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Vice-presidente do Chega/Açores demite-se em rota de colisão com Ventura

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O vice-presidente do Chega/Açores demitiu-se do cargo, esta segunda-feira, por considerar que o líder nacional do partido descurou “os interesses dos açorianos” na noite das eleições regionais e assumiu uma “postura centralista”.

Orlando Lima revelou na sua página de Facebook que enviou uma carta ao líder regional do partido, Carlos Furtado, lembrando que recomendou que na noite eleitoral André Ventura “fosse afastado da comunicação social”, devendo ser o presidente regional a assumir a comunicação à imprensa.

“Por ser esta a sua e nossa vitória e por ser seu dever e responsabilidade conduzir o Chega regional pelo difícil mas desafiante caminho de assegurar, mediante cuidada negociação com os parceiros políticos à direita, uma alternativa de governação”, sublinha o dirigente demissionário, numa carta na qual explica os vários motivos da sua demissão.

O também cabeça de lista do Chega pela ilha Terceira, nas eleições de 25 de outubro, considera que “este era um cenário político previsto, sobre o qual o presidente regional, Carlos Furtado, já se havia manifestado ao eleitorado, que já tinha sido discutido pela sua direção”.

Na altura, o dirigente diz que defendeu a “não participação em soluções governativas como por ele [Carlos Furtado] inicialmente apontado, mas sim de incidência parlamentar”.

“Esta foi uma promessa eleitoral e uma solicitação diária do nosso eleitorado. O PS, na governação com os 300 milhões da Europa, faz uma festa, deixa-nos a todos na miséria, mas compra votos para mais oito anos. Negar uma alternativa de direita na governação regional será traição. Este seria o papel de outro, nunca do Chega”, declara o dirigente.

Para Orlando Lima, André Ventura fez um “eloquente discurso de vitória, assumiu uma lamentável postura centralista e, descurando os interesses dos açorianos, extrapolou as decisões que deveriam ser locais, para a defesa infantil de interesses dos ‘cheganos’ nacionais, que por muito legítimos e necessários que o são, o povo açoriano não tem para com eles a mais pequena identificação”.

“A governação açoriana faz-se para a defesa do povo açoriano, não para resolver as questiúnculas dos senhores de Lisboa, nem para ganhar uns pontos junto do eleitorado continental. Tal significa para mim uma atitude no mínimo centralista que em nada dignifica o imperioso respeito pelo povo açoriano e pela autonomia da Região Autónoma dos Açores”, declarou.

Na noite eleitoral, André Ventura rejeitou qualquer acordo de coligação que permita à direita governar os Açores e acusou o PSD de se ter afastado do Chega.

Na carta dirigida ao líder regional do Chega, Orlando Lima refere, por outro lado, que os “critérios de seleção dos elementos constantes da lista de compensação” foram, apesar da sua contestação interna, “o de um clube de amigos, não de um partido político, com responsabilidade de correção e equidade perante o seu eleitorado”.

O critério que recomendou o demissionário do Chega/Açores “foi o de o cabeça de lista de São Miguel ser o primeiro da compensação, o cabeça de lista da Terceira ser segundo da compensação e sucessivamente, tendo por base a representatividade eleitoral de cada uma das ilhas”.

Segundo o vice-presidente demissionário, o deputado eleito José Pacheco “não foi votado nem eleito por ninguém, a não ser pela direção regional do partido, que anuiu a seu favor”.

O Conselho Regional do PSD/Açores mandatou, no sábado, o presidente do partido na região, José Manuel Bolieiro, para “negociar” com o CDS-PP e o PPM, indicou fonte da estrutura social-democrata açoriana.

Mesmo sem concretizar o teor das negociações, é sabido que o PSD está à procura de parceiros para constituir um Governo na região, apesar de o PS ter vencido – em minoria relativa – o sufrágio de dia 25.

Esta terça-feira, o líder do PSD, Rui Rio, remeteu para o PSD/Açores o desfecho da solução de governação à direita, mas assumiu que a solução em cima da mesa será uma “reedição da Aliança Democrática” de 1979 entre PSD, CDS e PPM.

“As informações que eu tenho relativamente aos Açores – o partido tem autonomia – é que o partido está a tratar de reeditar a Aliança Democrática do tempo do doutor Sá Carneiro. Uma coligação entre PSD, CDS e o PPM. Faltam só os reformadores, que era um grupo individual”, disse o social-democrata, citado pelo jornal Público.

Com esta solução, recorda o diário, o PSD/Açores assegura 26 deputados na Assembleia Regional, mas a maioria absoluta só se alcança com 29 eleitos.

Este domingo, numa entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, André Ventura admitiu estar disposto a firmar um “acordo escrito” com o PSD e confirmou que uma das suas exigências é que os sociais-democratas vão a jogo na revisão constitucional.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. Sr. dr. Edir Ventura, deve arranjar urgentemente um cão pastor, ou as ovelhas vão tresmalhar.
    Next….

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