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YouTube suspende grupo extremista de Mário Machado após alerta do The New York Times

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Rodrigo Antunes / Lusa

Mário Machado, activista neo-nazi

O canal do Grupo 1143 no YouTube foi suspenso por disseminar o discurso de ódio. Foi o The New York Times que chamou a atenção para o movimento de extrema-direita que é liderado por Mário Machado, conhecido neo-nazi português.

O YouTube informa que suspendeu o canal do Grupo 1143 por violação das políticas da plataforma de vídeos contra o discurso de ódio, após ter sido consultado sobre as actividades do movimento, conforme reporta a agência Reuters.

Terá sido um artigo do jornal norte-americano The New York Times (NYT) sobre como o discurso de ódio na Internet impulsiona a violência nas ruas, a despoletar a acção do YouTube.

“As nossas políticas proíbem estritamente o conteúdo que glorifique a propaganda supremacista odiosa, incluindo símbolos de ódio, e encerrámos um canal que nos foi fornecido pelo NYT”, refere à Reuters um porta-voz do YouTube, confirmando que se trata do Grupo 1143.

No artigo do NYT, fala-se dos recentes motins no Reino Unido, depois do assassinato de três crianças, entre as quais uma portuguesa, e que foram motivados por um sentimento anti-imigração.

Mas o jornal norte-americano refere ainda o caso que ocorreu no Porto, quando um grupo de homens espancou imigrantes marroquinos e argelinos na casa onde viviam. O Grupo 1143 foi associado a essas agressões, mas Mário Machado negou qualquer envolvimento do movimento.

“A Esquerda mundial está de forma organizada a tentar silenciar a maior organização nacionalista portuguesa dos últimos 50 anos“, reagiu o Grupo à suspensão do YouTube através de uma publicação no perfil do X “Racismo Contra Europeus” que será gerido por Mário Machado.

A queda do Padrão de São Lázaro em Guimarães

O Grupo é especialmente activo nas redes sociais, nomeadamente no X e no Telegram, com a difusão de informações falsas e do incentivo ao ódio contra imigrantes, sobretudo indostânicos e muçulmanos.

Recentemente, o perfil “Racismo Contra Europeus” ajudou a disseminar a informação falsa de que teriam sido muçulmanos a provocar a queda do Padrão de D. João I em Guimarães, que apareceu partido na noite de 30 para 31 de Julho.

Não se sabe o que aconteceu e a Polícia Judiciária ainda está a investigar, mas depressa surgiram nas redes sociais do Grupo 1143 mensagens a notar que o monumento nacional tinha sido vandalizado por indostânicos ou “imigrantes muçulmanos”.

Essa informação foi disseminada para todo o mundo pela conta do X “Europe Invasion” que acrescentou que os autores da alegada vandalização eram paquistaneses. Note-se que esta conta terá sido particularmente activa nos rumores divulgados nas redes sociais que acabaram por provocar os motins no Reino Unido.

Mário Machado referiu ao Jornal de Notícias (JN) no âmbito de um artigo sobre o crescimento e o modo de actuação do 1143, que o grupo recebe “muitas denúncias de pessoas que todos os dias contam histórias”. “Como é que podemos perceber se as histórias são verídicas ou não? Não temos uma varinha de condão”, realçou, garantindo que fazem “tanto quanto possível uma ‘checagem’ antes de publicar as coisas”.

Cruzes suásticas e saudação nazi são “brincadeira”

Os elementos do 1143 também defendem nas redes sociais, a deportação em massa de imigrantes e usam a imagem de Salazar como inspiração patriótica e símbolos neo-nazis, como a cruz suástica, ou a saudação nazi.

Mas “isso é feito num tom de brincadeira, sarcástico, e as pessoas que o fazem nem sequer são nacional-socialistas. É por provocação”, assegurou Mário Machado ao JN.

A “melhor palavra que define o grupo” é “nacionalistas”, segundo Machado que assumiu também que há “fascistas” e “pessoas que se consideram de extrema-direita” no Grupo 1143. “Mas a maioria considera-se apenas nacionalista”, constatou ao mesmo jornal.

Grupo 1143 está pronto para pegar nas armas (literalmente)

O movimento de Mário Machado tem núcleos espalhados por todo o país, de norte a sul, que se dedicam, essencialmente, à “disseminação de informações falsas contra imigrantes” e a “pichagens com mensagens contra os mesmos alvos e acções de rua diversas”, como manifestações anti-imigração.

Mas também organizam “festas e churrascos onde os membros se conhecem presencialmente” – são as chamadas “white boy party” (ou festa do rapaz branco) e são, basicamente, “churrascos nacionalistas”, apontava ainda o JN.

Mário Machado assumia naquele diário, que o perfil “Racismo Contra Europeus” tem como objetivo “informar, doutrinar e radicalizar”. Mas o movimento também se diz pronto para pegar nas armas, literalmente, para defender o país.

“Se a Guerra convencional ou civil chegar às nossas fronteiras, o Grupo 1143 está preparado para transformar o seu movimento em organização paramilitar, coadjuvando as Forças Policiais e Militares, na defesa da Nação e dos portugueses, em solo pátrio, mesmo com o sacrifício da própria vida”, escreve-se numa publicação no X do perfil “Racismo Contra Europeus”.

Bloco quer que governo desmantele Grupo 1143

Apesar de se afirmar como um movimento apartidário, alguns elementos do 1143 têm ligações ao Chega e ao Ergue-te. O JN citou o caso de Rui Roque, responsável pelo núcleo do grupo no Algarve, que se tornou conhecido por apresentar, num congresso do Chega, uma moção para retirar os ovários às mulheres que abortam.

Mas há também polícias e oficiais das Forças Armadas que participam nas manifestações do Grupo, aparecendo de cara tapada.

Este dado preocupa especialmente o Bloco de Esquerda (BE) que pede ao Governo para desmantelar o Grupo 1143.

Num requerimento dirigido aos ministros da Defesa e da Administração Interna sobre a actividade do movimento de Mário Machado, o Bloco questiona que medidas é que o Governo vai tomar contra “uma organização contrária aos princípios constitucionais, que se dedica à prática de crime”.

Além disso, defende que “os elementos da PSP e da GNR que pertencem ou colaboram” com o Grupo, devem ser alvo de processos disciplinares para “a sua expulsão das forças de segurança“.

“A pertença a grupos violentos de extrema-direita é incompatível com os estatutos profissionais da PSP e da GNR e dos militares das Forças Armadas”, defende ainda o Bloco, considerando que é “igualmente preocupante” a “informação de que entre o grupo se encontram elementos com treino militar, paramilitar e contactos internacionais com grupos de extrema-direita armados”.

ZAP //

5 Comments

  1. Nenhum Movimento Extremista e Criminoso tem lugar , numa Republica Democrática , como é o caso desta “Criatura” e a banda de “Raivosos” que o seguem . Sr. João Cunha ! ….Civismo é o que lhes falta ! ….Sem contar com o laxismo en termos de Justiça en relação ao seu impressionante Cadastro Criminoso que é bem conhecido !

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  2. Ninguém que esteja nas forças de segurança ou forças armadas pode estar filiado em qualquer partido. Daí aparecerem com a cara tapada, para não serem identificados. Mas continuem nesta troca de palavras enquanto o incentivo ao ódio continua a crescer e a ser disseminado nas redes sociais pelos extremistas. Não há esquerda nem direita no extremismo.

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