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Vírus pode ter estado adormecido antes de surgir na China, diz investigador de Oxford

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Massimo Percossi / EPA

O novo coronavírus pode ter estado adormecido algures no mundo antes de ter surgido na China, defendeu o investigador da Universidade de Oxford, Tom Jefferson, apontando para várias descobertas de amostras do vírus em Espanha, Itália e Brasil, antes deter sido detetado no mercado de Wuhan.

Como referiu o Daily Telegraph, citado esta segunda-feira pelo Expresso, esta teoria já tinha sido avançada por uma equipa de virologistas da Universidade de Barcelona, que revelou ter detetado o vírus numa amostra de águas residuais, recolhida em março de 2019. “Esta descoberta surpreendente indica que o vírus estava a circular na cidade muito antes da confirmação de covid-19 no mundo”, afirmou a equipa em comunicado.

Contudo, a investigadora catalã Damià Barceló questionou a metodologia usada no estudo e a virologista da Universidade de Valência Pilar Domingo afirmou que “faltam dados científicos para avaliar corretamente o resultado” e que os investigadores podem não estar “incorretos”, mas “os valores que apresentam estão muito próximo do limiar negativo”.

Um estudo anterior, do Instituto Superior de Saúde Italiano, sugere que o vírus já estava presente nas águas residuais de Milão e Turim em dezembro de 2019, com base na avaliação de 40 amostras recolhidas em outubro de 2019 e fevereiro de 2010. O mesmo aconteceu com águas residuais recolhidas em Bolonha em 29 de janeiro de 2020.

Estas descobertas, afirmou Tom Jefferson, são prova de que o vírus já estava presente antes do surto no mercado chinês, encontrando-se apenas “à espera” de condições favoráveis para emergir.

O investigador referiu que um cenário semelhante ocorreu durante a gripe espanhola, em 1918, quando 30% da população da Samoa, na Polinésia, morreu.

“A explicação é que este tipo de agentes patogénicos não vêm nem vão a lado nenhum. Há sempre algo que os ‘acorda’, como a densidade populacional ou as condições ambientais, e é para isso que devemos olhar”, explicou, acrescentando que é “importante” investigar as origens do vírus da covid-19, na indústria alimentar e na a indústria ligada às carnes.

“Há evidências de que existem grandes quantidades de vírus nos vários esgotos, e evidências de que há transmissão fecal”. A “concentração” de vírus é “sobretudo elevada nos esgotos que se encontram a quatro graus, temperatura essa a que estão” muitas destas fábricas onde se embala carne, sublinhou.

ZAP //

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