“Vocês baralham tudo”. Galamba não informou Costa, foi Costa que lhe ligou

3

André Kosters / Lusa

O primeiro-ministro António Costa

O primeiro-ministro afirmou hoje não há nada de novo sobre o ministro das Infraestruturas e que o Governo colabora “totalmente” com a comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, e considerou “especulação” a hipótese de depor presencialmente.

Estas posições foram assumidas por António Costa, em declarações aos jornalistas, à entrada para um almoço comemorativo dos 25 anos da abertura da Expo 98, altura em que desempenhava as funções de ministro dos Assuntos Parlamentares no primeiro dos dois governos liderados por António Guterres.

Interrogado se mantém a confiança em João Galamba como ministro das Infraestruturas após as declarações que esse membro do Governo prestou na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, na quarta-feira passada, o líder do executivo sustentou que “não houve qualquer facto novo”.

“As instituições devem funcionar normalmente e, portanto, o Governo colabora totalmente com as instituições, seja o Presidente da República, seja a Assembleia da República”, começou por reagir.

Segundo António Costa, na origem do mais recente caso em análise na comissão parlamentar de inquérito está “o facto de o ministro João Galamba ter demitido um seu ex-adjunto por ter concluído que ele estava a esconder documentos”.

“Esses documentos eram solicitados pela comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP. Portanto, que não haja qualquer dúvida: Tudo o que a comissão parlamentar de inquérito entende em termos de esclarecimentos ou informações, o Governo estará totalmente disponível para isso – e é isso o seu dever”, acentuou.

O primeiro-ministro procurou salientar em seguida que a comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP foi constituída “porque o PS, apesar de ter maioria absoluta na Assembleia da República, a viabilizou, “após ter sido proposta pelo Bloco de Esquerda com um âmbito concreto, com um objetivo concreto que devem ser prosseguidos”.

Já sobre a intenção manifestada pela Iniciativa Liberal, Chega e Bloco de Esquerda para o que o primeiro-ministro deponha presencialmente perante a comissão parlamentar de inquérito, responde: “Não nos vamos pôr aqui em especulações”.

Ninguém me pediu. A comissão parlamentar de inquérito não me pediu sequer para eu ir, como vou estar a responder se vou ou se não vou”, alegou.

“Não há contradições”

O primeiro-ministro rejeitou também haver contradição entre a sua versão de que não teve conhecimento prévio da atuação do SIS na recuperação de um computador do Ministério das Infraestruturas e as declarações do ministro João Galamba.

Confrontado com o facto de o ministro João Galamba, perante a comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, ter revelado que falou com ele sobre o recurso ao Serviço de Informações e Segurança (SIS) na madrugada de dia 27, António Costa reiterou que não teve conhecimento prévio dessa ação.

Vocês baralham um pouco de tudo”, disse esta segunda-feira António Costa aos jornalistas. “Não tive conhecimento prévio. Não tive, nem tinha de ter”, assegurou, dando como exemplo o facto de os ministros da Administração Interna nunca terem conhecimento prévio das operações da PSP.

O SIS não me informou de nada, ninguém do Governo foi informado de nada, ninguém do Governo deu ordens e nem o SIS tinha de informar [o Governo] sobre coisa nenhuma, porque não é esse o nível de tutela. E qual a natureza da operação?”, assegurou.

“Tratava-se de uma operação meramente corriqueira e, em regra, os serviços de informações não informam o primeiro-ministro sobre as operações antes de elas serem realizadas”, sustentou António Costa.

Em relação à controvérsia em torno dos seus contactos telefónicos com o ministro das Infraestruturas, António Costa referiu que o próprio João Galamba já disse que não lhe tinha atendido uma primeira tentativa de chamada, na noite de 26 de abril.

“Depois, eu mais tarde liguei-lhe e ele informou-me do ocorrido. Eu perguntei se era necessário fazer alguma coisa e ele disse-me que não. Disse-me que o caso já tinha sido comunicado ao SIS, à PJ e às autoridades e que tudo estava a correr”, contou.

O primeiro-ministro defendeu depois a tese de que, no âmbito dos patamares superiores dos serviços do Estado, “quando desaparece um documento classificado deve comunicar-se às autoridades, o que foi feito – e muito bem feito”.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

3 Comments

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.