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#Tradwives. Há um movimento de mulheres que querem ser donas de casa submissas ao marido

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As #tradwives decidiram deixar os seus empregos para se dedicar única e exclusivamente à casa e à felicidade da família, sobretudo do marido e dos filhos.

Fotografias de bolos acabados de fazer e outras iguarias preparadas em casa são algumas das coisas que vai encontrar se pesquisar nas redes sociais a hashtag #TradWife (“esposa tradicional” na tradução para Português).

Segundo a BBC, este é um movimento que está a crescer rapidamente na Internet e que, basicamente, junta mulheres de vários pontos do globo que querem voltar ao estilo da dona de casa tradicional e ultra-conservadora de outros tempos.

Alena Kate Pettitt tornou-se uma espécie de porta-voz deste movimento, sendo fundadora da plataforma online The Darling Academy. A britânica diz querer “ser submissa ao marido e mimá-lo como se estivesse em 1959”.

No seu blogue, explica a emissora britânica, Pettitt fala sobre “etiqueta, estilo de vida feminino, tarefas domésticas e como ser uma esposa tradicional” e defende, entre outras coisas, que “se uma mulher quer um casamento feliz, deve sempre colocar o marido em primeiro lugar”.

“Não quero que meu marido volte para casa depois de um longo dia de trabalho e precise de cozinhar, porque o meu papel é estar em casa, o meu trabalho é essencialmente fazer as tarefas domésticas”, diz à BBC.

Na mesma entrevista, a britânica admite que, nos anos 90, se sentia “uma estranha”. “As mensagens na altura eram: ‘Tens de brigar com os homens, sair de casa, da tua zona de conforto e ser independente’, mas eu sentia que tinha nascido para ser esposa e mãe. Identificava-me muito com os antigos programas de televisão das décadas de 50 e 60”.

Aos 20 anos, Pettitt diz que era “a típica mulher focada na carreira”. “Fui morar para Londres e trabalhei muito porque a cultura daquela época, refletida em séries como ‘Sexo e a Cidade’, era de que isso era fantástico e libertador”.

Nas redes sociais, a inglesa percebeu que havia um movimento “quase clandestino” de mulheres que se sentiam como ela. Foi assim que surgiu o Darling Academy.

The Darling Academy / Instagram

Alena Kate Pettitt, uma das porta-vozes do movimento #TradWife

Ato de feminismo?

De acordo com o El País, o livro Fascinating Womanhood, publicado em 1963 por Helen Andelin, converteu-se numa espécie de bíblia para estas mulheres. Em 2018, Dixie Andelin Forsyth relançou o livro da mãe e tem criado, desde então, oficinas de feminilidade que já foram frequentadas por cerca de 100 mil mulheres.

Entre os temas das aulas incluem-se, por exemplo, “instruções para não vestir roupas amarrotadas, como comer pizza sem parecer lésbica e como comportar-se para atrair e manter um homem”.

Tendo dado várias entrevistas nos últimos tempos, Pettit tem sido criticada pelas suas declarações, sobretudo depois de assumir que a sua escolha de vida também pode ser considerada um ato feminista.

“A minha opinião sobre o feminismo é que se trata de escolhas. Se se diz que a mulher deve entrar no mundo do trabalho e competir com homens, mas não pode ficar em casa, estão a tirar-me essa opção”, explica à BBC.

“Acho que ser uma esposa tradicional é investir no nosso marido, na nossa família e inspirá-los a serem as melhores pessoas possíveis. É algo totalmente altruísta”, considera.

Além disso, nos Estados Unidos, o movimento #TradWife está a ser associado a movimentos supremacistas brancos e masculinos de extrema-direita.

Annie Kelly, investigadora do impacto das culturas digitais anti-feministas e de extrema-direita, analisou este fenómeno num artigo publicado no jornal New York Times, no qual explica como esta mensagem “não é particularmente nova dentro da extrema-direita” e considera que o nascer deste movimento está relacionado com a atual incerteza económica e política e a crescente insatisfação com a vida moderna.

Dixie Andelin Forsyth, por sua vez, argumenta que o ressurgir da esposa tradicional  se explica pelo facto de “as mulheres no Reino Unido, e em outros lugares, já terem tido feminismo suficiente“. “Agradecemos às feministas pelas calças, mas olhamos para a vida de uma forma diferente”, disse ainda.

Segundo o jornal espanhol, as críticas nas redes sociais não se fizeram esperar. É o caso da advogada Ann Olivarius que, no Twitter, escreveu: “Não apenas as calças, querida. A conta bancária no teu nome, o teu direito de voto e a proibição do teu marido te poder violar e bater. Só para citar algumas coisas”.

ZAP //

8 Comments

  1. Isso nada mais é do que uma adaptação feminina que estão à beira da decadência de sua beleza física e tentam achar um homem provedor no final do segundo tempo.
    Homens não caiam nessa

  2. Ridículo. Em 2020!!! Ridículo
    “O feminismo é uma opção”
    “Acho que ser uma esposa tradicional é investir no nosso marido, na nossa família e inspirá-los a serem as melhores pessoas possíveis. É algo totalmente altruísta”
    O caminho de cada um, Homem ou Mulher, é uma opção.
    A escolha do caminho de uma Mulher, é graças à luta de muitas Mulheres que o tornaram possível.
    A senhora tomou uma opção. A que tem todo o direito de o fazer. Não pode caracterizar e definir a sua escolha como “Esposa Tradicional”.
    Respeita todas as Mulheres que permitiram tomares essa escolha
    Não tem o direito de limitar e reduzir a Mulher a um estereótipo. E tão ridículo
    Tem noção do impacto? Tem noção toda as lutas diárias das Mulheres vão retroceder anos?
    Tem noção que o número de Mulheres que voltaram a sofrer abusos é graças a voltar a estereótipos antigos?
    Quer viver para o Marido, que o faça.
    Não passe a ideia que é a função de uma Mulher

  3. E vai pagar a casa, o carro, as contas todas e a educação de duas ou três crianças tudo sozinho? Mais as roupas, o cabeleireiro e as despesas da princesa?
    É que repare, na maior parte dos casais trabalham ambos, porque têm de pôr comida na mesa, não é por não se amarem tanto ou por não quererem saber dos filhos ou da casa.

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