Ucrânia voltou a pedir ajuda para travar “genocídio russo do povo ucraniano” no dia do maior ataque aéreo desde o início da invasão russa. Zelenskyy esteve em Avdiivka, cercada por russos, e Biden fez novo pedido ao Congresso.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, informou esta sexta-feira ter visitado Avdiivka, uma cidade na frente oriental que há meses sofre repetidos ataques das forças russas que tentam cercá-la.
“Avdiivka. Visitei as posições da 110ª brigada mecanizada”, escreveu Zelensky na rede social Telegram, acompanhando a mensagem com um vídeo que o mostrava em frente a uma placa com o nome da cidade, onde foi entregar condecorações a soldados.
Salientando que esta é “uma das áreas mais difíceis da linha da frente”, Zelensky disse que “agradeceu pessoalmente aos soldados” e “discutiu com o comandante a situação de defesa e as necessidades essenciais” da unidade. “Agradeço a todos os que estão na linha da frente pelo seu serviço, por este ano em que todo o país sobreviveu graças a estes soldados”, acrescentou o líder ucraniano.
Zelensky fez várias viagens à linha da frente desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, incluindo a Bakhmut – cenário da batalha mais longa e mortal da guerra — ainda antes da sua captura por Moscovo, em maio.
As tropas russas tentam há meses cercar Avdiivka, uma cidade industrial no Donbass que foi transformada em reduto do exército ucraniano a partir de 2014.
Kiev pede ajuda para travar “genocídio russo”
A Ucrânia apelou à comunidade internacional para que una todos os esforços para pôr termo ao “genocídio russo do povo ucraniano”, na sequência de um ataque intenso que matou pelo menos 18 pessoas esta madrugada.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano disse em comunicado que “nenhuma conversa” sobre tréguas, cedência temporária de territórios, cansaço, negociações e outras concessões “irá parar a agressão russa, mas apenas aumentar a sua escala”.
“A Rússia não está a considerar nenhum outro cenário que não seja a destruição total da Ucrânia”, afirmou o departamento liderado por Dmytro Kuleba no comunicado divulgado no ‘site’ do ministério.
A diplomacia ucraniana agradeceu aos aliados ocidentais da Ucrânia o fornecimento de equipamento de defesa aérea e antimíssil. “Hoje, a vossa ajuda salvou muitas vidas”, afirmou o ministério.
O ministério insistiu que a única forma de proteger os ucranianos “é dotar a Ucrânia de todos os meios militares e financeiros” necessários para se defender. “O terror russo tem de perder e a Ucrânia tem de ganhar”, acrescentou.
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armamento às forças ucranianas para combater as tropas russas, que invadiram o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022.
Depois de receber novas armas, a Ucrânia lançou uma contraofensiva em junho, mas já reconheceu que os resultados foram modestos para as expectativas que tinham sido criadas. Kiev tem-se queixado da demora das decisões sobre envio de armamento, incluindo de meios aéreos, e tem investido na indústria de defesa nacional para suprir necessidades e prevenir eventuais recuos no fornecimento de ajuda.
Biden aperta o cerco ao Congresso
O Presidente dos EUA, Joe Biden, pediu esta sexta-feira ao Congresso para “agir sem mais demoras” nas negociações em curso sobre um dispendioso pacote de ajuda militar à Ucrânia, após os “bombardeamentos maciços” russos em território ucraniano.
“A menos que o Congresso tome medidas urgentes no novo ano, não seremos capazes de continuar a enviar para a Ucrânia as tão necessárias armas e sistemas de defesa aérea para proteger o seu povo”, avisou o líder norte-americano, em comunicado.
“Perante este ataque brutal [desta madrugada], a Ucrânia utilizou sistemas de defesa aérea entregues pelos Estados Unidos e pelos seus aliados”, recordou Joe Biden, acrescentando que os EUA não devem “deixar mal a Ucrânia”, pelo que pede ao Congresso para “agir sem mais demoras”.
Os congressistas republicanos e democratas ainda estão a negociar a validação do pacote de ajuda no valor de 61 mil milhões de dólares (cerca de 55 mil milhões de euros) que foi solicitado pelo Presidente Biden e pelo seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Mas quase dois anos depois do início de uma guerra estagnada, os republicanos começaram a considerar demasiado elevada a despesa com a ajuda financeira e militar à Ucrânia.
Em véspera de ano eleitoral, os republicanos condicionam o seu apoio a este novo envelope a um endurecimento drástico da política de migração, uma questão sobre a qual as negociações também decorrem.
Entretanto, na quarta-feira, os Estados Unidos libertaram a sua última parcela de ajuda militar disponível para a Ucrânia.
ZAP // Lusa
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