Quando Eusébio faleceu, logo surgiu uma espécie de consenso para que o seu corpo fosse trasladado para o Panteão Nacional. Desde lá, várias vozes se levantaram para garantir que outras figuras históricas também tenham o seu lugar no monumento. Esta semana foi a vez da defesa do Salgueiro Maia.
Depois de Sophia de Mello Breyner e Eusébio, é a vez do Salgueiro Maia entrar na “fila” para entrar no Panteão Nacional.
Tudo começou esta terça-feira, quando o socialista Manuel Alegre apelou a todos os deputados para que aprovem a trasladação do corpo do capitão de Abril Salgueiro Maia para o Panteão Nacional, no âmbito do 40º aniversário do 25 de Abril.
A trasladação seria a “homenagem nunca prestada” ao “herói e símbolo do 25 de Abril Salgueiro Maia”, afirmou Manuel Alegre durante o seu discurso na “sessão cívica em defesa da Constituição, da democracia e do Estado social”, que teve lugar, ao final da tarde de ontem, no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra.
Esta quarta-feira, Eduardo Lourenço também se juntou à causa: “Não tenho nada contra. Se querem representar o 25 a por alguém que teve uma atitude que foi importante para o triunfo desse movimento, porque não? Estará lá melhor do que outros”, afirmou aos jornalistas no final de um almoço-conferência na associação 25 de Abril, em Lisboa.
Quem também se juntou à “claque” foi Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril. “Nós já tivemos essa ideia, lançámos a ideia, mas as dificuldades foram tão grandes, as burocracias eram tantas, que nós decidimos não formalizar uma proposta concreta”, afirmou aos jornalistas.
“Achámos também que não devem ser os militares de Abril a avançar com este tipo de propostas”, acrescentou Vasco Lourenço, que considerou que deve ser “o poder” a promover a iniciativa. No entanto, o presidente da Associação 25 de Abril não espera esse gesto do atual Governo: “o atual poder não tem nada a ver com o 25 de Abril, antes pelo contrário, tem feito tudo para procurar destruir o 25 de Abril”, argumentou. Para Vasco Lourenço, assumir o 25 de Abril é também assumir que um seu representante deve estar no panteão nacional.
Quem está no Panteão?
O Panteão Nacional, localizado em Lisboa na Igreja de Santa Engrácia, em Santa Clara, acolhe os túmulos de grandes personalidades da história portuguesa.
Entre as figuras ilustres aí sepultadas, encontram-se sobretudo presidentes da República e escritores, além do general Humberto Delgado e de Amália Rodrigues, a única mulher presente. É a estes nomes, portanto, que se irá juntar, entre abril e julho deste ano, a escritora Sophia de Mello Breyner e, posteriormente, o jogador de futebol Eusébio.
Atualmente, as personalidades sepultadas no Panteão Nacional são:
- Almeida Garrett, escritor e político (1799-1854), trasladado em 1966
- Guerra Junqueiro, escritor (1850-1923), trasladado em 1966
- João de Deus, escritor (1830-1896), trasladado em 1966
- Óscar Carmona, presidente da República (1869-1951), trasladado em 1966
- Sidónio Pais, presidente da República (1872-1918), trasladado em 1966
- Teófilo Braga, presidente da República (1843-1924), trasladado em 1966
- Humberto Delgado, opositor ao Estado Novo (1906-1965), trasladado em 1990
- Amália Rodrigues, fadista (1920-1999), trasladada em 2001
- Manuel de Arriaga, presidente da República (1840-1917), trasladado em 2004
- Aquilino Ribeiro, escritor (1885-1963), trasladado em 2007
Além das sepulturas, é possível encontrar também memoriais de heróis da História de Portugal, tais como Nuno Álvares Pereira, o Infante D. Henrique, Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Vasco da Gama e Afonso de Albuquerque.
Em Coimbra, o Mosteiro de Santa Cruz, que também tem o estatuto de Panteão Nacional, acolhe os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal: D. Afonso Henriques e D. Sancho I.
Aline Flor, ZAP (com Lusa)
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