O primeiro debate entre os 10 candidatos à Presidência da República decorreu nesta segunda-feira de manhã, na Rádio Antena 1, com os temas da dissolução do Governo e do Banif como tópicos mais quentes.
E entre a maioria dos 10 candidatos a Belém, quase todos refutam a possibilidade de demitir o governo no caso de este não cumprir as metas do défice, as promessas eleitorais e os tratados internacionais.
Marcelo Rebelo de Sousa, o candidato favorito nas sondagens, alinha pelo não recurso à já chamada “bomba atómica” dos poderes presidenciais, justificando que “a Constituição vale mais do que o direito todo”.
E, mesmo face à crise de 2013 na coligação PSD-CDS, o professor diz que “teria tido muita dificuldade em dissolver a Assembleia da República nas circunstâncias em que estávamos”.
“Não basta um conflito político para demitir um Governo”, constata Marisa Matias que diz que demitiria o Governo se este perdesse maioria.
Maria de Belém alinha por esta tendência e realça a importância do Presidente da República para a “estabilidade” governativa, considerando que a dissolução do Parlamento só faria sentido em caso de ingovernabilidade.
Edgar Silva fala mesmo em “obsessão pelo cumprimento das metas do défice” e recusa demitir um governo por causa deste argumento.
Na mesma linha seguem Cândido Ferreira e Sampaio da Nóvoa que, contudo, refere que dissolveria o Parlamento após a crise de 2013.
O mesmo faria Henrique Neto considerando que a dissolução faz sentido se estiver em causa “o futuro dos portugueses”.
Já Paulo Morais mostra-se favorável à demissão do governo perante um Orçamento inconstitucional.
E apenas Tino de Rans se assume peremptório, garantindo que demitiria o governo no caso de este não cumprir o programa eleitoral.
Jorge Sequeira prefere ir ao mundo do futebol buscar a ideia de que “quando um treinador não tem resultados deve ser demitido”.
O primeiro debate que juntou todos os candidatos às presidenciais de 24 de Janeiro abordou ainda o caso Banif com Tino de Rans, Paulo Morais, Jorge Sequeira, Edgar Silva, Marisa Matias e Henrique Neto a criticarem a solução encontrada e a mostrarem-se contra o Estado assumir os custos das falências bancárias.
Já Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa e Cândido Ferreira se mostraram favoráveis à forma como o Executivo de António Costa interveio no Banif.
No próximo dia 19 de Janeiro haverá novo debate a 10, mas desta feita na televisão.
SV, ZAP
Marcelo a incomodar tantos candidatos a nada, entre jardineiros e camareiras alguns destes candidatos ainda poderão ir até Belém ao serviço de Marcelo.
Estrategicamente a posição “todos contra Marcelo” parece-me contraproducente e só vai dar força à sua candidatura. Era importante que cada candidato se empenhasse de forma clara em apresentar as suas ideias para o país no âmbito das competências que a Constituição atribui ao Presidente da República. Doutra forma o efeito será uma desmobilização do eleitorado e um aumento da taxa de abstenção, o que, sinceramente, não augura nada de bom para a democracia, que temos o dever de preservar e cultivar no nosso dia a dia.