Energia: ucranianos aconselhados a deixar o país. Festa por causa de um comboio

Oleg Petrasyuk/EPA

Reencontro familiar em Kiev, após chegada de comboio de Kherson

Guerra destruiu quase metade do sistema energético da Ucrânia. Rússia fez a maior emissão de dívida de sempre num só dia.

A guerra está a destruir muito da Ucrânia. Não só nas mortes que causa, ou nos refugiados que cria, mas também nas condições que deixa para quem continua a viver em território ucraniano.

Denys Shmyhal, primeiro-ministro, já tinha avisado que quase metade do sistema energético da Ucrânia está “fora de serviço”.

As temperaturas já começaram a descer muito nesta semana, o Inverno está a chegar e é preciso aquecer casas, pessoas, comida.

Mas falta energia. Há milhões de pessoas que não têm electricidade em casa, nesta altura.

Nesse contexto, o director-executivo da maior empresa energética privada da Ucrânia, a DTEK, foi directo: deixem o país, se conseguirem.

“Se os ucranianos conseguirem encontrar outro sítio para viver durante três ou quatro meses, iria ajudar muito o sistema”, apelou Maxim Timchenko, na BBC.

E explicou: “Se consumirem menos energia, os hospitais com soldados feridos terão fornecimento de energia garantido. Assim se explica que, ao consumirem menos ou mesmo ao saírem do país, estão também a ajudar outras pessoas“.

O sistema energético na Ucrânia fica mais frágil, menos fiável, após cada ataque russo, explicou Timchenko: “Estamos sem equipamentos e sem peças de substituição“, avisou o director.

Maxim Timchenko lamentou o facto de que Rússia e Ucrânia serem agora “inimigos“, depois de anos a serem “colegas” no desenvolvimento de sistemas de energia.

A capital Kiev está mesmo numa “situação crítica”, em relação ao fornecimento de energia, avisou Volodymyr Kudrytskyi, director-executivo da empresa de energia Ukrenergo.

Maior emissão de dívida de sempre

A Rússia fez a sua maior emissão de dívida de sempre, na quarta-feira passada: 13 mil milhões de euros. A informação foi partilhada pelo Ministério de Defesa do Reino Unido.
https://twitter.com/DefenceHQ/status/1593852613103177730

“Isto é importante para a Rússia, pois a emissão de dívida é um mecanismo fundamental para sustentar os gastos com Defesa, que aumentaram significativamente desde a invasão da Ucrânia”, continua o comunicado.

De acordo com os britânicos, o orçamento para a Defesa na Rússia em 2023 vai aumentar 40% em relação ao que tinha sido planeado no ano passado.

Comboio chega de Kherson

Apesar da situação e do contexto energético, este sábado foi dia de festa na capital Kiev, quando chegou o primeiro comboio proveniente de Kherson, desde o início da guerra.

Kherson foi ocupada pelas forças russas na fase inicial do conflito mas a cidade foi recuperada recentemente pelos ucranianos.

Várias dezenas de habitantes de Kiev ficaram à espera do comboio:

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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