Algumas marcas, principalmente na indústria alimentar, estão a vender os seus produtos em embalagens maiores do que o necessário. O subterfúgio, designado “slack-fill”, é usado para enganar os compradores em relação à quantidade de produto que estão realmente a comprar.
Quanto ar está a pagar quando compra um pacote de batatas fritas?
A prática de “slack-filling“, termo usado para designar o espaço não usado no interior da embalagem de um produto, tornou-se um tópico controverso entre os grupos de defesa do consumidor.
Segundo as principais críticas, algumas marcas usam este espaço extra para enganar subtilmente os clientes, fazendo-os pensar que estão a comprar mais produto do que realmente estão.
Segundo o Insider, a FDA, agência norte-americana que regulada a venda de medicamentos e alimentos, não considera intrinsecamente o ‘slack-fill’ como necessariamente ilegal — apenas o é quando não tem um intuito funcional.
Segundo a reguladora, o ‘slack-fill’ pode ter propósitos funcionais, como proteger o produto no interior da embalagem ou permitir que o recipiente exponha todos os rótulos ou informações necessária. Em algumas situações, pode também ocorrer inevitavelmente durante o processo de fabrico.
Mas, em muitas situações, o “slick-fill” não serve nenhum destes propósitos, tendo apenas como intuito dar aos consumidores uma perceção errada da quantidade de produto que estão a comprar — sendo nesse caso, sustentam as organizações de defesa do consumidor, uma prática enganosa.
Esta “ilusão visual” não é o único truque que algumas marcas estão a usar para enganar os utilizadores.
Recentemente, com a subida de preços causada pela inflação galopante, algumas empresas adotaram uma técnica subtil para levar os utilizadores a achar que estão a fazer um bom negócio: vender o mesmo pacote de um produto, com o mesmo preço, mas com menos quantidade de produto.
Esta técnica enganadora tem até um nome: reduflação. E não é ilegal.
Há até uma empresa conhecida que levou ao extremo a ideia de reduflação, embalando o logro com um laço de “preocupação com o consumidor”: numa engenhosa manobra de marketing, a Whiskas vendeu rações mais pequenas e mais caras “porque os gatos estavam a engordar” (e ganhou prémios por isso).
Nos últimos anos, diversas associações norte-americanas de consumidores intentaram ações legais coletivas contra empresas do ramo alimentar por práticas de “slack-filling” e “reduflação”.
Mas estas ações têm sido invariavelmente arquivadas, por ser difícil provar que o “ar dentro do pacote” não tivesse um intuito funcional. Além disso, as empresas alegam que os consumidores não estão a ser deliberadamente enganados, uma vez que o peso do produto contido está claramente indicado no pacote.
Efetivamente, o peso dos produtos está (quase sempre corretamente) marcado nas embalagens. Mas, reza um antigo ditado popular muito pertinente neste caso, com papas e bolos se enganam os tolos.