Tripulação do submarino argentino pode ainda estar viva

3

(dv) Armada Argentina / EFE / EPA

Submarino ARA San Juan da Armada Argentina

As buscas pelo submarino argentino ARA San Juan, desaparecido há 12 dias, entraram na fase final e decisiva e surge, agora, uma nova esperança para os familiares da tripulação. A Marinha argentina admite que os ocupantes da nave possam estar vivos em “situação de sobrevivência extrema”.

“Mesmo que tenham passado 11 dias de buscas, isso não significa que os tripulantes não possam estar numa situação de sobrevivência extrema“. As palavras são do porta-voz da Marinha argentina, Enrique Balbi, que referiu no domingo, em declarações divulgadas pelo jornal El Clarín, que sem “indícios ou certezas da situação do ARA San Juan”, não se pode afirmar “nada contundente”.

Esta posição surge depois de uma deputada argentina, Elisa Carrió, ter dito num programa de televisão que “certamente, estão todos mortos”. Balbi vem, agora, amenizar a tragédia, dando alguma esperança aos familiares dos tripulantes, numa altura em que as buscas entram na fase final e decisiva.

El Clarín aponta que as buscas estão agora concentradas numa área de “apenas 74 quilómetros, onde a profundidade do mar chega aos 1.000 metros”. O mini-submarino norte-americano Sophie Siem, com capacidade para atingir os 600 metros de profundidade, vai tentar encontrar o ARA San Juan.

Com capacidade para transportar até 16 pessoas, este mini-submarino “leva roupa seca e 44 salva-vidas”, com o intuito de resgatar a tripulação da nave desaparecida, conforme sublinha o El Clarín.

Certo é que as autoridades não apontaram uma data final para o fim das buscas. “O Presidente, o ministro da Defesa e o chefe da Armada ordenaram que continuemos empenhados na busca e não se fala de nenhum período definido, já que ainda não encontramos o submarino”, aponta Balbi.

O “fantasma” da corrupção

E sem sinais do submarino, as especulações quanto ao que aconteceu continuam. Já foi confirmada a existência de uma explosão a bordo da nave, bem como uma avaria nas baterias antes de se ter perdido todo o contacto com o submarino.

Agora, surgem reforçadas as suspeitas de que o ARA San Juan poderia não estar em condições de manter a sua actividade no mar. O jornal La Nación lembra as denúncias apresentadas por um antigo oficial da Marinha argentina, José Oscar Gómez, sobre alegadas irregularidades na reparação dos submarinos do país, entre os quais o ARA San Juan.

A denúncia resultou na expulsão do oficial da marinha e no arquivamento da investigação que foi aberta.

“As falhas técnicas das unidades da Armada têm ligação com a corrupção“, diz no La Nación José Oscar Gómez, realçando, porém, que não se sabe se foram essas as causas do desaparecimento do ARA San Juan.

O ex-oficial explica, ainda, ao mesmo jornal, que denunciou, entre 2004 e 2008, irregularidades “na contratação de empresas simuladas para trabalhos que eram feitos por marinheiros”.

Falando directamente do ARA San Juan, o La Nación refere que há suspeitas em torno da reparação do submarino, citando “baterias sem garantias” e “contratações pouco transparentes”.

Este diário lembra que as empresas alemãs Hawker e Ferrostaal foram encarregues de reparar as baterias do ARA San Juan, num contrato por ajuste directo que foi alvo de uma investigação do Ministério da Defesa da Argentina, sob suspeitas de “inúmeras manobras irregulares e tendenciosas”.

As duas empresas alemãs estiveram também envolvidas em suspeitas do pagamento de subornos, da ordem dos 3,5 milhões de euros, para ganharem um contrato público para projectar lanchas de patrulha. Este caso remonta à presidência de Cristina Kirchner.

O La Nación repara que o actual presidente, Mauricio Macri, também não terá dado a devida atenção a estes sinais de corrupção na marinha. Aos familiares dos tripulantes, o chefe de Estado argentino garantiu que o submarino partiu “em perfeitas condições”.

SV, ZAP //

3 Comments

  1. “….as empresas alemãs Hawker e Ferrostaal…”
    Olha, outra vez a Ferrostaal… afinal esses alemães tão civilizados e bonzinhos andaram mesmo a corromper meio mundo!!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.