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Transportes já rebentam pelas costuras (e ainda falta o passe família)

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Miguel A. Lopes / Lusa

Em Lisboa, comboios, barcos e autocarros estão sem capacidade de resposta como consequência do passe único que aumentou em 160 mil os utentes, mas também de algumas greves. A entrada em vigor do passe família está prevista para julho.

Dois meses depois do início do passe único, há mais 160 mil pessoas a utilizar os transportes públicos na zona da capital portuguesa.

As operadoras estão a ter dificuldades em responder a tanta procura. A solução imediata passou por aumentar a velocidade no metro e retirar bancos no comboio subterrâneo e na ligação ferroviária explorada pela Fertagus entre Lisboa e Setúbal. Agora, ambas as empresas estão a estudar uma alteração de horários para reforçar as horas de maior procura.

Para já, já se sente algum caos em Lisboa, e o passe família ainda nem sequer chegou. A entrada em vigor está prevista para o próximo mês de julho. Com este passem uma família pagará no máximo 80 euros (ou 40 no caso de só utilizar transportes num município), independentemente do número de pessoas do agregado.

Mas, segundo o Diário de Notícias, o aumento da procura não é o único problema sentido nos transportes públicos da capital. As greves ameaçam também a tranquilidade nestes serviços, principalmente na Soflusa e na Transportes Sul do Tejo (TST).

No caso da Soflusa, está agora prevista uma paragem dos maquinistas no início de cada turno no dia 18 de junho e os marinheiros também já entregaram um pré-aviso de greve válido para o dia 24. Já os TST têm cumprido greves de dois dias por mês – como estava a acontecer nesta terça-feira, mas agora suspensa depois de os trabalhadores terem decidido num plenário realizado esta manhã aceitar uma proposta da empresa de um aumento salarial para 685 euros em julho e agosto que passará para 700 entre setembro e novembro. Ao mesmo tempo as negociações com a TST continuam, avança o DN.

Dois meses de transportes sob pressão

Nos dois primeiros meses de passe único os pedidos de título de transporte subiram cerca de 20%, quando se compara abril e maio com os meses homólogos do ano passado. Em abril os passes ativos passaram de 554 mil (em 2018) para 623 mil e em maio esses valores subiram de 556 mil para 710 mi, de acordo com os dados enviados pela Área Metropolitana de Lisboa ao DN.

Mas o aumento da procura evidenciou outros problemas das empresas transportadoras, nomeadamente a falta de meios humanos e materiais para responder às solicitações, principalmente nas horas de ponta da manhã e da tarde. Além da falta de meios, acresce ainda as greves.

Para resolver estes problemas, a Fertagus já tem em teste um comboio em que retirou bancos, de forma a poder transportar mais passageiros em pé. Sistema idêntico também está em prática no metro de Lisboa.

No caso do metropolitano, a velocidade comercial foi aumentada para 60 km/hora, o que terá permitido aumentar a frequência dos comboios. Outra intervenção que está a ser estudada também na Fertagus, é a alteração dos horários.

Fonte oficial confirmou ao matutino que esta mudança pode passar por uma diferente distribuição dos comboios duplos nas horas de ponta e o reforço das ligações a Setúbal, tal como a antecipação da chamada hora de ponta da tarde.

ZAP //

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9 Comments

  1. É uma medida à PS. Vamos avançar com uma medida para ganhar alguns votos mesmo sabendo que não iremos investir em mais meios e por isso as pessoas ficarão estilo sardinha em lata.

  2. Não era exatamente este o objetivo? Aumentar o uso de transportes públicos em deterimento de viaturas privadas? Prnsei que era a solução de todos os problemas de mobilidade.

  3. Isto é um bocado como dizer. “Amanhã vamos dar pão a toda a gente” . Esquecem-se é de arranjar padeiros ou farinha para fazer tanto pão.
    Moral da história. Falar é facil , fazer é mais difícil

  4. Como sempre e à boa maneira portuguesa começa-se quase sempre pelo fim, neste caso primeiro optaram pela oferta nos preços sabendo à partida que isso iria aumentar o número de utentes e agora debatem-se com o problema da oferta em lugares, até já se opta por arrancar lugares sentados para aumentar espaço e por este andar possivelmente iremos ter pessoas em cima do tejadilho das carruagens e autocarros à boa maneira dos conterrâneos do nosso primeiro-ministro o que irá tornar isto cada vez mais próximo de um país asiático depois da entrada dos tuk-tuk.

  5. Nem sequer sou PS, mas vejo aqui uma oportunidade para que os transportes melhorem rapidamente. Neste caso, pode a medida pecar por falta de meios para a fazer cumprir em boas condições, mas vejo que, às vezes, é preciso alguma tempestade, antes da bonança. Não consigo criticar uma medida que veio dar uma chance de os transportes sofrerem uma revolução. E, por favor, aumentem os horários noturnos. Não faz sentido uma capital onde o metro acaba à 1h da manhã, e os comboios suburbanos, nomeadamente Fertagus, que liga as duas margens, acabar tão cedo. Há capitais onde nunca param. Pelo menos circularem até às 2:30 e retomarem às 5h.

    • bom ponto de vista, de visão optimista.
      mas já seria expectável esta situação, loge dever-se-ia tê-la considerado reduzindo, o mais possível, a redução da qualidade (pouca?) existente.
      Sem pessimismo partidariamente baseado temo que a situação possa piorar pois a capacidade de manutenção também é mínima e com o aumento da frequência, o material circulante vai começar a ceder.

  6. Fico muito satisfeita que alguém louve o otimismo e a sinceridade que não é movida por interesses patidários.
    Muitas coisas se têm conseguido pela introdução de medidas que, se bem pouco consistentes, por serem realmente importantes e inovadoras, acabam por vingar e transformar as sociedades.
    Sou apologista da oposição bem estruturada e justa, sem visar unicamente a subida ao poder, para, nas mais das vezes, os opositores irem fazer o mesmo ou pior. Vamos ser otimistas. Louvar o que é louvar e criticar de forma construtiva.
    O governo e as entidades privadas detentoras de transportes estão a ver o impacte brutal da redução drástica do preço do passe social. Não têm outro remédio senão ir resolvendo a crise que se gerou, ou o público não lhes perdoaria.
    Vamos contrariar as críticas maldosas e a vontade de destruir. Temos um país e um povo cheio de qualidades e coisas boas que tomaram muitos grandes

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