Membros do grupo de extrema-direita liderado pelo skinhead Mário Machado estarão na origem de pelo menos dois dos três ataques da madrugada de sexta-feira. Rui Moreira pede extinção da AIMA: “o que é que faz? Nada foi feito.”
Os seis suspeitos de três ataques a vários imigrantes na cidade do Porto estão conotados como elementos do nacionalista e neonazi Grupo 1143 liderado por Mário Machado, o mais famoso skinhead português que já esteve preso por diversos crimes violentos.
Tudo aconteceu na madrugada de sexta-feira, em três locais diferentes e no espaço de três horas. A primeira agressão ocorreu por volta da 01h00 no Campo 24 de Agosto, quando um grupo de quatro ou cinco homens armados com tacos de basebol atacou dois imigrantes argelinos.
Os agressores fugiram antes da chegada da polícia, mas sabe o Público que a matrícula do carro em que seguiam e uma descrição do gorro usado pelos agressores, que tinha apenas uma abertura nos olhos, permitiu à Polícia Judiciária (PJ) ligar, mais tarde, a pelo menos dois dos três ataques.
Foi só após a segunda agressão — que ocorreu 10 minutos depois da primeira e envolveu uma invasão à habitação de imigrantes magrebinos por parte de 10 a 15 homens munidos com paus e armas de fogo —, que a polícia identificou um português de 26 anos, na zona de Gondomar, na posse de um bastão extensível. Por ser uma arma proibida, a polícia prosseguiu à detenção do suspeito com antecedentes criminais por agressão e furto.
O detido, que ficou em prisão preventiva por estar a cumprir pena suspensa por crimes semelhantes, foi transportado para instalações da Divisão de Investigação Criminal da PSP e foi seguido por cinco indivíduos, que seguiam à sua procura, de carro — cuja matrícula correspondia à dos relatos do primeiro ataque.
A PSP decidiu por isso identificar os cinco indivíduos e fazer uma busca à viatura, onde foi encontrado o gorro que correspondia à descrição anterior.
Fonte da PJ diz ao matutino que as investigações ainda estão numa fase inicial e que nenhuma hipótese está excluída — inclusive a de a invasão à casa ter sido um ajuste de contas.
No entanto, a convicção da PSP é de que os crimes tiveram, de facto, motivação racista.
AIMA “nada” fez até hoje
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, começou por considerar o ataque “muito preocupante”. Mais tarde, em espaço de opinião na CNN Portugal, a comentar “como cidadão”, considerou que o que aconteceu “é um crime de ódio absolutamente inaceitável” e por isso “não pode ser justificado.”
Rui Moreira culpou a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA), substituta do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) por “nada” ter feito pelo Porto desde que iniciou funções.
“Se calhar os portugueses nem sequer sabem o que é” a AIMA, atirou o presidente da Câmara da autarquia que avançou este domingo que a responsabilidade é do Ministério da Administração Interna, uma vez que a autarquia “não detém competências em matéria de segurança pública”.
“A Câmara Municipal do Porto não tem nenhuma competência” para ajudar na investigação e identificação das pessoas que cometeram os atos, reforçou Moreira: “não tem constitucionalmente, nem deve ter. Eu não posso inquirir junto das polícias o que é que está a suceder.”
E confessa: “quem tem competências é a AIMA“, a quem deixou muitas críticas.
“Ontem de manhã [sábado], o senhor presidente desta autoridade entrou em contacto com a Câmara Municipal do Porto para ver o que é que nós podíamos fazer”, disse Rui Moreira. A AIMA, uma “agência do Estado”, devia “olhar e perceber quais são as necessidades dos imigrantes”, mas “nada até agora foi feito”, confessa.
“Devemos perguntar: ‘o que é que faz a AIMA?’ Nada foi feito“, disse.
Nma reunião do Executivo da autarquia agendada para esta segunda-feira, Rui Moreira já fez “uma declaração formal” sobre este caso, em que pediu a extinção deste órgão.
“Repito: a AIMA é uma agência inoperante que desperdiça dinheiros públicos sem o cumprimento da missão a que se propôs e, por isso, deve ser extinta”, insistiu.
Discursos inflamados anti imigração afetam cabeças muito pequeninas e depois dá nisto!
Não é de excluir que as agressões não sejam um típico crime de ódio mas uma retaliação contra indivíduos suspeitos de ataques a pessoas e estabelecimentos comerciais no Porto. Não será mais aceitável mas é diferente.
E bem malhado pá vêm pa cá e pra trabalhar não é pra tar casa parado