José Luís Lopes ficou incapacitado há um ano, depois de um incêndio em Tondela, e está desde então sem receber qualquer apoio do Estado.
Segundo o Correio da Manhã, onze pessoas morreram esmagadas, asfixiadas e queimadas num incêndio que deflagrou na Associação de Vila Nova da Rainha, em Tondela. Passaram quatro anos e a Justiça ainda não encontrou culpados.
O presidente da coletividade, Jorge Dias, começa a ser julgado a 28 de março por onze crimes de homicídio por negligência e ainda um crime de ofensa à integridade física negligente grave.
Para o sobrevivente José Luís Lopes, 59 anos, ainda é difícil falar da noite trágica. Perdeu um irmão e muitos amigos de uma vida.
José tem uma incapacidade de 82% e já foi sujeito a onze intervenções cirúrgicas. Na noite de 13 de janeiro de 2018, sofreu queimaduras graves na cara, nas pernas, mas sobretudo nas mãos, que ficaram irreconhecíveis.
José sente-se abandonado pelo Estado. “Depois de três anos de baixa, a Segurança Social enviou-me uma carta a dizer que tinha terminado e que a partir daí seria atribuída uma pensão de invalidez provisória de 211,19 euros.
“Mas desde fevereiro de 2021 que não recebo nada, pediram documentação clínica e depois de analisarem consideram-me apto. Recorri, mas deste então não recebo nada”, explica, indignado.
“Vivo às custas do vencimento da minha mulher”, lamenta. Com uma filha a tirar o doutoramento em Lisboa, José teve de se apoiar no dinheiro que tinha poupado, pois se assim não fosse não conseguia sobreviver, apesar da boa vontade de familiares e amigos próximos.
“Qualquer pessoa olha para mim, para as minhas mãos, e vê que estou impossibilitado de trabalhar. Todos conseguem ver menos o Estado, que nunca assumiu o que aconteceu em Vila Nova da Rainha como uma tragédia nacional”, sublinha José.
Em frente à associação onde ocorreu a tragédia decorrem obras para um pavilhão multiusos, suportadas pela câmara, e que vão custar 219 mil euros.