Um estudo forense terá desvendado, finalmente, o mistério do desaparecimento de Amelia Earhart, concluindo que os ossos da famosa aviadora foram encontrados em 1940, na pequena ilha de Nikumaroro, no Oceano Pacífico.
Amelia Earhart desapareceu em 1937, quando voava sobre o Pacífico, numa tentativa de dar a volta ao mundo. Acredita-se que o seu avião se despenhou algures na zona, mas nunca foram encontradas provas que expliquem o que de facto aconteceu.
Há ainda uma teoria que defende que a aviadora foi capturada pelos japoneses, e que acabou por morrer durante o período de detenção.
Mas um estudo publicado no jornal científico Forensic Anthropology vem reforçar a teoria de que o avião se terá despenhado na ilha de Nikumaroro, onde ainda terá sobrevivido durante alguns dias, com o seu navegador, Fred Noonan, enquanto esperavam por socorro.
Em 1940, foram encontrados ossos humanos na ilha mas, desde então, nunca foi possível provar que seriam de Earhart. Até agora.
O estudo científico realizado pelo antropólogo forense Richard Jantz fala de uma semelhança de 99% entre os ossos encontrados e as características do corpo da aviadora.
“Esta análise revela que Earhart é mais semelhante aos ossos de Nikumaroro do que 99% dos indivíduos numa grande amostra de referência. Isto apoia significativamente a conclusão de que os ossos pertencem a Amelia Earhart”, escreve Jantz no artigo científico.
Todavia, nunca será possível atestar a veracidade deste facto, já que os ossos desapareceram há vários anos.
Esta análise teve em conta registos efectuados em 1941, pelo médico D. W. Hoodless, que, na altura, concluiu que se tratavam de vestígios de um indivíduo do sexo masculino com cerca de 1,65 metros.
Em 1998, Jantz e a colega antropóloga forense Karen Burns estudaram o caso e concluíram que, considerando o que sabemos e os “métodos forenses contemporâneos”, “a morfologia dos ossos recuperados parece consistente com o peso e a origem étnica de uma mulher como Earhart”, cita o site Live Science.
Um outro estudo veio rebater aquela conclusão, voltando à tese do indivíduo masculino.
Jantz debruçou-se de novo sobre o mistério, estudando mais ao pormenor a estrutura de Earhart, que teria cerca de 1,70 metros, mas agora já sem a parceria de Burns que, entretanto, faleceu.
O antropólogo teve em consideração novos dados sobre a constituição e o tamanho da aviadora, a partir de um estudo sobre as suas roupas. Também utilizou tecnologias avançadas, nomeadamente um software informático chamado Fordisc que recorre a métodos estatísticos para determinar o sexo, a antiguidade e a estatura, mediante medições do esqueleto.
Assim, concluiu que os ossos devem mesmo ser da aviadora. “Como uma mulher alta e de corpo estreito, o conjunto de fémures poderia parecer masculino a Hoodless“, escreve Jantz. “É aparente, a partir das muitas fotografias de Earhart, e da circunferência da sua cintura, que as suas ancas eram estreitas para uma mulher”, acrescenta. “Isto, em combinação com o seu peso, não exige um ângulo de fémur que se poderia esperar de uma mulher”, diz ainda.
Hoodless teve em conta o ângulo formado pela junção dos ossos púbicos para determinar o sexo, mas tinha apenas uma parte do osso.
“Um ângulo meio sub-púbico ambíguo poderia, facilmente, ser chamado masculino por um olho inexperiente, ou até por um experiente, particularmente se processos tafonómicos [fossilização] tivessem modificado a morfologia”, escreve também Jantz.
O investigador releva que se deve ter em conta a “preponderância da prova”, neste caso, sustentando que “os ossos são consistentes com Earhart em todos os aspectos que conhecemos ou podemos, razoavelmente inferir”.
“Se os ossos não pertencem a Amelia Earhart, então são de alguém muito semelhante a ela”, nota, lembrando, contudo, que a probabilidade de um qualquer indivíduo aleatório revelar um “grau de semelhança tão grande” com a aviadora é “muito baixa”.