Maria Cidália Guerreiro, do MRPP, que pôs em causa os 19 mil óbitos. “Não sei se esse número tem rigor”, atirou.

Segundo José Pinto Coelho, a pandemia não passa de uma “fraude”. “Estamos a viver num manicómio a céu aberto”, os especialistas só nos “atiram areia para os olhos”, acrescentou.

O representante do ex-PNR diz que não podemos perder as nossas liberdades por causa da pandemia e que esta não passa de uma “encenação para subjugar as populações”. 

Pinto Coelho voltou-se ainda contra o principal partido de extrema-direita em Portugal, o Chega, dizendo que este “faz parte do sistema” e tem “colo mediático”.

ZAP // Lusa

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