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TSU lança ameaça de crise na Geringonça

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Clara Azevedo / portugal.gov.pt

Primeiro-Ministro António Costa conversa com deputada Catarina Martins (BE) antes do encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2016

As divisões à esquerda na temática da Taxa Social Única (TSU) estão a criar desconforto na “Geringonça”, e um deputado independente já sugeriu uma moção de confiança – que o PS rejeita. Francisco Assis coloca já a hipótese de eleições antecipadas.

O deputado independente socialista Paulo Trigo Pereira sugeriu uma moção de confiança, mas o presidente do PS contrapôs que, a haver dúvidas sobre a solidez do Governo, devem ser o PSD e o CDS-PP a apresentar uma moção de censura.

De acordo com fontes da bancada socialista contactadas pela agência Lusa, esta troca de posições entre o líder da bancada do PS e o professor universitário registou-se na reunião do final da manhã desta quinta-feira do grupo parlamentar do PS.

Na reunião, Paulo Trigo Pereira considerou que, nos últimos meses, dentro da maioria parlamentar de esquerda que suporta o Governo, registaram-se já “dois eventos com alguma gravidade”.

O primeiro, segundo o economista, teve lugar quando o Bloco de Esquerda votou ao lado do PSD e do CDS-PP no sentido de reaplicar o estatuto de gestor público – episódio que disse ter sido “a gota de água” para a demissão da anterior administração da Caixa Geral de Depósitos liderada por António Domingues.

O segundo episódio, de acordo com Paulo Trigo Pereira, relaciona-se com o actual pedido de apreciação parlamentar pelo Bloco de Esquerda e PCP do decreto do Governo que estabelece a descida da TSU em 1,25% para os empregadores, como compensação pelo aumento do salário mínimo para 557 euros.

Ora, para o deputado independente da bancada socialista, “a haver um terceiro evento com idêntica gravidade”, o PS deve ponderar a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.

Na reunião da bancada do PS, Paulo Trigo Pereira foi também foco de polémica após defender a possibilidade de os socialistas aceitarem a transferência de alguns feriados nacionais para dias úteis encostados aos fins-de-semana, segundas e sextas-feiras, tal como propõe o PSD.

Uma ideia contestada por vários deputados socialistas, dando como exemplo de que seria inaceitável passar a gozar o feriado da revolução republicana, não a 5 de Outubro, mas somente no dia 6 ou 7 desse mês.

De notar que a questão de transformar a terça-feira de Carnaval num feriado obrigatório voltou a dividir os partidos da “Geringonça”, com o PS a chumbar a proposta, votando ao lado do PSD e do CDS.

Assis fala em eleições antecipadas

As divisões à esquerda na temática da Taxa Social Única (TSU) estão a criar desconforto, e já há socialistas a falarem na necessidade de realizar eleições antecipadas.

A ideia é defendida pelo eurodeputado socialista Francisco Assis que, numa entrevista à Antena 1, admite o cenário de eleições antecipadas como a única alternativa viável, perante a “instabilidade política” no âmbito das divergências à esquerda na questão da TSU.

Num artigo de opinião no jornal Público, Assis já tinha referido que, depois deste caso, “tudo tenderá a concorrer para demonstrar a profunda inconsistência da presente maioria parlamentar“.

Ora, considerando o “clima de animosidade” entre o PS e o PSD que não deixa acreditar em “grandes aproximações” à direita, Assis atesta que “o país parece caminhar para um impasse” e que o governo corre “sério risco de paralisia”. Deste modo, a única saída pode ser a “realização de eleições antecipadas”, escreve o eurodeputado.

O PS já reagiu à posição de Assis com o dirigente Pedro Nuno Santos a afastar a ideia de crise na maioria parlamentar que apoia o governo.

Não houve um confronto entre nós e os nossos parceiros na questão da TSU”, salienta o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares em declarações ao Jornal Económico.

“Temos um Governo que faz o que lhe compete, e no caso da TSU o Governo participou numa negociação onde estão os parceiros sociais e o Governo, e agora há uma segunda fase que é no Parlamento, onde cada grupo parlamentar assumirá as suas responsabilidades com naturalidade”, aponta Pedro Nuno Santos.

Este responsável socialista também nota que “o PS nunca mais vai precisar da direita para governar“, contrariando a ideia de Assis que defende alianças de centro-direita em várias matérias.

ZAP // Lusa

17 Comments

  1. NÃO! Os ressabiados do PSD e CDS e a imprensa (em geral, também ressabiada) é que lançam “ameaça de crise na Geringonça”!

  2. Esta formulação governativa é a única que tem permitido reverter os danos causados ao país pela dupla Passos e Portas e constitui uma solução, naturalmente de compromisso, entre a Esquerda portuguesa. Governos PS/PSD não, obrigado. Quem defende este modelo não se pode considerar socialista

    • Carlos Poiares,
      seria bem mais certeiro se o seu comentário fosse este:

      Esta formulação governativa é a única que tem permitido refazer os danos causados ao país pela dupla Sócrates e Costa e constitui uma solução, naturalmente de retrocesso, entre a Esquerda desvairada. Governos PS/PCP/BE não, obrigado. Quem defende este modelo não se pode considerar sensato.

  3. Pois, o que não percebo mesmo é porque é que o PCP e BE estão tão chateados e nervosos com a posição do PSD. Até parece que no fundo, no fundo, queriam a redução da TSU nos moldes previsto…

    • Ignorantes e inconsequentes.
      Querem que a coisa passe à força toda mas não querem assumir a responsabilidade nem se querem comprometer.

    • Pois também acabei de notar isso mesmo pelas declarações do senhor Jerónimo de crítica ao PSD há pouco na TV, é que eles PCP/BE contariam que o PSD acabaria por salvar a situação e assim eles ficariam a bem com o senhor Costa apesar de votarem contra e por sua vez o senhor Costa lá diria que do mal o menos porque quando não tiver os parceiros da geringonça para me salvarem terei o PSD que religiosamente o fará, neste caso o PSD ao votar contra acarreta toda a responsabilidade sobre estes dois partidos que das duas uma, ou votam mesmo contra abrindo mais uma brecha no casamento ou limitam-se uma vez mais a fazer um pouco de ruído e acabar por engolirem mais um sapo que possivelmente já começam a estar enjoados de tanto sapo.

  4. O Costa contou com o ovo no ku da galinha. (com o voto do PSD sem o consultar)
    Azar!
    Ou a extrema esquerda engole um enorme sapo vivo e vota sim, ou Costa está em apuros.
    É pena o assunto não ser o Orçamento de Estado. Mas isto pode ser um primeiro ensaio…

  5. A questão é que a esquerda radical (PCP e BE) para manter a sua ideologia intacta (que é a única coisa que realmente lhes interessa) decidiu votar contra… muito provavelmente com o PS nos bastidores forçado a concordar com tal posição convencendo-se todos eles que Passos Coelho votaria a favor da proposta.

    PCP e BE poderiam então manter-se fieis na sua ideologia fazendo o habitual discurso populista contra as políticas de direita o que lhes garantiria os habituais aplausos de quem vota neles e tudo continuaria bem na geringonça pois a medida, como era intenção de todos eles, seria naturalmente aprovada com os votos do PSD.

    Mas Passos Coelho viu a rasteira que lhe estavam a pregar e colocou-se contra a medida apresentada da descida da TSU e isto deixou toda a esquerda aflita pois PCP e BE deixam assim de poder fazer o tal discurso populista que tanto ansiavam fazer e, pior ainda, vêem a culpa da não aprovação da medida recair sobre eles o que não lhes augura nada de bom em termos de popularidade futura e ainda perdem margem de manobra em futuras negociações de bastidores com o PS.

    Deixa também o PS aflito pois mostra o quanto a geringonça é afinal instável e mostra também que Passos Coelho não está ali para lhes fazer o frete como eles julgavam apoiando o PS sempre que as coisas correm mal dentro da geringonça e tanto assim é que até já algumas vozes socialistas começam a introduzir a ideia da necessidade de se fazerem eleições antecipadas.

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