Ventura: o “amador” Montenegro pensa que é Cavaco e que estamos em 1985

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José Sena Goulão / LUSA

André Ventura e Luís Montenegro no Parlamento

“O país mudou. Este não é o país dos anos 80”. Chega sente-se absolutamente desobrigado de viabilizar qualquer instrumento de governo da AD.

O presidente do Chega disse esta quarta-feira que o seu partido está “absolutamente desobrigado” de viabilizar o Orçamento do Estado, mas admitiu aprovar um retificativo e considerou que, perante a situação de “pântano”, seria preferível novas eleições.

“O Chega sente-se absolutamente desobrigado de viabilizar qualquer instrumento de governo da AD, porque durante semanas o Chega disse que estava disponível para um acordo sustentável de governo a quatro anos. Legitimamente, o Governo de Luís Montenegro disse não queremos, vamos dialogar especialmente com o PS. Hoje ouvimos o PS dizer que não quer dialogar especialmente com a AD”, afirmou.

André Ventura responsabilizou Montenegro por não querer fazer “um acordo a quatro anos” com o Chega e defendeu que caberá ao PS “dar a estabilidade ao país que o país precisa” e permitir a viabilização dos próximos orçamentos do Estado.

Considerando que o executivo de Luís Montenegro se arrisca a ser “um dos mais curtos da história da democracia”, Ventura adiantou que o “cenário é absolutamente precário” e defendeu que “mais vale” ir “já a eleições”.

“Porque fica evidente para todos que não há nenhuma base parlamentar de apoio para este Governo e isto, num sistema parlamentar como o português, é absolutamente suicida”, sustentou, considerando que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos serão “os responsáveis pela crise política que, com toda a certeza, se adivinha”.

O presidente do Chega falava aos jornalistas na Assembleia da República, momentos depois de o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, ter alertado o Governo que não pode estar “fixado à espera que o PS venha resolver ou dar a maioria que o povo português entendeu não dar à AD”.

O presidente do Chega apontou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “deixou claro” no discurso da tomada de posse “que o compromisso que queria era com o PS” e que o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, quis “sacudir a água do capote”, transmitindo “que não sente nenhum dever de viabilizar o programa da Aliança Democrática e o orçamento”.

“Isto cria um cenário à política portuguesa absolutamente inacreditável“, de um Governo que “insiste em não construir nenhuma maioria”, criticou, referindo que se trata de “um pântano absoluto”.

Parece que a AD quer provocar uma crise política rapidamente para poder ter uma qualquer maioria que sonham na cabeça deles que é possível ter”, criticou, acusando Montenegro de “amadorismo”.

Luís Montenegro acha que, inspirado em Cavaco Silva, pode repetir o cenário de 1985 ou de 1983. (…) O país mudou. Este não é o país dos anos 80“, acrescentou.

O presidente do Chega referia-se ao «Bloco Central» formado por PS e PSD em 1983, por iniciativa de Mário Soares; e ao governo minoritário de 1985 liderado pelo PSD (Cavaco Silva) com o apoio parlamentar do CDS e PRD.

Ventura defendeu ainda que Marcelo Rebelo de Sousa “é um dos responsáveis” por esta situação, “porque não promoveu políticas de entendimentos que eram fundamentais e qualquer Presidente da República promoveria em circunstâncias idênticas”.

O líder do Chega apelou também ao Governo que “avance rapidamente” com a apresentação de um Orçamento retificativo porque “aparentemente há consenso em algumas matérias” como o combate à corrupção, a recuperação do tempo de serviço dos docentes, a valorização das carreiras da administração pública, o alargamento a outras forças de segurança do suplemento atribuído à Polícia Judiciária ou a descida de impostos.

André Ventura disse querer “evitar que medidas tão importantes como estas fiquem pelo caminho nesta legislatura.

Podemos comprometer um Orçamento retificativo que seja apresentado nos próximos dias ou semanas, a seguir ao 25 de Abril. O Chega não se comprometerá com o Orçamento do Estado, porque essa é a grande macropolítica do Governo que insistiu em não ter nenhum acordo com o Chega”, afirmou.

ZAP // Lusa

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