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May enfrenta moção de censura do próprio partido e pode cair hoje

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David Levenson / Pool

Os ingleses foram acordados esta manhã com a notícia de que Theresa May vai enfrentar uma moção de censura esta quarta-feira por parte do próprio grupo parlamentar conservador.

O anúncio foi feito por Graham Brady, responsável pelo Comité 1922, que tem como incumbência receber as cartas de deputados conservadores que queiram ativar o processo. Ao serem recebidas 48, o processo é aberto – que aconteceu esta madrugada. A votação irá decorrer ainda esta quarta-feira e, se Theresa May for derrotada, será automaticamente substituída por um novo líder que os conservadores elejam.

Theresa May esteve a percorrer várias capitais europeias a tentar uma renegociação urgente do acordo, cuja votação foi adiada uma vez que teria sido chumbado no Parlamento.

Enquanto isso, alguns membros do partido conservador estiveram a movimentar-se nos bastidores no sentido de levar pelo menos 48 deputados do partido a comunicarem a perda de confiança na liderança do governo. O deputado Jacob Rees-Mogg, eurocético conhecido pela sua postura a favor de um hard Brexit — deu início a este processo, entregando a primeira das 48 cartas a pedir uma moção de censura.

De acordo com o Observador, os procedimentos do dia já estão agendados, avançou Graham Brady. Ao 12h00, vai acontecer o debate semanas no Parlamento; às 14h00, a primeira-ministra britânica vai reunir com o Conselho de Ministros; e às 17h com o Comité 1922. A votação da moção de censura tem início às 18h00, estando o anúncio dos resultados previsto para pouco depois das 20h00.

Theresa May não se admite

A primeira-ministra já falou sobre a situação, num púlpito à frente da porta da sua residência oficial.

Vou contestar a moção de censura”, anunciou Theresa May. “Vou lutar contra esta moção com todas as forças que tenho.”

“Decidi candidatar-se à liderança porque queria um futuro melhor, uma economia forte, um país onde ninguém fica para trás”, começa por explicar, em jeito de balanço. “Neste momento crucial da nossa História, isso significa conseguir o Brexit mas ter um acordo com a União Europeia.”

Theresa May disse que, durante o dia de terça-feira, esteve reunida com a chanceler alemã Angela Merkel, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e o presidente da comissão europeia, Jean-Claude Juncker. “Estamos a fazer progressos”, avançou.

May relembrou que um novo primeiro-ministro teria de suspender ou alargar o período da entrada em vigor do Artigo 50 – que prevê a saída do país da UE a 29 de março de 2019 – , e que isso iria “contra a vontade expressa do povo”.

“Os conservadores não podem ser um partido de um tema só. Nós somos o partido de toda a nação”, disse Theresa May. “Moderados, pragmáticos, mainstream. Comprometidos em unir o país e construir um pais que funciona para todos”, continuou. “Quero cumprir o Brexit pelo qual as pessoas votaram e construir um país que funciona para todos.”

“Semanas passadas a lutarmos internamente só nos enfraqueceria”, declarou, deixando mais uma vez claro porque recusa a hipótese de suspender o processo do Brexit ou realizar um segundo referendo. “Continuo de pé, pronta para acabar este trabalho”, finaliza a primeira-ministra.

A votação secreta da moção de censura está entregue ao Comité 1922, o grupo parlamentar do Partido Conservador. Para vencer, Theresa May precisa de garantir o apoio de metade dos deputados mais um, ou seja, uma maioria simples – 158 votos.

Para já, pelo menos 48 conservadores (15% do total) entregaram cartas com o pedido oficial para a saída de May, mas só Graham Brady sabe exatamente quantos e quem foram. Se vencer, May garante imunidade — não poderá voltar a ser sujeita a uma moção de censura durante o próximo ano.

ZAP //

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