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Ventura formaliza recandidatura a líder do Chega para “governar Portugal”

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Nuno Veiga / Lusa

O presidente do Chega, André Ventura, na II Convenção Nacional do partido

O presidente demissionário do Chega entregou hoje à Mesa da Convenção Nacional do partido a sua recandidatura a líder em eleições diretas, entretanto marcadas para 6 de março, e subiu a parada para o objetivo de “governar Portugal”.

André Ventura demitiu-se uma segunda vez do cargo na sequência das eleições presidenciais de 24 de janeiro, nas quais foi o terceiro mais votado, mas falhou os objetivos de ficar à frente da ex-eurodeputada do PS Ana Gomes e forçar o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, a uma segunda volta.

Segundo a moção estratégica a que a Lusa teve acesso, o deputado único do partido da extrema-direita parlamentar defende que “a III Convenção [Nacional] terá de ser o passo definitivo” [do Chega] para alcançar a presença no executivo do país.

Fonte oficial da força política populista disse à Lusa que a próxima (III) reunião-magna dos militantes do Chega “ainda não tem local determinado para se realizar, mas aponta-se o final de maio como data mais provável”.

Na convocatória para as “diretas” de 06 de março, o presidente da Mesa, Luís Graça, declarou que a III Convenção Nacional “vai ser realizada, depois do levantamento das restrições sanitárias” anti-covid-19.

“O objetivo do partido deverá ser agora, sem dúvidas ou tibiezas, o Governo de Portugal. As mudanças que temos de efetuar, o combate feroz à corrupção, a reforma da justiça, a dignificação dos polícias, médicas, enfermeiros, professores e de todos os que estão na linha da frente contra esta pandemia, a reforma do sistema fiscal e a reforma global do sistema político, só o conseguiremos efetivamente se os portugueses nos derem um voto de confiança para governar Portugal”, lê-se no texto de Ventura.

O documento, intitulado “Governar Portugal”, segue-se à moção estratégica apresentada por Ventura nas “diretas” de 05 de setembro de 2020 e na II Convenção Nacional (19 e 20 de setembro, Évora) cujo título era “Mobilizar Portugal” e onde se propunha eleger “deputados regionais já nas eleições para a Região Autónoma dos Açores” e consolidar o Chega “como terceira força política nacional nas próximas eleições legislativas, deixando para trás o PCP, o BE e o PAN”.

“Candidato-me novamente (…) para garantir não só que o partido conseguirá implantar-se em todo o território nacional nas próximas eleições autárquicas, com autarcas competentes e próximos das populações, como estará apto para fornecer ao país uma solução de Governo que será sempre, com a nossa participação, um governo antissistema”, declara agora.

Segundo o líder da extrema-direita parlamentar, “o Chega está numa enorme encruzilhada histórica – cresceu como nunca nenhum outro partido o fez na história de Portugal e, por isso mesmo, está debaixo de tremenda ameaça institucional que poderá colocar em causa, efetivamente, a sua sobrevivência”.

Podem candidatar-se à presidência da Direção Nacional desta força política os militantes com, “pelo menos, seis meses de militância oficial”. Os pretendentes têm até segunda-feira (“15 dias úteis anteriores à data do ato eleitoral”) para apresentarem a sua candidatura, que tem de ser apoiada por, “pelo menos, três presidentes de comissões políticas distritais e um presidente de comissão política regional”, estipula o regulamento eleitoral.

Nas “diretas” de 06 de março, além do escrutínio do futuro presidente, os militantes vão igualmente escolher os cerca de 500 delegados para a futura convenção. Vão estar à disposição mesas de voto nos 18 distritos continentais e nas duas regiões autónomas, sendo que as comissões políticas regionais podem decidir que haja “até uma mesa por ilha”.

Ventura, fundador e militante n.º 1 do Chega, com 38 anos, foi eleito presidente pela primeira vez em 30 de junho de 2019, na I Convenção Nacional, em Algés (Lisboa).

Já eleito deputado, o antigo professor de Direito demitiu-se em abril de 2020, após críticas internas sobre a votação no parlamento da renovação do estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19.

O antigo militante do PSD votara a favor da imposição inicial do estado de emergência, absteve-se depois num segundo, terceiro e quarto momentos e votou contra nas seguintes seis ocasiões.

Na altura, recandidatou-se ao cargo e ganhou com 99% dos votos.

// Lusa

6 Comments

  1. E se houvesse mais umas ocasiões, a decisão inicial contra o estado de emergência talvez ainda sofresse mais uma alteraçãozinha. É caso para dizer: ” a ocasião faz a alteração”. A isto costuma chamar-se “palavra de honra” e “respeito pelo outro”, sem os quais não há chefe de estado que nos mereça.

  2. Num partido onde ninguem se entende, onde são os próprios a denunciar casos graves uns dos outros, onde se agridem, onde não há um único dirigente sem rabo de palha, ouvir o presidente que não consegue gerir a colectividade (e por isso o lema é estarem caladinhos, ou são corridos à lambada), querer governar o país…é dose.
    Entre Covid19 e Chega19…venha o Diabo e escolha.

    • Faz lembrar os primeiros anos de existencia dos varios partidos de extrema esquerda, que hoje estão todos “unidos” e calminhos graças a uma lei da rolha aplicada com mão de ferro. A extrema direita está a passar pelo mesmo.

      • O que me sossega, é ter um homem que realmente teve um sinal de Deus para defender a Pátria.

        A propósito de “defender” a Pátria, talvez ajude alguns exemplos dos actos heróicos do seu presidente:

        Enquanto inspetor tributário, contribuiu para que, entre outras, uma empresa do ex patrão de Sócrates, Paulo Lalanda de Castro, não pagasse mais de 1 milhão de euros em IVA ao Estado.
        (Informação disponível no processo Vistos Gold).

        Quantas vezes o ouviu atacar o maior “cigano” (Luis Filipe Vieira) com uma das 3 maiores dividas à banca, que eu e o Sr. ainda iremos pagar durante muitos anos?

        Uma das últimas actividades, pouco antes da criação do partido, era ajudar milionários a colocar fortunas em paraísos fiscais.

        Etc…etc…etc…

      • Temos de estar de pé atrás com pessoas como o AV, fazem aquilo que até aqui era a praia da esquerda, cavalgar o descontentamento do povo. Mas os chavistas disfarçados de democratas, assustam-me muito mais.

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