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Um reator nuclear pode ajudar a resolver o mistério do desaparecimento de Amelia Earhart

Uma equipa de investigadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, vai submeter uma folha de alumínio velha e gasta a um feixe de partículas do coração de um reator nuclear na esperança de desvendar o mistério do desaparecimento de Amelia Earhart. 

Celebrada como a primeira mulher a voar sozinha pelo oceano Atlântico, Amelia Earhart está no centro de um dos mais famosos mistérios do mundo, que fascinou entusiastas desde aquele dia fatídico em 1937, quando o seu Lockheed Electra 10E desapareceu de todos os radares.

Em 2 de julho daquele ano, Amelia Earhart, juntamente com Fred Noonan, descolou de Papua-Nova Guiné durante uma tentativa de circunavegar o mundo. Porém, a dupla nunca chegou ao seu destino, a Ilha Howland, no centro do Oceano Pacífico. Earhart, Noonan e o Lockheed Electra 10E nunca foram encontrados. 

Em 1991, o entusiasta Richard Gillespie encontrou um painel de alumínio nos destroços de uma tempestade na ilha de Nikumaroro, no Pacífico, a cerca de 480 quilómetros de Howland. Gillespie suspeitava que o painel poderia pertencer ao avião de Earhart.

Agora, de acordo com o LiveScience, uma equipa de investigadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, vai usar um feixe de neutrões para tentar descobrir pistas ocultas que possam apoiar essa hipótese.

“Inicialmente, estava um pouco cético”, disse Kenan Ünlü, professor de engenharia nuclear da Universidade Estadual da Pensilvânia. “Recebemos perguntas sobre isso antes, mas tivemos uma longa conversa com Gillespie, que deixou claro que está interessado em quaisquer dados que possamos fornecer, mesmo que prove que o painel possivelmente não pertença ao avião de Amelia Earhart. Concordámos em ver o que podíamos fazer”.

Os investigadores esperam que uma técnica chamada radiografia de neutrões possa revelar pistas invisíveis sobre a origem do alumínio. Os cientistas já determinaram que o painel de alumínio foi cortado com um machado ao longo das suas bordas, exceto num dos lados, que foi “dobrado repetidamente” para ser arrancado do seu local de origem.

Os feixes de neutrões do Reator Nuclear Breazeale pode revelar as características do painel que sejam diferentes de alumínio uniforme. Se o metal fosse apenas alumínio, os neutrões não encontrariam nada.

Porém, qualquer molécula com carbono ou hidrogénio na superfície espalhariam os neutrões. O padrão desses neutrões formaria uma imagem do material da mesma forma que uma imagem de raios-X revela os ossos dentro do braço.

Se os investigadores tivessem a sorte de encontrar uma uma folha de alumínio do avião de Earhart com um número de série escondido sob matéria orgânica, como depósitos de coral, a radiografia de neutrões poderia determinar definitivamente a origem do alumínio. Além disso, teria a vantagem de não danificar o objeto.

Os cientistas também planeiam usar uma técnica relacionada, conhecida como análise de ativação de neutrões, para identificar com precisão a composição química do material.

Diferentes metais foram usados para diferentes fins em diferentes pontos da História. Se o tipo de alumínio identificado não tiver sido criado antes da II Guerra Mundial, por exemplo, não pode pertencer ao avião de Earhart. Mas se corresponder aos metais usados para construir aeronaves na era da aviadora, poderia reforçar a teoria de Gillespie.

Os resultados da análise não serão públicos até ao final deste ano.

O desaparecimento de Earhart e do navegador Fred Noonan, que a acompanhava na viagem, continua a ser um dos grandes mistérios do século XX.

Há imensas teorias em torno deste acontecimento, desde problemas de comunicações entre o avião e o navio que o apoiava, falta de preparação dos tripulantes, aterragem noutro local, missões de espionagem e prisão pelos japoneses.

A descoberta de um conjunto de ossos humanos na ilha de Nikumaroro, em pleno Oceano Pacífico, que correspondia à morfologia de uma mulher com características semelhantes às de Earhart, fez com que os cientistas concentrassem os esforços de investigação naquele local. Foi ali que descobriram utensílios que podem ter pertencido à aviadora.

Há ainda quem acredite que Earhart poderá ter vivido secreta e calmamente em Nova Jersey, nos Estados Unidos, ou nas Filipinas.

Maria Campos, ZAP //

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