Um enigmático algarismo “2” gravado pela natureza na imponente Fraga Amarela, na margem espanhola do rio Douro em frente à cidade de Miranda do Douro, desperta diariamente a curiosidade de centenas de visitantes que passam pela cidade nordestina.
Explicações e lendas sobre o fenómeno natural, ou mera ilusão ótica, estão a alimentar a discussão no seio dos visitantes, numa ação promovida pela autarquia mirandesa através das redes socais.
“Quem conseguir ver o ‘2’ tem casamento em Miranda. Quem não conseguir vê-lo não casa”, garantiu à Lusa Helena Silva, uma habitante em Miranda do Douro.
Esta tem sido uma das histórias mais divulgadas e mais replicadas por toda a região.
De acordo com uma descrição deste fenómeno natural feita pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, na Fraga Amarela, uma enorme superfície vertical de tons amarelos, ocres e pardos associados a presença de líquenes e musgos, encontra-se o algarismo ‘2’ que só com uma observação atenta se consegue detetar.
Esta dificuldade em visualizar o misterioso algarismo levanta uma série de lendas.
O mistério do Penedo Amarelo
Um dos mais conceituados investigadores das tradições da história das “Terras de Miranda”, António Rodrigues Mourinho, refere que tudo isto “não passa de uma ilusão ótica e de um fenómeno natural”.
“Porém, as lendas existem”, diz o investigador.
“Há quem defenda que o ‘2’ está associado aos dois reinos, ou seja, o reino de Portugal e o de Espanha. No entanto, também há quem aponte para a existência de línguas: o mirandês e o português. Outra das lendas recai sobre a junção dos rios Douro e Fresno que correm nas imediações da cidade”, explicou.
De acordo com o investigador, a primeira fotografia que retrata aquele “fenómeno natural” remonta ao início do século XX, mas afirma que nunca viu nenhuma referência ao assunto escrita nos livros e documentos históricos do concelho.
Atualmente, e com as novas tecnologias, as fotografias que circulam na internet são às centenas, mas nem sempre é possível tirar um bom retrato, dada a mistura de luz e a necessidade de aproximação adequada ao “Penedo Amarelo”.
Após um pequeno périplo pelo centro histórico da antiga sede de diocese, depressa se encontra quem indique o caminho aos visitantes que passam pela “cidade Museu do Nordeste Transmontano” para ver a Sé, o Menino Jesus da Cartolinha, e claro, o “2”.
“Muitas são as pessoas que passam pela minha loja e me perguntam qual é o melhor local para ver o ‘2’, já que ele só é visível com a luz certa e do local ideal“, frisou José Pires, um comerciante instalado na zona histórica de Miranda do Douro.
Segundo dados fornecido à Lusa, passam pela catedral de Miranda do Douro cerca de mil visitantes/ano e quase todos se mostram interessados em ver o famoso “2”.
O presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, explica há muita gente que vê este fenómeno mas muitos outros não, o que desperta “paixões”.
“Não se percebe muito bem a origem do algarismo, havendo toda uma história e muitas lendas em torno do ‘2’ que são um atrativo para Miranda do Douro “, concluiu.
/Lusa