“Ide para casa fazer sopa”. Grupo de ex-juiz negacionista do Ergue-te invade sessão sobre diversidade

9

Grupo Habeas Corpus invade sessão em Cabeceiras de Basto

Elementos do grupo extremista Habeas Corpus, presidido pelo ex-juiz negacionista Rui Fonseca e Castro que é candidato às eleições europeias, interromperam uma sessão sobre igualdade de género e orientação sexual em Cabeceiras de Basto.

A sessão de esclarecimento realizava-se no auditório da Casa do Tempo, em Cabeceiras de Basto, no distrito de Braga, nesta terça-feira à noite, quando foi interrompida por elementos do Habeas Corpus.

Entre os invasores estava o ex-juiz Rui Fonseca e Castro que ficou conhecido por ser um negacionista da pandemia de covid-19 e que é candidato às eleições europeias de Junho pelo partido nacionalista Ergue-te, o antigo PNR.

A sessão de esclarecimento dedicada ao tema “Diversidade, género e orientação sexual” foi realizada com o apoio da autarquia de Cabeceiras de Basto e da Unidade Local de Saúde (ULS) do Alto Ave, numa parceria com o projecto Bússola que se dedica a apoiar a comunidade LGBTQI+.

“Ide para casa fazer sopa”

Um dos elementos da Habeas Corpus que interrompeu o evento acusou os presentes de estarem a “promover a homossexualidade, a degeneração e a desconstrução da família”, criticando o facto de ter “o apoio da ULS”.

“Os senhores deviam ter vergonha“, gritou ainda, assumindo que é “homofóbico sim senhor, sem problemas nenhuns”.

Um dos elementos do movimento terá gritado para as mulheres presentes “Ide para casa fazer sopa”, como cita o Correio da Manhã.

A situação gerou uma troca de insultos e de ameaças, mas não chegou a haver confrontos físicos.

A GNR foi chamada a intervir e acabou por retirar os invasores do auditório.

A Rádio local Voz de Basto partilhou no Facebook imagens do incidente.

Ex-juiz negacionista critica “evento de homossexualidade”

Também Rui Fonseca e Castro partilhou nas suas redes sociais imagens do momento da invasão ao que definiu como um “evento de homossexualidade suportado com o dinheiro dos contribuintes”, conforme uma publicação na rede social X, o antigo Twitter.

Há 50 anos que somos escravos sem uma palavra a dizer sobre onde e como o dinheiro deve ser gasto. Isso vai acabar. Começou ontem”, acrescentou o ex-juiz.

Rui Fonseca e Castro foi expulso da magistratura em 2021, depois de ter sido alvo de vários processos disciplinares por faltas injustificadas, ou por ter suspenso um julgamento por violência doméstica porque um procurador se recusou a tirar a máscara na sala de audiências (isto quando as máscaras eram obrigatórias durante a pandemia).

Também foi investigado por insultos a Marcelo Rebelo de Sousa e foi alvo de um processo por ter chamado “pedófilo” a Ferro Rodrigues quando este era Presidente da Assembleia da República.

Habeas Corpus definido como “exército-sombra” do ex-juiz

Além de candidato a eurodeputado pelo Ergue-te, também é o presidente do movimento Habeas Corpus, um grupo que é “seguido por todo o tipo de extremistas, incluindo mercenários, neonazis e cadastrados, alguns com treino paramilitar, formação em artes marciais e acesso a armas ilegais“, segundo revela uma reportagem da Visão lançada em 2023, que o classifica como “o exército-sombra” do ex-juiz negacionista.

“Relativamente à Habeas Corpus, em nome da qual respondo, não há um único registo de incidente relacionado com violência ou insegurança”, assegura Rui Fonseca e Castro no X, acrescentando que “o que gera insegurança é a entrada de centenas de milhar de imigrantes extra-europeus, todos do sexo masculino, em idade militar e sem família”.

“Caso insólito é preocupante”

A autarquia de Cabeceiras de Basto já anunciou, em comunicado, que apresentou queixa da invasão na GNR, após o que define como “acontecimentos insólitos”.

A vereadora com o pelouro da Igualdade de Género, Carla Lousada, que estava a falar quando o evento foi interrompido, refere à Rádio Voz de Basto que “este insólito caso é preocupante”.

Carla Lousada também pergunta por que é que “quatro pessoas se deslocam de Lisboa a Cabeceiras de Basto para provocar desordem numa iniciativa pública a que toda a gente podia assistir”.

Susana Valente, ZAP //

9 Comments

  1. Este tipo de sessão é muito importante, sou bi e identifico-me com as palavras da Sra. Vereadora. Para quando uma sessão destas no Racha em Samil…

    2
    6
  2. Quando rebatem com fúria tal assunto é porque este assunto domina intrinsicamente os pensamentos e desejos deste ser. Ou seja, deve ter contacto mais íntimo com o gênero que tanto repudia.

    6
    6
  3. Ergueram-se e foram-se a eles! Se temos que aturar paranóicos do clima, porque não aturarmos, com agrado, quem é contra esta deriva da Civilização para a Bestialidade ? ….

    4
    5
  4. Neste caso têm razão o tal ex-juiz, não tenho nada contra os LGBTXYDF, façam lá o que quiserem com o pacote, agora não ensinem os meus filhos/as a serem o que eles querem e a publicitar, já não aguento ver os desenhos animados na televisão dos meninos/as, a ensinar que é igual gostar de pessoas do mesmo sexo, aceitar aceito publicidade não.

    5
    3
  5. Concordo consigo.
    E é interessante de ver que são logo apelidados de nagacionistas e extremistas.
    Já os meninos que se prendem nas estradas e lixam a vida aos trabalhadores, esses agem por interesses moralmente superiores.
    Depois estranhem as pessoas se afastarem dos media e ficarem em crise.. quem semeia ventos…

    3
    3
  6. Qualquer dia ser hétero já vai ser mal visto. Por causa de uma minoria que quer parecer maioria, é que isto tudo acontece. Onde é que já se viu um macho gostar de outro macho. Nesse aspeto, os irracionais são mais racionais que os humanos. Não se vê um macho a desprezar uma fêmea para se juntar com outro macho. No dia 9 de Junho é preciso saber votar!!!

    2
    1
  7. São livres de serem o que quiserem, de fazerem o que quiserem com o vosso corpo, mas parem de publicitar isso. Porque é que estas pessoas sentem sempre a necessidade de esfregar a sua orientação na cara de toda a gente? Já não estamos na década de 90, hoje em dia isto já não é tabu. Sempre que vejo este tipo de eventos ou seminários, quase que equiparo a um culto que está a tentar recrutar novos membros. Mas eu, cidadão comum, que não ando por aí a dizer qual é a minha equipa, que tento ter uma posição neutra, é que sou o extremista no final do dia.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.