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Vêm aí os primeiros ventiladores made in Portugal (e viseiras para médicos feitas em fábrica de autoclismos)

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Brais Lorenzo / EPA

A indústria portuguesa está a fazer um esforço para se adaptar às restrições provocadas pela pandemia de Covid-19, contribuindo, ao mesmo tempo, para ajudar a produzir equipamentos que fazem falta nos hospitais. É o que está a acontecer com os ventiladores, graças a um projecto coordenado pelo CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento.

Portugal vai começar a produzir ventiladores já neste mês de Abril. Num projecto que resulta de uma parceira entre o CEiiA, o anterior Centro Tecnológico da Indústria do Automóvel e da Aeronáutica, e a indústria portuguesa, vão ser fabricados os primeiros 100 ventiladores made in Portugal neste mês de Abril. Em Maio, estão previstos mais 400 ventiladores, seguindo-se a produção de mais 10 mil ventiladores nos seis meses seguintes.

Estes números foram avançados durante uma visita de António Costa ao CEiiA, depois de o primeiro-ministro ter dito no Parlamento que o Centro Tecnológico estava a transformar-se de forma a conseguir produzir um protótipo de ventilador.

Os hospitais públicos portugueses têm apenas cerca de mil ventiladores disponíveis para os infectados com Covid-19. O esforço de produção de ventiladores em Portugal é fundamental para poder apetrechar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) com recursos necessários para poder tratar os pacientes mais graves.

Também há indústrias do sector têxtil e do vestuário nacional a reconfigurarem-se de modo a produzir equipamentos de protecção para os profissionais de saúde, como é o caso da empresa Evidente Lilás, de Leiria, que está a fabricar batas cirúrgicas e protecções para calçado em TNT, um material impermeável e resistente.

António Costa também visitou o Centro Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do Vestuário (CITEVE), em Famalicão, que criou uma espécie de manual de instruções para as empresas que queiram substituir a sua produção normal pelo fabrico de equipamentos de protecção individual como toucas, máscaras e batas.

Em Aveiro, a empresa OLI, a maior produtora de autoclismos do sul da Europa, está a adaptar a tecnologia de injecção de plástico ao design de uma viseira de protecção que foi desenvolvido por um projecto colaborativo a nível universitário que envolveu o INEGI – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Universidade do Porto.

Na fábrica de Aveiro estão a ser feitos suportes de viseira para proteger os profissionais de saúde. As primeiras unidades vão chegar aos hospitais a 6 de Abril, sendo doadas a unidades das regiões de Lisboa, do centro e do norte. A produção terá capacidade para 20 mil unidades por semana.

A empresa aveirense exporta, habitualmente, para 80 países e tem uma filial na Lombardia, uma das regiões de Itália mais afectadas pelo coronavírus. Planeia agora sondar precisamente Itália e também Espanha para averiguar a possibilidade de também lhes oferecer as viseiras de protecção para médicos.

Também a Autoeuropa, cuja produção automóvel está parada até 12 de Abril, está a fabricar viseiras para doar a hospitais. Alguns trabalhadores quiseram ajudar o país nesta época difícil e estão a sair cerca de 100 viseiras por dia da fábrica, segundo refere o Jornal Económico.

Outras empresas portuguesas, em diversos sectores de actividades, também têm estado a contribuir para combater a Covid-19, adaptando as suas produções para contribuir para ajudar no controle da pandemia.

A Super Bock é outro exemplo de uma empresa que decidiu transformar-se para converter o álcool de cerveja em gel desinfectante para oferercer ao SNS.

ZAP //

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15 Comments

  1. Parabéns pelas iniciativas e em Portugal existe gente muito inteligente para podermos reduzir as importações Chinesas. E produzir muito mais no nosso país.

  2. Em Portugal sempre tem havido solidariedade, pena é que também hajam oportunistas pelo meio; neste caso temos agora empresários a ir ao encontro das verdadeiras necessidades do país e esperamos que a ditadura da União Europeia não venha impor entraves à inteligência e necessidades dos portugueses, é hora de deitar para o lixo as imposições da globalização que a dita União impôs a todos os europeus, é agora a hora de a Europa voltar a erguer a cabeça e excluir os maus governantes que nos subjugaram ao poder económico da China e de outros países asiáticos.

  3. Só para esclarecer, estes materiais são modernos, inovadores,….não é por nada é que a China e EEUU já têm viseiras e ventiladores modernos, tornando o existente em lixo hospitalar.
    Será que estamos a receber da China Viseiras e Respiradores, Lavadinhos da Silva dado que já devem sobrar.

  4. Ainda bem que alguem ouviu o meu apelo aqui ha dias, bem me parecia estranho nao sabermos produzir mascaras ventiladores etc. Fico contente porque a China responsável por isto está a ganhar agora muito dinheiro nestas vendas e o crime nao pode compensar.

  5. …o pequeno Portugal sabe ser enorme, acordem e mostrem o que valem.
    Que estas medidas sirvam de exemplo para outros, parem de chorar a falta de encomendas e adaptem a produção.
    Por muito boa vontade que exista uma empresa limitada a apenas um ramo de produção não consegue a totalidade do produto em tempo útil, e neste caso a urgência é absurda, mas colaborando em equipa com quem faça o desenvolvimento, as outras áreas de produto, logística, certificação, etc. pode funcionar com sucesso. É necessário financiamento mas também organização.
    Os lucros virão mais tarde com a exposição da vossa imagem nesta hora difícil.
    Parabéns e que estas iniciativas vos sejam recompensadoras no futuro que se antevê negro.

  6. Excelente iniciativa ,apenas com comentário mas também um pedido para acelerarem por favor este processo ,pois que se confirmarem previsões médias iremos ter cerca de 100000 infectados para o fim deste mes (abril) e destes segundo a estatística , 1/6 deverá necessitar dum ventilador , ou seja que precisaríamos para poder responder a todos os necessitados de 16667 ventiladores ,como temos cerca de 1200 ventiladores a funcionar (sendo dados que retirei de varias fontes) ou seja precisamos até ao fim do mes de mais 15500 ventiladores (e camas etc..) ou seja segundo a minhas contas (eu sou um leigo na matéria) mas assusta-me um pouco esta possibilidade. Mas enfim muito parabéns e boa sorte

  7. Feliz e louvavelmente há quem esteja a TRABALHAR para todos e não no sofá a ver filmes e ouvir música.
    É com trabalho e inteligência e não discursatas que um País avança e os cidadãos se salvam.
    Vejam a importância das empresas privadas, são elas que inovam e produzem e nos colocam os bens essenciais na mesa e à disposição de todos.
    Contudo nas empresas privadas que foram obrigadas a fechar os trabalhadores impedidos de trabalhar por acção dos órgãos políticos vão receber menos 1/3 da sua remuneração.
    Como se pode permitir que a remuneração dos políticos nacionais não seja cortada da mesma forma para apoiar o País e experimentarem um pouco do que estão a sofrer os trabalhadores impedidos de laborar por aqueles políticos?

  8. Só peca por tardia. Lido diariamente com empresas de norte a sul do país nas quais se incluem muitas das melhores empresas nacionais. Em conversas com diferentes empresários nas últimas semanas (e ainda mesmo antes do período de quarentena) já se falava na possibilidade de redirecionar a produção para materiais necessários. É pena que se tenham perdido 3 a 4 semanas. Poderia ter sido iniciado antes. Havia sensibilidade de empresários, capacidade instalada (que obviamente teria de ser adaptada, mas cuja adaptação era possível) faltava apenas a luz verde do estado que uma vez mais demorou a decidir. Uma vez mais o poder político foi entrave. Finalmente, abriu os olhos.

  9. Mas porque raio acusam sempre o estado de tudo. Se um empresa privada quisesse alterar a sua produção para fabricar equipamentos de protecção não era o estado que a ia impedir. O estado não manda nas empresas privadas.

  10. Vale mais tarde que nunca. Nos tempos que correm, há que fazer stocks. Sem querer ser pessimista, esta tragédia risca de ter vida longa !…… Mãos a obra, está feita a prova que somos capazes de produzir o que mendigamos vergonhosamente a China !

  11. Boa iniciativa, sim senhor, Orgulho em ser Português!!!! só fiquei com uma pequena duvida, depois do enorme investimento em papel higiénico quem produz agora os autoclismos?

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