Os minúsculos vermes de Chernobyl são suficientemente fortes para tolerar a radiação

Um novo estudo, liderado por cientistas da Universidade de Nova Iorque, descobriu que a exposição à radiação de Chernobyl não danificou os genomas dos vermes microscópicos que lá vivem.

Nos últimos anos, os investigadores descobriram que alguns animais que vivem na Zona de Exclusão de Chernobyl – a região no norte da Ucrânia num raio de 30 quilómetros da central elétrica – são física e geneticamente diferentes dos seus congéneres.

Para descobrir o impacto da radiação no ADN, os cientistas da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, analisaram nemátodos, pequenos vermes com genomas simples e de reprodução rápida que os torna particularmente úteis para a compreensão de fenómenos biológicos básicos.

A equipa visitou a Zona de Exclusão de Chernobyl em 2019 e recolheu vermes de amostras de solo, frutas podres e outros materiais orgânicos. Depois, separou centenas de nemátodos do solo e das frutas e usou um microscópio para os analisar ao pormenor, isolando as culturas de cada verme.

Segundo o EurekAlert, a investigação concentrou-se na análise de 15 vermes da espécie Oscheius tipulae, que foram comparados com os genomas de outros cinco O. tipulae de outras partes do mundo.

A conclusão foi surpreendente: os investigadores não detetaram quaisquer danos por radiação nos genomas dos vermes de Chernobyl.

Isto não significa que Chernobyl seja seguro. Significa, provavelmente, que os nemátodos são animais resistentes que conseguem resistir a condições extremas”, assinalou a investigadora Sophia Tintori. “Também não sabemos quanto tempo cada um dos vermes que recolhemos esteve na Zona, por isso não podemos ter certeza do nível de exposição que cada verme recebeu nas últimas quatro décadas.”

Na sequência deste resultado, a equipa decidiu investigar se esta resiliência genética se devia ao facto de os vermes de Chernobyl serem particularmente eficazes na proteção ou reparação do seu ADN, mas concluíram que, apesar de as linhagens serem diferentes umas das outras na forma como toleram os danos genéticos, estas diferenças não correspondem aos níveis de radiação em cada local de recolha.

No fundo, as descobertas, detalhadas num artigo científico publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, sugerem que os vermes de Chernobyl não são necessariamente mais tolerantes à radiação e que a paisagem radioativa não os forçou a evoluir.

Os resultados dão aos investigadores pistas sobre como a reparação do ADN pode variar de indivíduo para indivíduo – e, apesar da simplicidade genética de O. tipulae, pode levar a uma melhor compreensão da variação natural nos seres humanos.

ZAP //

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