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Alfredo Casimiro culpa pandemia e falta de apoios do Estado pela situação da Groundforce

António Cotrim / Lusa

Trabalhadores da Groundforce concentrados junto ao Ministério das Infraestruturas, em Lisboa.

O presidente do conselho de administração da Groundforce e administrador da Pasogal, Alfredo Casimiro, acusou hoje o Governo de ter culpa pela situação da empresa, devido à falta de apoios para fazer face aos efeitos da pandemia.

“O culpado não sou eu, não é a gestão privada. É a pandemia e a falta dos apoios prometidos pelo Estado”, afirmou Alfredo Casimiro, perante os deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

O administrador e acionista maioritário da Groundforce, com 50,1% do seu capital social, sublinhou que o Estado, “perante a crise pandémica global, falhou os apoios prometidos e amplamente divulgados, como as denominadas linhas de apoio covid”.

Alfredo Casimiro afirmou que têm circulado nos últimos dias “mentiras” a seu respeito e quanto à sua participação na empresa de handling, sendo a primeira falsidade a ideia de que “transferiu da Urbanos para a Pasogal, os 50,1% da Groundforce”.

“É mentira, as ações foram, desde o início, ou seja, em julho de 2012, compradas pela Pasogal, que foi constituída na altura para esse fim. A Urbanos, que era a empresa que eu tinha, e tenho, interveio dada a urgência do Governo em ter contratos fechados para mostrar a Bruxelas no final de 2011, mas ficou bem claro perante a TAP SGPS e a Autoridade da Concorrência que as ações seriam compradas por uma nova empresa que eu estava a constituir”, disse o administrador.

Alfredo Casimiro disse ainda ser mentira que prometeu dar de garantia um penhor de ações, que não poderia cumprir, uma vez que, acrescentou, “um bem, mesmo empenhado ou hipotecado, pode ser dado em garantia múltiplas vezes, tudo dependendo do seu valor” e também porque “o bem a dar em penhor, à data em que este era para ser constituído, estaria nas condições exigidas pelo Governo e pela TAP, SA”.

O administrador garantiu ainda que “não há um cêntimo” que tenha ido da Groundforce ou da Pasogal para Malta, como tem sido pelos trabalhadores nas manifestações dos últimos dias.

Segundo as informações que prestou aos deputados, a pandemia teve um impacto negativo de 90 milhões de euros na faturação da Groundforce.

“O único apoio que tivemos do estado foi o ‘lay-off’”, acusou Alfredo Casimiro, dizendo que fizeram atempadamente um pedido de ajuda ao Governo, “mas a ajuda, até hoje, nunca chegou”.

“Não se percebe porque é que foram anunciadas tantas linhas de apoio covid e qual a razão pela qual o nosso processo esteve parado nos Ministérios das Finanças e Economia deixando a Groundforce chegar ao ponto de não ter dinheiro para pagar salários”, concluiu Alfredo Casimiro.

Acordo é “solução de curto prazo” e é “preciso solução estrutural”

O presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho, disse hoje que o princípio de acordo hoje alcançado com a Groundforce é uma “solução de curto prazo” e continua a ser preciso desenhar uma “solução estrutural”.

“Confirmando-se amanhã [sexta-feira] o princípio de acordo que foi hoje atingido, teremos condições para resolver no muito curto prazo a situação que a Groundforce e os seus trabalhadores vivem”, explicou Miguel Frasquilho aos deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

“Esta não é uma solução estrutural, isto trata-se de uma solução de curto prazo”, sublinhou o responsável, apontando que é necessário que nas próximas semanas ou meses, os intervenientes nas negociações continuem a trabalhar “para que uma solução estrutural possa ser desenhada”.

// Lusa

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