Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) chegaram esta quinta-feira a acordo sobre a aplicação de sanções aos repressores na Bielorrússia, após um processo negocial de quase nove horas para assegurar a cedência de Chipre.
“Concordámos hoje implementar as sanções que já tínhamos definido”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, falando aos jornalistas no final do primeiro dia desta cimeira extraordinária dedicada à Bielorrússia e à crise no Mediterrâneo oriental, em Bruxelas.
“É um importante e claro sinal de que somos credíveis, […] que será concluído amanhã [sexta-feira] através de um procedimento por escrito para implementar as sanções à Bielorrússia, numa lista com cerca de 40 nomes” de pessoas ligadas às ações de repressão, acrescentou Charles Michel.
O objetivo da União Europeia (UE) é que “as pessoas da Bielorrússia tenham o direito de decidir o seu próprio futuro”, adiantou.
As presidenciais de 9 de agosto na Bielorrússia deram a vitória a Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.
Questionado pela imprensa se Alexander Lukashenko está entre os cerca de 40 nomes que serão alvo de medidas restritivas (como limites à circulação ou ao acesso a bens), Charles Michel informou que o Presidente bielorrusso não faz parte da lista.
Sobre os prazos para aplicação das sanções, Charles Michel disse que, após a adopção formal esta quinta-feira, este é um “processo imediato”.
Também presente na conferência de imprensa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostrou-se “muito satisfeita” com o acordo dos líderes europeus. “Não haverá impunidade para com aqueles que são responsáveis pela repressão de protestantes e de opositores políticos”, vincou a líder do executivo comunitário.
Chipre bloqueou processo
Os chefes de Governo e de Estado da UE estiveram reunidos desde cerca das 16h (15h em Lisboa) de quinta-feira para tentar chegar a acordo sobre a aplicação de sanções aos repressores na Bielorrússia, num processo que estava a ser bloqueado por Chipre.
Embora concordasse com as sanções, o Chipre estava a bloquear a sua aplicação por exigir medidas semelhantes contra a Turquia, dada a crise do Mediterrâneo oriental.
Devido às reticências de Nicósia, a imposição de medidas restritivas à Bielorrússia foi dos primeiros assuntos discutidos pelos líderes europeus no arranque dos trabalhos e, por ser também dos mais controversos, acabou por passar para a hora de jantar, de acordo com várias fontes europeias.
Perto da meia-noite, Charles Michel interrompeu os trabalhos para alterar o texto em cima da mesa, com o qual Chipre não concordava. Cerca de uma hora depois, o primeiro dia da cimeira foi oficialmente encerrado, já com a aprovação dos líderes europeus às sanções aos repressores bielorrussos.
Após a “luz verde” dada pelo Conselho da UE em agosto passado, a lista de medidas restritivas relativamente à Bielorrússia tinha de ser formalmente aprovada por unanimidade para ficar em vigor.
Numa altura de tensão em Minsk, a imposição por parte da UE de sanções contra os repressores era vista como urgente, pelo que foi preciso convencer Nicósia a ceder.
Os bielorrussos têm protestado nas ruas, em manifestações reprimidas pelas autoridades, desde as presidenciais que estenderam o mandato de 26 anos de Alexander Lukashenko, atribuindo-lhe 80% dos votos. Svetlana Tikhanovskaya, a sua principal rival, obteve 10%.
UE admite avançar com sanções à Turquia
Os líderes da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas, optaram esta sexta-feira por manter o diálogo político com a Turquia perante as investidas ilegais na Grécia e Chipre, mas mantiveram aberta a hipótese de aplicar novas sanções a Ancara.
“Chegámos a acordo sobre uma abordagem de duplo sentido para a Turquia: queremos dar uma oportunidade ao diálogo político, mas em caso de novas provocações, utilizaremos todos os instrumentos à nossa disposição”, declarou Charles Michel.
Falando em conferência de imprensa no final do primeiro dia desta cimeira extraordinária dedicada à crise no Mediterrâneo oriental, o responsável notou que os chefes de Governo e de Estado da UE optaram, em vez de avançar com sanções a Ancara, por uma “dupla estratégia” onde, ainda que “haja uma oportunidade para o diálogo e uma tentativa de progredir para uma maior estabilidade e previsibilidade, se insiste também na “firmeza nos princípios e valores” da UE. C
aso Ancara “continue a violar o direito internacional”, Charles Michel adiantou que “a UE não hesitará em utilizar todos os meios” para pôr termo ao que qualificou como “ações unilaterais”.
Posição semelhante manifestou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, que afirmou aos jornalistas que a UE “quer uma relação positiva e construtiva com a Turquia”, mas que está disposta a aplicar sanções “caso as provocações não terminem”.
“Queremos uma relação construtiva e positiva com a Turquia, e consideramos que isso também seria do interesse de Ancara, mas temos consciência de que tal só funcionará se as provocações terminarem”, disse a líder do executivo comunitário.
Ursula von der Leyen considerou também que podem ser dados passos para uma “nova relação entre a UE e a Turquia”, baseada numa agenda de “modernização da União Aduaneira, que aumentará o comércio”, mas também uma “maior cooperação relativamente à migração tendo como base o acordo estabelecido em 2016”.
Elogiando a abertura de diálogo entre a Grécia e a Turquia, em conversações bilaterais para tentar amenizar as tensões, a presidente da Comissão Europeia lamentou que “tal não tenha acontecido com Chipre” ainda. Ursula von der Leyen assegurou também que “ninguém conseguirá criar barreiras” entre a UE e os seus Estados-membros.
As tensões entre Ancara e Atenas e Nicósia têm vindo a subir de tom devido às perfurações ilegais turcas nas zonas económicas especiais da Grécia e do Chipre, reclamadas pela Turquia. No final de agosto, a UE avançou com sanções contra indivíduos ligados a estas perfurações ilegais, punições vistas na altura como tímidas, mas admitiu logo aí reforçar as medidas restritivas.
ZAP // Lusa
Houve um tempo – e parece que já foi há muito – em que as relações internacionais se faziam na base da diplomacia e do respeito das soberanias alheias. Quando se discordava, falava-se e, se necessário, pressionava-se nos bastidores, mas nunca em público. Arrastada pela falta de respeito americana das normas do direito internacional, a Europa começou agora a usar instrumentos tão ilícitos como perigosos nas suas relações internacionais, como se alguém lhes tivesse reconhecido o direito de agredir aqueles com quem se não concorda. Não se sabe se as eleições na Bielorússia foram justas ou não, mas porque se não gosta de Lukashenko e se gostaria de o ver ir-se embora, fingiu-se que havia provas de manipulação eleitoral e avança-se para sanções de presumíveis culpados. Não só se condena sem provas como se optou por medidas agressivas que não podem ser aceites à luz do direito internacional. Oxalá a Europa pare de seguir o exemplo deplorável dos EUA, e regresse à forma civilizada de lidar com os outros países: pela diplomacia e pelo comércio, e pela não interferência nos assuntos internos dos outros países. Se o não fizermos corremos o risco de um dia nos vermos de novo envolvidos numa guerra que nos poderá destruir.
“Não se sabe se as eleições na Bielorússia foram justas ou não…”
Hahahahaaa…
Se sabe, apresente provas. Provas e não a propaganda do costume…
Ah, ok… ainda tinha esperança que estivesses a brincar….
Mas, esclarece-me mais uma dúvida: a Terra é plana?!
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Para si deve ser…
“Oxalá a Europa pare de seguir o exemplo deplorável dos EUA, e regresse à forma civilizada de lidar com os outros países: pela diplomacia e pelo comércio, e pela não interferência nos assuntos internos dos outros países”
Esta foi a opção seguida pela Europa antes da 2a GM, tentar negociar com o Hitler, vê-se como correu bem!
No pós-guerra, durante a Guerra Fria, é sabido que os EUA fizeram muita merda por esse mundo fora, mas se tivessem tomado a abordagem que sugere, a URSS não teriam tido ninguém a fazer-lhes frente, e hoje metade da Europa, e talvez metade do mundo, estariam sob o domínio Soviético.
O cidadão que estar a defender o tirano bielorrusso deve ser o mesmo que batia palmas ao ver passar o Salazar pelas ruas de Lisboa e o mesmo que viajava para Madri, a fim de pedir a bênção a Franco. Continue assim cidadão das trevas.É o que pensa [email protected]