“AD e ADN; PS e PSD; CDU e CDS”: Bruno Fialho rejeita engano dos eleitores

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Carlos M. Almeira / Lusa

Bruno Fialho, líder do ADN (Alternativa Democrática Nacional)

O Chega não foi o partido que mais cresceu (em número de votos) nas eleições legislativas. Apesar de ter terminado a noite com zero mandatos, o Alternativa Democrática Nacional (ADN) fez história e ultrapassou os 100.000 votos.

A confusão entre o ADN e a AD – que terá influenciado os resultados das eleições legislativas antecipadas de 10 de março – foi nomeada pela redação do ZAP como a “bronca eleitoral”.

Acredita-se que muitos portugueses que tinham a intenção de votar na vitoriosa Aliança Democrática (AD) se tenham confundido no ato eleitoral e, vendo a sigla ADN (a única sigla onde aparecia “AD”), tenham votado, por engano, no partido liderado por Bruno Fialho.

Por engano ou convicção, o ADN acabou mesmo por um resultado histórico – 100.044 votos (1,63%) – mais do que alguma vez tinha alcançado.

Ainda assim, este resultado foi insuficiente para eleger deputados, uma vez que muitos dos votos foram em círculos eleitorais com menor expressão, como em Bragança, Vila Real e Viseu, onde o partido ficou em quarto lugar.

Mas se, por um lado, o ADN viu milhares de votos a ir para o “lixo”; por outro, pode ter tirado milhares de votos “sem querer” à AD.

Pensa-se que resultado “anormal” – mas não inesperado – da eleição deste domingo tenha levado muitos portugueses a votar no “partido errado” e a “roubar” lugares no Parlamento à AD.

Em Lisboa, por exemplo, o ADN alcançou 19.067 votos, quando, em 2022, se ficou pelos 3.249. Se atribuíssemos ao partido 9.000 votos e deslocássemos 10.000 para a AD – admitindo o crescimento do partido e, ao mesmo tempo, o engano de alguns eleitores – a coligação liderada por Luís Montenegro teria elegido mais um deputado na capital. Algo idêntico terá acontecido também em Viseu.

Bruno Fialho nega engano

No final da noite, o líder do ADN recusou qualquer engano por parte do “seu” eleitorado, argumentando que, nessa lógica, outro partidos também teriam sido confundidos, durante 50 anos de democracia.

“Utilizar a confusão de qualquer sigla é desconsiderar os eleitores. Sendo assim, durante 50 anos, os eleitores também se teriam confundido entre PS e PSD ou entre CDU e CDS“, considerou Bruno Fialho.

“Não aceitamos ser utilizados para eventuais justificações de resultados de outro partido que não conseguiu atingir os seus objetivos”, acrescentou Fialho, depois de, durante o dia, ter acusado Luís Montenegro de que isto foi uma estratégia para tentar cativar eleitores a irem votar na AD e denegrir o ADN.

O ADN apresentou queixa à Comissão Nacional de Eleições (CNE) contra a AD, pela “publicidade” que foi feita ao voto à AD, através dos meios de comunicação “com a desculpa” de enganos entre ADN e AD.

A campanha eleitoral serviu para clarificar essas situações, pelo que, usar este subterfúgio ridículo apenas para tentar cativar eleitores a irem votar na AD e denegrir o ADN é inaceitável”, afirmou Bruno Fialho, acusando a AD de interferência eleitoral.

O ADN — anteriormente conhecido por Partido Democrático Republicano (PDR), que foi fundado em 2014 pelo antigo bastonário dos Advogados, António Marinho e Pinto.

O melhor resultado do partido, em legislativas, foi precisamente na primeira eleição em que participou, em 2015, quando conseguiu uma percentagem de 1,14%, correspondente a 61.632 votos – o que levou o partido a ser a sétima força política portuguesa.

Nas legislativas seguintes, em 2019, o PDR desceu para a 16.ª força política, tendo obtido 11.761 votos (0,22%). Em 2022, já com Bruno Fialho na liderança e com nome renovado, o ADN desceu ainda mais e não foi além dos 10.911 votos (0,20%).

Miguel Esteves, ZAP //

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