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Sobreviventes de violação perseguidas durante anos para pagar exame médico

Anos depois de serem violadas, vítimas de agressão sexual estão a ser perseguidas para pagarem os custos do exame médico. Nos Estados Unidos, vários hospitais foram apanhados a cobrar ilegalmente os custos às vítimas.

O exame médico serve para recolher provas forenses, que permitam identificar o agressor sexual e confirmar a veracidade da acusação. No entanto, em muitos estados dos EUA, os hospitais não cobrem os custos deste exame, obrigando a vítima a pagar — mesmo que tenha sido violada.

Esse foi o caso de Erin, uma jovem de Chicago, que contou a sua história à NPR. Numa saída noturna, conheceu um outro jovem e decidiu tomar um copo com ele num restaurante. A única coisa que se lembrava a seguir a isso foi acordar em casa na manhã seguinte, dorida, com hematomas e com o lábio inchado.

Suspeitando que tinha sido vítima de uma violação sexual foi à polícia apresentar queixa. Depois de ter sido enviada para as emergências do hospital foi-lhe feito um exame médico forense, especial para esses casos. O exame durou horas e, apesar de tudo, a polícia nunca deteve ninguém.

O caso aconteceu há seis anos, mas ainda hoje a jovem recebe cartas e chamadas a pedirem que pague as despesas médicas do exame feito. “Quando recebo essas chamadas… Ainda é tudo tão recente. Estremeço logo”, disse.

Casos como o de Erin não são raros e acontecem com frequência nos Estados Unidos, apesar de uma proibição federal de longa data e outras leis estatais. Quem paga os custos do exame varia de estado para estado, com alguns hospitais a usarem dinheiro de um programa de compensação a vítimas de crimes sexuais.

Em Nova Iorque, por exemplo, apesar da legislação que prevê que a vítima não pague nenhum custo do exame, sete hospitais foram a tribunal por cobrar ilegalmente esse dinheiro a mais de 200 pacientes. Os custos podem variar entre 46 e 3.000 dólares.

Com recurso a uma equipa de advogados, Erin conseguiu que o hospital parasse de tentar cobrar os custos do exame. Até mesmo com seguro médico, outras mulheres sobreviventes de agressão sexual tiveram de pagar. Um estudo de 2013 mostra que 1.355 mulheres pagaram, em média, 948 dólares por custos hospitalares.

ZAP //

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