Truss pediu desculpa, mas pode bater recorde que dura desde 1827

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Tolga Akmen/EPA

Liz Truss à saída de Downing Street

Nova primeira-ministra poderá ser em breve ex-primeira-ministra. Números da inflação divulgados nas últimas horas não ajudam Liz Truss.

As ondas já eram agitadas ainda antes de assumir o cargo. Desde que passou a ser primeira-ministra, o mar passou a estar ainda mais revolto para Liz Truss.

E os números divulgados nesta quarta-feira não ajudam: a inflação no Reino Unido subiu para 10,1% no mês passado, Setembro. É o novo recorde dos últimos 40 anos – Margaret Thatcher era a líder do país, nessa altura.

Em Setembro destacaram-se os aumentos nos preços de electricidade e gás, dos alimentos, bebidas não alcoólicas e transportes, de acordo com os dados fornecidos pelo Gabinete Nacional de Estatísticas do Reino Unido.

O novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, já reagiu a estes números. Tem noção de que as famílias no Reino Unido estão a “sofrer” devido às contas de luz e assegurou que a prioridade do Governo é “ajudar as pessoas mais vulneráveis”.

Até quando?

Este é só o episódio mais recente de uma novela – no país das famosas soap opera – que pode não ter um final feliz para a mulher de Oxford. E que pode ter um final em breve.

Liz Truss chegou à cadeira que era de Boris Johnson e, juntamente com o seu anterior ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, apareceu rapidamente com o plano de um corte enorme de impostos, que iria beneficiar maioritariamente os mais ricos. Recuou nessa intenção e Kwasi Kwarteng já foi demitido.

O seu sucessor é o já mencionado Jeremy Hunt. Não é um nome que, inicialmente, tenha sido muito “tranquilizador”, avisa o especialista em economia Edgar Caetano, na rádio Observador: “Jeremy Hunt não tem grande experiência nos mercados financeiros. Mas, para já, pelo menos parece estar a passar uma mensagem assertiva de que vai conduzir a política orçamental de uma forma mais cautelosa e equilibrada“.

Entretanto a primeira-ministra já pediu desculpas, mas arrisca bater o recorde de mandato mais curto de sempre, de primeiro-ministro do Reino Unido.

Para já, ocupa o cargo há 43 dias. O Diário de Notícias lembra que, em 1827, George Canning só liderou o Reino Unido durante 119 dias, menos de quatro meses. Morreu devido a tuberculose.

Já nesta quarta-feira, Liz Truss tem pela frente Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, na habitual sessão semanal de perguntas e respostas, no Palácio de Westminster. Keir Starmer já acusou Truss de “fugir aterrorizada” às perguntas – e a primeira-ministra poderá nem aparecer nessa sessão.

Ainda neste mês, no dia 31 de Outubro, a “noite das bruxas” pode ser decisiva para a primeira-ministra: vai ser apresentado o plano fiscal a médio prazo.

Com ou sem datas definidas, a contestação interna já começou. Dentro do Partido Conservador há deputados que querem a sua saída imediata.

Não sendo adepta do Sporting (que se saiba), nas casas de apostas britânicas verifica-se que a maioria acredita que Truss vai “cair” antes do Natal. Ou seja, deixará de ser primeira-ministra ainda em 2022.

Aliás, Edgar Caetano comentou que, neste momento, “não é Liz Truss quem manda no Reino Unido”. Os mercados têm dominado o rumo do país.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. Bem, esperemos que a Liz não morra de tuberculose!!! Se fosse assim não conseguiria bater o record já que, para já, ainda não lhe foi diagnosticada.

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