Numa altura em que as forças ucranianas têm registado vitórias contra as tropas russas, um relatório da Alemanha que sugere uma redução drástica da ajuda militar à Ucrânia.
De acordo com o influente Frankfurter Allgemeine Zeitung, a Alemanha planeia reduzir o seu apoio à Ucrânia em 94% nos próximos três anos, passando de 8 mil milhões de euros para apenas 500 milhões de euros até 2027.
Esta revelação provocou acusações de traição em Berlim e suscitou preocupações em toda a Europa.
Apesar da controvérsia, não houve qualquer desmentido oficial por parte do chanceler Olaf Scholz ou da coligação de centro-esquerda no poder. A realidade é que a Alemanha já planeava reduzir para metade o seu financiamento no próximo ano.
A Alemanha tem sido o maior apoiante europeu da Ucrânia, ficando apenas atrás dos Estados Unidos a nível mundial.
Na cimeira do G7, em junho, chegou-se provisoriamente a um acordo para utilizar 300 mil milhões de dólares em ativos russos congelados como garantia para um empréstimo de 50 mil milhões de euros à Ucrânia. No entanto, na perspetiva de Kiev, este esquema de empréstimo parece irrealista e oferece pouca segurança.
O sucesso da recente contraofensiva da Ucrânia parece ter apanhado Berlim desprevenida.
As tropas ucranianas têm galgado terreno russo, perturbando a Alemanha, onde as associações históricas com a “ofensiva de Kursk” – a maior batalha de tanques da história durante a Segunda Guerra Mundial – ressoam profundamente. Além disso, a propaganda de Putin tem pintado o governo de Zelenskyy como “nazi”, complicando ainda mais o envolvimento da Alemanha.
Em Moscovo, esta medida pode ser vista como um sinal para Putin esperar até que a Ucrânia esgote os seus recursos.
Dado o poder económico da Alemanha, este país poderia facilmente aumentar o seu apoio à Ucrânia, sublinha o jornal inglês The Telegraph. Os cortes previstos representam menos de 0,2% do PIB alemão de 5 biliões de dólares.
O potencial afastamento da Alemanha do apoio à Ucrânia surge numa altura crítica para a Europa. Os restantes países europeus parecem hesitantes em preencher o vazio deixado pela Alemanha.
Face à diminuição do apoio ocidental, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy poderá ser forçado a continuar a luta sozinho. No entanto, as ações da Alemanha podem pressionar a Ucrânia a negociar a paz nos termos de Putin. Uma vitória que, tendo em conta o atual panorama, cai que nem ginjas para o Presidente russo.
O Povo Alemão foi 100% clarificado sobre a situação e votou sobre apoios á continuação da guerra na Ucrânia?
Ou são apenas as elites a tomarem decisões por si próprios e a controlar a opinião publica com informação filtrada?
Miguel,
Cuidado com o que escreves que podes ser preso, não se diz “guerra”, diz-se “operação militar especial”.
Informação filtrada é o pão nosso de cada dia na Rússia e países afins. Na Alemanha, como no Ocidente em geral, há umas coisas chamadas Liberdade de Expressão e Liberdade de Imprensa. Toda a gente pode dizer, ouvir e acreditar ou não nas maiores patacoadas das redes sociais ou das reportagens e investigações dos media, mais ou menos livres. E as elites, seja em que lugar deste mundo for, têm sempre mais peso do que os zé-ninguem. Não tenha ilusões de que na Rússia, na Coreia do Norte ou na Venezuela é o povo que manda.
«Na Alemanha, como no Ocidente em geral, há umas coisas chamadas Liberdade de Expressão e Liberdade de Imprensa.» Talvez isto fosse, em parte, verdade num passado recente, mas já deixou de o ser, pelo menos nesta década e com tendência a piorar! De resto, neste particular, a Alemanha é, seguramente, um dos países europeus mais repressivos no que se refere à liberdade de expressão e liberdade de imprensa, como é bem ilustrado pelo recente caso da revista mensal alemã “Compact”, fundada em 2010 e cuja publicação foi suspensa há um par de meses, por ordem do Ministério do Interior, aguardando-se ainda uma decisão final do Tribunal Administrativo Federal. Em suma: não sei em que países o povo manda, mas NÃO é, comprovadamente, na República Federal da Alemanha!