Todos contra Bugalho. Houve um tema quente e Costa não faltou no último debate a quatro

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CV TVI/CNN Portugal

Último debate a quatro

Catarina Martins (BE), Marta Temido (PS), Pedro Fidalgo Marques (PAN) e Sebastião Bugalho (AD) com a jornalista da TVI/CNN ao centro.

Sebastião Bugalho (AD), Marta Temido (PS), Catarina Martins (BE) e Pedro Fidalgo Marques (PAN) protagonizaram o último debate a quatro antes das eleições europeias de 9 de Junho. E foi o tema do aborto que mais acicatou os ânimos com o “fantasma” de António Costa a vir à tona.

O debate arrancou com a nota de que António Costa já foi ouvido pelo Ministério Público e que ainda não foi constituído arguido, no âmbito das suspeitas de corrupção da Operação Influencer, que ditaram a queda do seu Governo.

O assunto levou a candidata do BE, Catarina Martins, a criticar a morosidade da justiça, notando que “passaram mais de seis meses até António Costa ser ouvido, e porque pediu”. Algo que “deve preocupar-nos porque há vários cidadãos e cidadãs anónimos que passam por este calvário“.

O cabeça-de-lista do PAN, Pedro Fidalgo Marques, alinhou pelo mesmo tom, pedindo reforço de meios na justiça e criticando que “um comunicado da PGR” pôs “em causa toda a estabilidade política de um país“.

Já Sebastião Bugalho foi mais contido, salientando que não pode “entrar em campanha por António Costa”, mas reforçando que o primeiro-ministro deve estar “aliviado”.

O cabeça-de-lista da AD preferiu aproveitar o assunto para lançar provocações a Marta Temido, questionando-a sobre se o PS manterá o apoio à eleição de António Costa para o Conselho Europeu se este precisar de Viktor Orbán, o líder húngaro de extrema-direita, para ser eleito.

Ninguém vai negociar com Viktor Orbán. Quem sabe as regras, sabe que esse apoio não é negociado”, garantiu Temido sobre o processo de eleição do líder do Conselho Europeu.

Bugalho isolado no tema do aborto

O tema mais quente do debate foi o aborto com Sebastião Bugalho a surgir isolado de um dos lados da barricada no âmbito da inclusão do direito ao aborto na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (UE).

O PSD e o CDS votaram contra e o candidato da AD usou o argumento jurídico para defender essa posição – seria “juridicamente perigoso” aprovar essa inclusão, notou.

Para Bugalho, a interrupção voluntária da gravidez (IVG) é “um equilíbrio entre dois direitos” – o direito da mulher ao aborto e o direito à vida.

Ninguém quer fazer um aborto a uma criança que está com oito meses de gestação“, salientou, vincando que o direito ao aborto “também não está consagrado na Constituição Portuguesa”.

Mas o candidato da AD deixou a promessa de que, durante o seu mandato no PE, “não haverá um único retrocesso nos direitos das mulheres”. “Fica um compromisso solene feito”, apontou.

Para Marta Temido, o que está em causa nesta questão, “em última instância, é a morte de mulheres por causa do aborto clandestino“. “Do ponto de vista civilizacional, não consigo entender como é que este direito não deve constar na Carta”, salientou a candidata do PS.

Temido também reforçou que “a AD não só tem partidos como o PPM que nem vale a pena dizer o que dizem sobre mulheres, mas tem também o CDS com Paulo Núncio que na campanha das legislativas, achou por bem explicar que era bom pôr obstáculos a que as mulheres conseguissem concretizar o seu direito à IVG”.

“Da última vez que PSD e CDS estiveram juntos no Governo introduziram normas humilhantes no acesso à IVG, que depois tivemos de desfazer, portanto é uma convicção contra os direitos das mulheres”, constatou ainda.

Catarina Martins uniu-se a Temido para apontar o dedo a Bugalho, frisando que “a desculpa jurídica é só uma desculpa“. “Há, neste momento, mulheres que vão presas e morrem devido ao aborto”, vincou.

Pedro Fidalgo Marques defendeu também a importância de “garantir que a todas é garantido o acesso à IVG” e atirou para cima da mesa as “três mil mulheres” que morreram vítimas de violência doméstica na Europa só em 2023.

“Tem havido um discurso de ódio que não pode passar e que mata”, concluiu o candidato do PAN.

Novas regras da UE são “ataque ao país”

A corrupção foi um tema que juntou todos os candidatos, com críticas generalizadas à falta de transparência e ao uso indevido dos fundos europeus.

Catarina Martins lembrou ainda o “grande buraco negro chamado offshores”, salientando que é preciso encarar “o problema”, até porque “a UE tem a grande maioria das offshores do mundo”.

A execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também passou pelo debate.

E a líder bloquista criticou as novas regras de governação económica, considerando que “são um ataque ao país tendo em conta uma Comissão Europeia que está muito condicionada pela direita mais radical e pela extrema-direita“.

Estas regras dão à UE “poder discricionário para decidir onde pode o país investir ou não“, ou “para cortar onde se vai investir”, frisou.

Marta Temido defendeu as novas regras da UE, sublinhando que “são mais extensas no tempo” e que “têm maior intervenção dos Parlamentos” de cada Estado-Membro.

Não é possível “estar no Euro e não ter determinadas regras”, realçou, avisando também que “não é com a esquerda a votar contra estas regras” que se faz um Parlamento sem extrema-direita.

Os receios quanto ao crescimento da direita mais radical também marcaram o discurso de Catarina Martins.

Já Sebastião Bugalho atacou a líder bloquista, estranhando que esta seja “contra um modelo de governação económica que permite mais flexibilidade aos Estados-membros para decidirem as suas políticas”, desde que cumpram o limite do défice e as metas de redução da dívida pública – “a não ser que sejam pela saída da UE”, provocou.

“Reféns do binómio défice e dívida”

O candidato da AD reforçou as “linhas vermelhas” de Von der Leyen como as do seu partido, repetindo o que já tinha dito numa entrevista, quanto à extrema-direita, resumindo-as ao “respeito pelo Estado de Direito, respeito pelo europeísmo e defesa da Ucrânia” e prometendo que “não serão quebradas”.

Por seu turno, Pedro Fidalgo Marques considerou que não se pode “ficar refém dos défices” e lamentou que continua a haver “países de primeira e de segunda” na UE.

O candidato do PAN defendeu que Portugal “continua sem qualquer flexibilidade para investir onde é preciso“, nomeadamente na habitação, na transição climática e na saúde.

“Continuamos reféns deste binómio défice e dívida”, apontou, realçando que é preciso “trocar a narrativa na Europa”.

Este foi o último dos seis debates a quatro entre os cabeças de lista das candidaturas ao PE. O próximo debate realizar-se com oito candidatos dos partidos com assento parlamentar no próximo dia 28 de Maio com transmissão na RTP1.

As eleições europeias realizam-se a 9 de Junho de 2024.

ZAP //

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4 Comments

  1. Tenho pena dele. Como é jovem, e tem bons conhecimentos, os “bandidos vermelhos” estão sempre a “coçar-se”.
    Coça, que faz ferida… este jovem é para ficar! 😉

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  2. Ficamos assim mesmo. Não consigo compreender porque é que a esquerda está a criticar este rapaz… é inteligente e organizado, focado. A inveja fica mal.
    Lucinda & Bugalho, sim!

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