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Venda de equipamento à TAP financia salários e impostos da Groundforce

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Fernando Veludo / Lusa

A Groundforce e a TAP chegaram, esta quinta-feira, a um entendimento que desbloqueia provisoriamente o impasse na empresa e permite pagar os salários aos 2400 trabalhadores.

Esta quinta-feira, a TAP anunciou que vai comprar equipamento da Groundforce por 6,9 milhões de euros, valor que servirá para pagar os salários de fevereiro e de março, assim como os impostos.

“Dada a situação que recentemente afetou os trabalhadores da Groundforce e que todos lamentamos, a TAP, S.A propôs à SPDH proceder à aquisição dos seus equipamentos de handling, no valor de seis milhões, novecentos e setenta mil euros (€6.970.000,00), valor esse que é o necessário e suficiente para que a SPDH possa pagar os salários de fevereiro de 2021 e março de 2021, bem como os correspondentes impostos de março de 2021″, avançou a companhia aérea em comunicado, citado pelo semanário Expresso.

No mesmo dia, o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, que esteve a ser ouvido na Assembleia da República, afirmou que o princípio de acordo alcançado é uma “solução de curto prazo” e que, portanto, continua a ser preciso desenhar uma “solução estrutural”.

Frasquilho explicou aos deputados que a transportadora começou a apoiar a Groundforce desde agosto de 2020, com o adiantamento do pagamento de faturas e depois, a partir de novembro, com o pagamento de serviços futuros.

Recorde-se que a TAP detém 49,9% da empresa de handling, estando os restantes 50,1% nas mãos da Pasogal, empresa de Alfredo Casimiro.

Na mesma comissão parlamentar, o presidente do conselho de administração da Groundforce acusou o Governo de ter culpa pela situação da empresa, devido à falta de apoios para fazer face aos efeitos da pandemia.

No último domingo, a TAP propôs à Pasogal disponibilizar 6,97 milhões de euros, através de um aumento de capital, algo que para Alfredo Casimiro era inaceitável.

“O acionista Pasogal ficaria reduzido a 3%. Estamos a falar de uma nacionalização selvagem. Queriam obrigar-me a assinar um acordo [que resultaria] numa nacionalização quase tão selvagem como aquela que aconteceu em 1975″, afirmou aos deputados, citado pelo Expresso.

“O que estamos a falar [com este aumento de capital] é de uma tomada de poder hostil”, declarou ainda o empresário, tendo classificado a situação de “obscura”.

Casimiro disse, porém, que tem vontade e condições para se manter à frente da empresa.  “Tenho vontade, tenho condições, acredito nesta empresa, já a salvei uma vez e tenho condições para a salvar mais uma vez”, disse.

O dono da Pasogal garantiu ter “capacidade financeira” para o aceitar, mas diz que tem de perceber qual será o futuro da companhia aérea na empresa de handling, uma vez que o contrato de prestação de serviços entre as duas empresas termina em 2022.

“Capital significa capitalista e eu sou um capitalista, assumo-me como um capitalista, e só farei esse investimento se tiver condições para recuperar esse investimento num certo e determinado número de anos”, sublinhou o administrador, acrescentando prever serem precisos 10 anos para recuperar o investimento no aumento de capital, que acredita que seja entre sete e 10 milhões de euros.

Desta forma, para ir ao aumento de capital, Alfredo Casimiro pretende obter por parte da TAP garantias de que o contrato de prestação de serviços será renovado por cinco anos e, posteriormente, por mais cinco.

Quanto ao empréstimo com aval do Estado de 30 milhões de euros das linhas covid, o empresário disse que ainda tem de ser procurada uma solução para a as garantias pedidas, solução esta que ainda não está “identificada”.

Neste ponto, fez questão de reiterar que as ações que detém na Groundforce não estão penhoradas, mas sim empenhadas, e que esse penhor “nunca foi ocultado” durante as negociações com a TAP e com o Governo.

Casimiro garantiu ainda que os “oito meses de atraso no pedido dos 30 milhões de euros” não se deveram à falta de documentos, que foram entregues “com toda a celeridade”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Fixe! Porreiro pá, arranjaram uma solução para adiar uma solução a sério por alguns meses.
    Lamento que estas pessoas estejam a passar por isto, mas já chega de meter dinheiro na TAP e GF. Invistam isso na verdadeira qualidade de vida de todos os Portugueses e parem de alimentar lóbis.

  2. Então este gajo depois de tudo, se isto não acontecia agora ainda ninguém sabia que ele já tinha tudo penhorado, vigarista e agora ainda diz que têm condições para levantar a empresa, falhado uma vez , falhado para sempre.

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