Zelenskyy diz que Ucrânia não se vai juntar à NATO. “Negociações estão mais realistas”

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Sergey Dolzhenko / EPA

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky

Após a visita de primeiros-ministros europeus, Zelenskyy convidou os amigos da Ucrânia a visitar Kiev. Presidente ucraniano disse que ofensiva não teve sucesso e avançou com morte de general russo.

Volodymyr Zelenskyy agradeceu aos primeiros-ministros da Eslovénia, Polónia e República Checa, considerados “países parceiros e amigos da Ucrânia” que visitaram a capital ucraniana esta terça-feira.

O Presidente do país confessou ter-se sentido “feliz em conversar diretamente” com os três líderes. “É um apoio importante. Quando Kiev é um alvo para os ocupantes, é especialmente importante e corajoso e estar aqui”.

O chefe de Estado deixou, por isso, um convite a todos os líderes mundiais: “Convido todos os amigos da Ucrânia a visitarem Kiev. Pode ser perigoso. Mas é assim”, aproveitando depois para mandar uma farpa sobre a decisão de a NATO de não levar a cabo a zona de exclusão aérea: “É assim porque os nossos céus ainda não estão fechados para mísseis e aviões russos”.

Sobre as negociações, Volodymyr Zelenskyy reforçou que é “preciso paciência”. “São difíceis, mas importantes, porque qualquer guerra termina com um acordo”, afirmou, garantindo, no entanto, que as “posições nas negociações estão mais realistas”. 

Num discurso ao país, partilhado esta terça-feira à noite nas redes sociais, o Presidente ucraniano destacou também que a ofensiva russa não teve sucesso nas últimas 24 horas, segundo o Observador.

Muitos recrutas morreram“, apontou, avançando também com a morte de um general da Rússia.

Volodymyr Zelenskyy salientou também que as forças russas “cometeram novos crimes de guerra”. “Dispararam contra cidades pacíficas e infraestrutura civil. O número de mísseis que a Rússia disparou contra a Ucrânia já ultrapassou os 900″.

À semelhança do que tinha dito em outros discursos, o chefe de Estado voltou a apelar aos soldados russos para se renderem.

Mas não só os soldados: também os membros do Kremlin, principalmente os membros do “sistema de propaganda”. “Se permanecerem no cargo e não se opuserem à guerra, a comunidade internacional privar-vos-á de tudo”.

Abordando o discurso no parlamento canadiano, Volodymyr Zelenskyy indicou que o Canadá foi um dos primeiros países a ajudar a Ucrânia.

Numa mensagem para todo o Ocidente, o Presidente voltou a pedir ajuda “não em palavras”, mas “em atos”, que se materializam em “novas sanções contra a Rússia” e em mais armas.

Ucrânia não se vai juntar à NATO

Depois de Presidente ucraniano ter admitido que a Ucrânia não pode aderir à NATO, o primeiro-ministro britânico veio esta quarta-feira rejeitar também essa possibilidade num futuro próximo.

Numa altura em que se mostra mais otimista face às negociações com as forças russas, afirmando mesmo que são agora “mais realistas”, o Presidente ucraniano admitiu que a Ucrânia não se poderá juntar à NATO, uma concessão que parece abrir caminho para um possível acordo de paz com a Rússia.

Esta quarta-feira de manhã, o primeiro-ministro britânico também rejeitou a possibilidade de a Ucrânia aderir à NATO num futuro próximo.

Instado a comentar as  declarações do Presidente ucraniano, Boris Johnson disse que “de forma alguma” irá a Ucrânia aderir à NATO em breve.

“Falei com Volodymyr novamente ontem e, claro, compreendo o que ele diz sobre a NATO (…). E todos sempre disseram, e nós deixámos claro a Putin, que de forma alguma vai a Ucrânia aderir à NATO em breve”, defendeu, citado pela Sky News.

Ainda assim, remeteu uma decisão para o Presidente da Ucrânia, que reconhece dificuldades nessa adesão.

Na terça-feira, Volodymyr Zelenskyy reconheceu que o seu país não poderá integrar a NATO, uma das exigências russas para o fim da guerra.

“Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer”, disse-o a Boris Johnson e a ouros líderes europeus, numa reunião da Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido.

Oleksiy Arestovich, conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, considerou que até “ao início de maio” seria possível um acordo de paz — “Talvez muito antes”, disse.

Já Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que é muito cedo para fazer previsões, mas que as discussões continuam.

“O trabalho é difícil e, na situação atual, o próprio facto de continuarem é provavelmente positivo”, acrescentou ainda.

Neutralidade da Ucrânia “seriamente discutida”

Sergei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, disse esta quarta-feira que as negociações de paz com a Ucrânia não são fáceis, embora exista esperança em alcançar um compromisso.

Em entrevista à RBC News, citado pela Reuters, diz que a neutralidade da Ucrânia está a ser “seriamente discutida“.

“As negociações não são fáceis por razões óbvias”, afirmou. “O status neutro está agora a ser seriamente discutido, claro, com garantias de segurança”, disse Lavrov.

Sergei Lavrov sublinhou ainda que pontos-chave nas negociações incluem a segurança das pessoas no leste da Ucrânia, a desmilitarização do país e o uso da língua russa na Ucrânia.

ZAP //

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7 Comments

  1. Se o presidente da Ucrânia tivesse dito que o seu país não aderiria à NATO, antes da Rússia lançar a sua invasão, não teria havido invasão nenhuma…

    • Sim… ou não!…
      Mas, o importante, relativamente às opções da Ucrânia, não é a opinião da Russia; mas sim a escolha da Ucrânia!

  2. “Boris Johnson disse que “de forma alguma” irá a Ucrânia aderir à NATO em breve”.
    Em Breve…Parece que está a falar para tolos!
    Quem sabe, talvez para o ano?

  3. a Ucrânia não deveria ter na sua Constituição o objectivo de aderir à NATO (uma originalidade), mas também não pode ser desmilitarizada como Putin exige (não é a mesma coisa que o Vaticano!). mas tratando-se de uma democracia parlamentar, também não pode ser o presidente, Zelensky, a decidir se o seu país se candidata ou não seja ao que for. seja como for, a questão da NATO é só uma desculpa para Putin tentar justificar o seu apetite imperialista.

  4. Tretas……… A Nato já tinha dito que a Ucrânia não iria fazer parte da Nato muito antes da a Rússia ter invadido a Ucrânia. O putin tem na cabeça uma politica expansionista. Já invadiu a Geórgia que também não iria sequer fazer parte da Nato. Já invadiu a Chechénia que também não ia fazer parte da Nato e invadiu a Crimeia e ocupou outros territórios da Ucrânia, muito antes de se pensar em fazer da Ucrânia parte da Nato.

  5. Na realidade a Rússia é que estava a forçar a Ucrânia a ter que aderir à Nato, para poder se defender das invasões da Rússia na Crimeia e no Dombass. Os russos estavam imparáveis a ocupar territórios que não são deles.

  6. A rússia de putin tem uma politica expansionista. Já ocuparam a Geórgia, já ocuparam a Chechénia e estes nunca pensaram em aderir à Nato. Já ocuparam a Crimeia e o Donbass, bem antes de a Ucrânia pensar em aderir à Nato. O putin anda ali a passear o poder bélico dele, como ele sempre faz., só porque ele gosta de umas guerras de vez em quando..

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