Mais de 300 pessoas foram condenadas a prisão perpétua, esta quinta-feira, na maioria oficiais e pilotos militares, no principal julgamento relacionado com a tentativa de golpe falhado de 2016.
De acordo com o jornal Público, a Justiça turca condenou 337 pessoas a prisão perpétua pela tentativa de golpe em 2016. Os arguidos foram considerados culpados de “tentativa de derrubar a ordem constitucional”, “tentativa de assassínio do Presidente” e “homicídios voluntários”, relatou um jornalista da agência France-Presse no local.
Segundo a agência Lusa, os condenados incluem pilotos acusados de terem bombardeado vários importantes locais na capital, Ancara, assim como o Parlamento, e oficiais militares que lideraram o golpe na base militar de Akinci.
Quatro civis, incluindo o empresário Kemal Batmaz, foram condenados cada um a 79 sentenças de prisão perpétua agravada (esta sentença, que inclui condições mais rigorosas de detenção, substituiu a pena de morte, abolida em 2004).
Um total de 475 pessoas estavam em julgamento neste processo, que é considerado o principal relativo ao golpe fracassado de 15 a 16 de julho de 2016.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusa o religioso Fethullah Gülen de ter planeado a tentativa de golpe. Este ex-aliado do Presidente turco, que agora reside nos Estados Unidos, nega qualquer envolvimento.
Desde esta tentativa de golpe falhado, as autoridades perseguiram implacavelmente os apoiantes de Gülen numa escala sem precedentes na história moderna da Turquia. Várias dezenas de milhares de pessoas foram presas e mais de 140 mil funcionários públicos foram demitidos ou suspensos das suas funções.
As perseguições e prisões continuam até esta quinta-feira, embora o seu ritmo se tenha tornado menos intenso cinco anos após a tentativa de golpe. Outros julgamentos, com um número ainda maior de réus, estão em andamento e 289 julgamentos relacionados com a tentativa de golpe já foram concluídos.
Os tribunais já condenaram mais de 4100 pessoas, impondo penas de prisão perpétua a mais de 2500 dessas, segundo dados oficiais.
Segundo o mesmo diário, Erdogan fez aprovar uma reforma à Constituição que lhe permitiu concentrar enormes poderes. Exemplo disso é a lei aprovada, em julho, que dá novos poderes ao Governo para regular as redes sociais.
ZAP // Lusa
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